MBA na Irlanda: É possível para brasileiros?

Quando cheguei em Dublin no início de 2014, o plano era estudar inglês por seis meses e voltar para o Brasil. Porém, com boas perspectivas na Ilha Esmeralda, o plano acabou mudando e cá estou, mais de três anos depois. O que me fez mudar de ideia? A possibilidade de fazer uma especialização na Irlanda e melhorar minhas oportunidades.

Minha formação no Brasil era Comunicação, com especialização em Marketing. Queria fazer um mestrado em algo mais voltado para Estratégia de Negócios e Gestão de Projetos. A opção que melhor se encaixou às minhas necessidades foi o MBA. No Brasil, ele tem um perfil de pós-graduação, pela carga horária e estrutura dos módulos. Na Europa, assim como nos Estados Unidos, o Master of Business Administration tem uma visão mais abrangente, sendo mais pesado e entrando no Nível 9 na tabela educacional irlandesa.

Prepare-se

Prepare-se para o exame de proficiência e outras documentações. Crédito: Ang Wee Heng John – Dreamstime

Quando comecei a escolher a universidade, precisei me preparar para o teste de proficiência que as universidades solicitam, o IELTS – e a nota mínima é 6,5. O exame se divide em listening, interpretação de texto (Reading), redação (writing) e conversação (speaking). Você tem 2 horas e 55 minutos para a realização. Faça simulados diários com o tempo cronometrado, assim você sabe o que precisa melhorar. A maior parte das universidades oferece o teste gratuito, o que pode ser uma boa opção para economizar e também para encaixar na sua agenda, já que em algumas épocas do ano (normalmente quando mais precisamos) o IELTS não tem disponibilidade na agenda. Outra coisa que você vai precisar fazer é a tradução juramentada do seu histórico escolar, provando que está apto para cursar o que deseja.

Mas e o preço?

Algumas universidade irlandesas flexibilizam o pagamento para não europeus. Crédito: Dreamstime, Natallia Khlapushyna

Quando passei para a fase da procura de valores dos cursos aqui, me assustei. Por não ter passaporte europeu, os preços eram muito altos, chegando a €20.000,00 nas melhores universidades do país (algumas universidades cobram o dobro para alunos não-europeus – sempre confirme se o preço do site é para alunos europeus e cursos full-time, que são os que estudantes não-europeus devem fazer). Depois de muita pesquisa, encontrei universidades que tinham formas de pagamento mais flexíveis. Então a principal dica que eu posso dar a você que está pensando em fazer um curso superior na Irlanda é: faça uma listagem de todas as universidades que oferecem o curso que você tem interesse e vá “de porta em porta” analisando preços e formas de pagamento.

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Muitas oferecem formas de pagamento mais flexíveis, podendo pagar enquanto você está estudando. Os únicos requerimentos que todas as universidades têm são: a quitação do curso até o fim das aulas e, se o curso tiver um valor superior a €6.000,00, a imigração exige o pagamento de pelo menos €6.000 antes do início das aulas – normas do próprio governo. E atenção aqui, o barato às vezes saí caro! No caso de cursos superiores de nível 7 e 8, o estudante tem uma extensão de 1 ano no visto de trabalho, o chamado 1G. No nível 9, você tem direito ao visto por dois anos (lei já regulamentada pelo governo irlandês). Algumas universidades muito baratas não possuem os pré-requisitos para esse visto e a imigração não autoriza a permanência depois do curso. Analise a universidade que você escolher, entre em comunidades no Facebook, entre em contato com ex-alunos no LinkedIn, pesquise! Você verá onde eles estão trabalhando e se o investimento vale a pena!

Estudo universitário e trabalho: Pode?

Saiba escolher bem a faculdade para se beneficiar o programa de trabalho pós curso. Crédito: Dreamstime © Anyaberkut

Isso nos leva a mais uma dúvida constante entre os brasileiros: É possível trabalhar enquanto se está na universidade por aqui? A resposta é depende. Depende do quanto você está disposto a sacrificar sua vida social. No caso do mestrado, a carga horária é pesada – temos aulas de 3 a 5 vezes por semana. Mas a quantidade de horas que você precisa estudar fora da sala de aula é muito maior. A quantidade de trabalhos e exames é grande, e o fluxo de matérias é alto. É necessário revisar diariamente para acompanhar. Após o fim das aulas, a dissertação também demanda muita pesquisa e tempo para ser feita. A conta é básica: se fazer um mestrado na sua língua nativa é difícil, você vai acabar demorando o dobro do tempo no início das aulas para escrever o mesmo texto em inglês. Mas na minha sala, por exemplo, a maior parte dos alunos trabalhava e apesar da correria do dia a dia, demos conta do recado.

A dica para essa fase é organização! Verifique o calendário de aulas semestrais que são liberados no início do curso e faça um calendário semanal de suas atividades. Você pode trabalhar nos finais de semana, mas não aconselho a trabalhar mais de três dias por semana.

Lembre-se que quando você está na universidade, principalmente em outro país, você tem a oportunidade de conhecer muita gente que pode te ajudar na sua carreira. Invista nos estudos, vale a pena. Depois que terminar a faculdade, você terá tempo para ganhar dinheiro.

Boa sorte, e bons estudos!

Sobre a autora:
Catarinense de nascença e curitibana de criação, Ariadne Suszek mora em Dublin há mais de três anos. Curiosa e apaixonada por pessoas, marketing e diferentes culturas, tem a sorte de reunir todas essas paixões trabalhando na Guinness Storehouse, onde conhece pessoas de todas as partes do mundo. Em breve, termina seu MBA em Gerenciamento de Projetos e não vê a hora de começar a trabalhar nos seus próximos projetos de vida.

Imagens via Dreamstime
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