Médica brasileira fala sobre atuação na luta contra o Covid-19 na Irlanda
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Natural de Petrópolis, no Rio de Janeiro, Bianca Bandarra, 31, não imaginou que o ano de 2020 seria para ela um grande desafio. Morando na Irlanda e sendo médica, Bianca atua no front de combate ao coronavírus em um hospital, em Dublin.
Em entrevista ao E-Dublin, ela contou como a rotina mudou após o início da pandemia, além das regras estritas de reconhecimento de médicos estrangeiros na ilha.
E-Dublin: Como foi sua vinda para a Irlanda?
Bianca: A minha vinda para a Irlanda aconteceu porque eu conheci meu atual noivo quando ainda estava no Brasil. Aí, após quase dois anos de relacionamento à distância, resolvi botar em prática meu sonho de fazer um intercâmbio. Foi difícil, mas não me arrependo!
E-Dublin: Já atuava em medicina no Brasil ou mudou de profissão aqui?
Bianca: Sim, atuo na Medicina desde 2012. No meu último ano no Brasil eu estava trabalhando bastante, acompanhava uma equipe de cirurgia geral, trabalhava na emergência cirúrgica de hospitais no Rio de Janeiro e Petrópolis e dava plantões no Samu.
E-Dublin: Foi fácil manter a função de médica na Irlanda?
Bianca: O processo de revalidação não foi fácil e demorou por volta de dois anos e agora, após terminado, ainda não tive meu título de Cirurgiã Geral reconhecido. As regras da Irlanda são muito estritas e temos que respeitar (é possível atuar na área, porém, não posso me nomear especialista). Isso vale para todas as profissões, por isso, se alguém deseja vir para a Irlanda, eu aconselho a fazer uma pesquisa a fundo para tentar resolver o máximo possível das exigências, ainda no Brasil. Não é porque seu título é válido no Brasil que será válido aqui na Irlanda.
E-Dublin: Conte um pouco de como era sua rotina na medicina antes do Covid-19.
Bianca: A rotina na Medicina sempre foi corrida e emocionante, é minha paixão. Acho que o que mais mudou foi a sociedade reconhecer o trabalho e o valor de profissionais da saúde que há tanto tempo estavam esquecidos.
A valorização e o reconhecimento da equipe médica parece ter aumentado bastante.
Por exemplo, no hospital que trabalho em Dublin, recebemos cartas de crianças e pacientes reconhecendo nosso esforço e compromisso com a saúde e isso é muito reconfortante.
E-Dublin: O que mudou com a chegada do vírus na Irlanda? Como têm sido sua rotina desde então?
Bianca: Mudou bastante a rotina dos hospitais. O foco agora é o Covid19 então distanciamento social é obrigatório e substituímos o aperto de mão pelo cumprimento entre cotovelos. Mas todos outros pacientes (non Covid19) estão recebendo todo o apoio necessário nessa fase que estamos vivendo. Ninguém foi esquecido.
Leia também: Coronavírus: Irlanda acelera flexibilização do lockdown
E-Dublin: Como se sente sendo do Brasil e atuando durante essa pandemia em outro país?
Bianca: Eu me sinto orgulhosa de estar aqui e poder mostrar um pouco da Medicina Brasileira a outros profissionais daqui. Nós temos uma formação muito boa no nosso país e o fato de passarmos por diversas adversidades durante nossa formação ajuda muito nessa Pandemia.
Somos Brasileiros e não desistimos nunca, não é?
Também me sinto muito feliz por poder ajudar os habitantes da Irlanda nesse momento.
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