Irlanda investe em defesa aérea em meio a alertas de conflito na Europa feitos pela França

Nesta semana, o chanceler francês Jean-Noël Barrot alertou sobre o maior risco de guerra na Europa em décadas.

Já a Irlanda confirmou um investimento de € 2,5 bilhões para a aquisição de caças de combate e a implementação de seu primeiro sistema nacional de vigilância aérea.

A decisão marca uma mudança histórica na política de defesa do país, que por 25 anos confiou no Reino Unido para a proteção de seu espaço aéreo.

O alerta emitido pelo chanceler francês reflete a intensificação das tensões no continente, impulsionadas pela permanência do conflito na Ucrânia e pelo aumento das hostilidades entre a Rússia e a OTAN.

Segundo Barrot, “a ameaça está se aproximando e a linha de frente está cada vez mais próxima”, destacando a urgência de reforços na segurança europeia.

Mudança na Estratégia Irlandesa

Historicamente neutra, a Irlanda tem revisto sua estratégia de segurança diante do novo cenário global.

O plano de investimento anunciado pelo governo busca ampliar a autonomia militar do país por meio da aquisição de aeronaves de combate e da criação de um sistema nacional de radares.

Entre as principais medidas previstas estão:

• Aquisição de caças: Pelo menos oito aeronaves serão adquiridas para garantir a capacidade de policiamento aéreo 24 horas por dia, com a possibilidade de ampliação para 12 a 14 caças.
• Base de Operações em Shannon: Os aviões serão alocados no Aeroporto de Shannon, pois a base militar de Baldonnell, em Dublin, não possui infraestrutura adequada para aeronaves de combate.
• Investimento financeiro: Os custos serão distribuídos ao longo de 20 a 25 anos, com um gasto anual estimado entre € 60 e € 100 milhões.
• Treinamento de pilotos: A preparação dos pilotos ocorrerá no exterior, enquanto a manutenção das aeronaves será terceirizada.
• Sistema de radares: Previsto para cobrir 370 km, o sistema será completamente operacional até 2028.

Busca por Maior Autonomia

Desde 1998, a Irlanda não possui caças próprios e tem contado com um acordo bilateral sigiloso com o Reino Unido para sua defesa aérea. Contudo, o crescente clima de instabilidade global levou o governo irlandês a reconsiderar sua dependência de aliados externos.

O investimento ocorre em um contexto de reforço militar em toda a Europa, com diversos países da União Europeia ampliando suas capacidades defensivas diante do risco de uma escalada do conflito no leste europeu.

A Irlanda, que por décadas manteve uma posição neutra, agora se prepara para um novo panorama geopolítico no qual a segurança continental exige maior independência militar.

A decisão da Irlanda reflete um movimento maior dentro da Europa, onde até mesmo países tradicionalmente neutros estão fortalecendo suas defesas.

Se antes o país dependia do Reino Unido para garantir sua proteção aérea, agora avança em direção à soberania em defesa, preparando-se para um futuro de incertezas e potenciais ameaças.