Um caso recente de suicídio envolvendo uma brasileira em Dublin nos chamou a nossa atenção para um tema muito presente na Irlanda e que precisa ser levado às mesas de discussões – os altos índices de suicídio no país. Reunimos alguns dados da ONU e convidamos a psicóloga e coach especializada em intercâmbio, Lilian Sousa, para falar um pouco sobre o tema.
Saúde mental é questão pública e os números assustam. Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem no mundo a cada ano por suicídio, 1 pessoa a cada 40 segundos, o que equivale a uma média de 11,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes e a segunda causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Neste triste quadro, a Irlanda ocupa o 4º lugar da Comunidade Europeia com o maior número de casos entre adolescentes e o Brasil a oitava posição mundial, com uma morte a cada 45 minutos. Apenas 28 países possuem algum plano preventivo.
Ainda de acordo com a OMS, os motivos são inúmeros, normalmente com fundamento em frustrações e crises emocionais como abuso, problemas financeiros, relacionamentos mal resolvidos, dores e doenças crônicas, juntamente com depressão, uso abusivo de drogas, álcool e medicamentos. Os grupos de vulneráveis, tais como refugiados e migrantes, indígenas, regiões de conflito, LGBT e prisioneiros estão entre os maiores casos.
Além dos casos fatais, inúmeras pessoas tentam acabar com a própria vida e acabam acidentadas e com marcas na alma que nem sempre cicatrizam. De outro lado, 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados. Com notícias do tipo se espalhando pela imprensa – menos até do que ocorrem, de fato -, fica a pergunta: por quê?
Além dos fatores citados, condições climáticas que inibem a prática de atividades outdoors ou causam apatia em algumas pessoas e, em casos mais extremos, podem contribuir para o quadro depressivo, a chamada depressão de inverno (transtorno afetivo estacional), também podem influenciar.
“A falta de luz solar influencia no humor e comportamento das pessoas”, revela Lilian Sousa, psicóloga e coach de intercambistas. Além disso, é preciso observar situações nas quais a pessoa tende a ficar mais em casa, evitando o convívio com amigos e buscando isolamento. “São aspectos que indicam sintomas de depressão ou outros distúrbios emocionais”, conta.
Para Lilian, quem não tem uma visão de progresso, como depois do alto investimento emocional e financeiro no intercâmbio, por exemplo, tem suas expectativas frustradas, crise de identidade e pode levar ao desequilíbrio emocional, depressão e até ao suicídio em casos mais graves.
Para aqueles que querem fugir de situações que levam ao blue mood ou baixo astral, a psicóloga indica manter sempre o foco em encontrar um sentido para vida, se sentir desafiado sempre e em busca de progresso. “Porque as mudanças são inevitáveis e o progresso uma decisão”, completa.
São sintomas de depressão, tristeza recorrente, crises emocionais e de choro, isolamento (não ter interesse em sair de casa, conhecer novos lugares ou pessoas – o que seria “esperado” durante o intercâmbio), apatia e falta de propósito, dormir muito (como fuga) e reclamar que não vê sentindo para vida. Assim, se você perceber algo do tipo, busque ajuda.
Dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Combate ao Suicídio e há no Brasil a campanha Setembro Amarelo, com diversos eventos relacionados ao tema e políticas de prevenção. Na Irlanda, há políticas públicas para apoio a esses casos e muitas instituições atuam em campanhas preventivas como a Suicide Ireland ou a National Suicide Research Foundation. Já no Brasil, o CVV, que existe há 55 anos e conta com mais de 70 postos e cerca de 2.000 voluntários no País, está entre as principais instituições de combate ao suicídio.
Imagens via Depositphotos
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