Agenda Cultural

Johnny Hooker se apresenta em Dublin nesta sexta, 17 de junho

O cantor e compositor pernambucano Johnny Hooker apresenta show único nesta sexta-feira, 17 de junho, no Sugar Club, em Dublin, estreando sua Estandarte Tour pela Europa.

Lançando seu novo álbum ØRGIA, Hooker também leva ao palco sucessos de outros álbuns como Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito! (2015) e Coração (2017). Os ingressos estão à venda!

Johnny Hooker, que tem descendência irlandesa, conversou com o edublin sobre sua família no país, como será sua passagem na Irlanda pela segunda vez, além de falar sobre sexualidade, carreira e composição.

Confira alguns trechos neste artigo e a entrevista completa no canal do edublin no YouTube que você pode assistir abaixo:

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Como está sendo a preparação para sua nova turnê europeia?

Eu estou muito empolgado de poder viajar o mundo de novo, encontrar as pessoas, de poder tocar, fazer show, estar no meio da bagunça que a gente gosta. Ao mesmo tempo que a gente volta para um mundo meio duvidoso, a pandemia foi quase como se fosse uma guerra. A dinâmica está diferente. Estou achando mais difícil fazer música, mais difícil circular.

Você fez show em 2019 em Dublin, também em junho, que é o mês da pride. Agora você volta também neste mês, trazendo em sua música e personalidade LGBTQIA+ do Brasil para o exterior. Como é isso?

Eu acho muito importante e relevante que um artista LGBTQIA+ do Brasil, que é um país muito homofóbico, muito atrasado civilizatoriamente, venha para celebrar as nossas identidades, nossas liberdades, nosso amor, mas também mostrar que a situação do país é crítica e não tem sinal nenhum de que vai melhorar. Então acho que tem esses dois pesos.

Sua música é uma pluralidade de estilos do Brasil. Como é para você trazer todas essas referências brasileiras para o público internacional?

Turnê europeia começa em Dublin. Imagem: Divulgação

Quando a gente viaja com música brasileira pelo mundo a gente percebe o quanto a gente é desvalorizado aqui (no Brasil). As pessoas ouvem e falam: “quanta riqueza, a música brasileira é muito chique, muito plural, muito diversa”. E tendo nascido no Recife, que é um lugar muito plural, isso se manifestou na minha música muito naturalmente. Lá a gente tem o brega, o forró, no Nordeste tem axé, maracatu, são muitos estilos. Não só eu, mas outros artistas da minha geração, são muito heterogêneos. Ser brasileiro é passear por esses ritmos, a nossa unidade é ser esse Carnaval de estéticas diferentes.

Você tem uma conexão forte com a Irlanda, o seu avô era irlandes. Você acredita que a Irlanda também tem influência na sua vida, na sua música?

Acho que tem sim. É como na música do Morrissey que ele fala: “Irish blood, English heart”. A minha é: “Irish blood, sertanejo heart”. Porque meu avô era irlandês e meus avós por parte de pai são sertanejos, do sertão do Nordeste. É uma mistura de duas culturas muito intensas, muita passionalidade. São dois povos que foram historicamente muito oprimidos, com uma consciência política forte. E isso super se traduz no meu trabalho. Acho que não poderia ser diferente.

Você acabou de lançar um álbum, ØRGIA, e tem mistura de ritmos e temas. Existe uma identificação forte das suas letras com a comunidade LGBTQIA+ também. Isso tudo é estudado por você ou pura inspiração?

Novo álbum de Johnny Hooker, ØRGIA, foi lançado na semana passada. Foto: Divulgação

Acho que vem natural. A ideia da música, o ritmo, a estética da música vem se anunciando, junto com a música. Sobre se identificar, é, também, por ser um trabalho sem rodeios. O que choca as pessoas no meu trabalho é que é muito verdadeiro. Eu não estou fazendo metáforas, não estou escondendo que é uma música gay, que sou gay, é um tapa na cara. Como Madonna colocou a frase do James Baldwin no seu show Madame X: “os artistas estão aqui para perturbar a paz”. As pessoas precisam que coloquem o dedo na ferida, precisam ser chacoalhadas.

Ouça o novo álbum de Johnny Hooker, ØRGIA.
Clique aqui!

Show com Johnny Hooker – Estandarte Tour 
Sexta-feira, 17 de junho, às 20h

Local: The Sugar Club
8 Leeson Street Lower,
Saint Kevin’s,
Dublin,
D02 ET97
Ingressos disponíveis aqui!

Rubinho Vitti

Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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