Se tem um coisa que aprendemos quando fazemos as malas e saímos pelo mundo, é sobre o leque de oportunidades que surge à nossa frente. Caem por terra todos os modelos pré-estabelecidos, o óbvio e, principalmente, o previsível. O post convidado de hoje chega para mostrar um jeito interessante de empreender.
Fugindo das convenções engendradas e do roteiro básico (casa + trabalho + casa), a jovem Edite Amorim mostra que é possível pensar “fora da caixa” e criar um jeito diferente de trabalhar. No seu caso, a fórmula é a mobilidade: seu escritório pode ser qualquer café simpático pelo mundo! As ferramentas? Um laptop sempre em punho, muita criatividade e sempre pensando grande!
Por Edite Amorim, da Thinking Big
Escrevo esta crônica na cafeteria da Fundacão Joan Miró, em Barcelona. Sentei-me com o cortado ao lado – tirei o computador e o caderno da mochila depois de ver rapidamente a exposição e de sentir as ideias para esta crônica chegarem espontaneamente.
Este é o processo que me tem acompanhado há tantos anos – todos os que tenho de freelancer: fazer escritório de qualquer lugar, receber inspiração de todo lugar. Um espaço agradável para sentar, conexão internet, o caderno e uma caneta preta. Se puder acrescentar algo, seriam alguns post-its coloridos. Pronto! O escritório está montado nos lugares onde a vontade de trabalhar se manifestar.
Já trabalhei para uma empresa. Já pensei em trabalhar para várias. Mas ao longo dos anos, a conclusão é sempre a mesma: a instabilidade, a precariedade, a necessidade de planificação enorme e a imprevisibilidade do caminho freelancer são compensados largamente pela flexibilidade, liberdade e sensação de criação constante dadas por esta forma de “inventar” o trabalho a cada dia.
Os recursos estão online e à minha volta. Online encontro as redes sociais, onde divulgo o meu trabalho (Facebook, LinkedIn, Twitter, Youtube), as ferramentas em que crio uma colagem de fotos, como o Canva, onde recolho e guardo artigos ou vídeos de apoio, onde preparo as faturas ou através das quais me comunico com os clientes ou colegas de todo o mundo, como o Skype. Tudo dentro deste computador pequeno, que sempre me acompanha.
E à minha volta estão os amigos com quem partilho pontos de vista diferentes, os colegas de várias áreas que encontro em eventos como as Creative Mornings ou outros eventos abertos, de áreas de interesse distintas; em conferências da minha área; em coffices (café + office) onde vários freelancers trabalham separados, mas juntos de alguma forma.
Os clientes chegam de maneiras diferentes. Uns porque leram um artigo que escrevi para uma revista; outros porque os contatei através do LinkedIn só porque gostava da forma como apresentavam o seu trabalho; outros porque me viram presencialmente em alguma conferência aberta ou em algum vídeo no meu canal do YouTube.
Quase sempre de formas mais espontâneas, mais coerentes com um caminho mais centrado em “produzir e divulgar o que faço” do que em “vender o que quero fazer”.
Custa e demora mais, é certo, mas os projetos que surgem transformam os clientes em pessoas-com-quem-tomar-um-bom-café e partilhar mais do que faturas e necessidades de empresa. Criam-se relações entre duas partes que, antes de serem profissionais, são pessoas. E com pessoas é sempre mais fácil, direto e interessante desenvolver projetos.
É por elas, pelas pessoas, que me movo. Raramente, uma empresa me contrata pelo que faço, mas pelo que sou. E é nessa relação de proximidade que nasce a confiança suficiente para me levarem a apresentar uma formação em Moscou, para apresentar um workshop em Estocolmo ou uma palestra em São Paulo. E viajar entre os países torna-se algo comum e simples. Implica apenas a deslocação de uma pessoa e nenhum tempo é perdido, já que os transportes são também oportunidades de continuar a preparar um PowerPoint ou terminar um artigo.
E depois há os imprevistos. Os negativos, como o estar muito tempo sem projetos – ou ter vários projetos ao mesmo tempo,que trazem stress excessivo e pouco tempo de respirar. E os positivos, como encontrar colegas que colaboram num projeto no qual se pensa há muito tempo sem saber como implementar.
Não sei se desse lado, do de quem lê, fica mais a ideia de facilidade ou dificuldade. Não sei se devo frisar que, obviamente, nem tudo é fácil, ou se devo destacar que, apesar de muitas vezes ser complicado, é uma forma bonita e compensadora de viver uma profissão que se escolhe.
Quis, sobretudo, levar cada leitor numa viagem por dentro do que é o dia a dia inventado diariamente, do que é ser freelancer empreendedor, de mala nas costas. Com os recursos que vão na mala, as dificuldades ultrapassadas e uma resistência de pôr a paciência à prova. Numa viagem que faz com que um texto comece num museu e acabe num balcão de um bar onde se pede uma caña.
Sobre a autora:
Revisado por Tarcísio Junior
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