Por Edu Marasciulo
Estivemos na vida uns dos outros o tempo necessário para contribuir para a evolução de cada um, o tempo suficiente para compartilhar histórias, experiências e amor. Isso é o Intercâmbio. Eu nunca disse que viria pra Dublin construir uma vida nova. Vim fazer um intercâmbio. Vim me reconstruir. Todo mundo que entrou no meu caminho me ajudou de alguma forma. Na primeira semana, a Natália criou o Bah. Cara, depois que nasceu o Bah, tudo foi diferente. Tenho certeza que mais da metade das pessoas que me conhecem aqui só sabem que meu nome é Eduardo por causa do Facebook – se souberem. O fato é que o Eduardo precisava conhecer o Bah pra voltar pro Brasil sendo quem ele é hoje e não quem saiu de lá há um ano.
Obrigado, obrigado e obrigado.
Deus, Vida, Irlanda, Dublin, Amigos, Família , Baladeiros, Professores. Vocês não fazem ideia o que fizeram com a minha vida.
Parte de mim tá voltando. Parte de mim não existe mais. Parte de mim vocês ainda não conhecem.
Obrigado pelo inverno rigoroso que passamos, pelo primeiro trabalho que me acolheu e me ensinou tanto. As noites de Rickshaw nos traziam pra casa quase todo dia perto do amanhecer, encharcados, com frio, com duas luvas, duas meias, toda a roupa do mundo. Eu chegava em casa e dizia: Obrigado! Aprendi pra caralho.
Obrigado pelo trabalho de Cleaner. Trabalhei em dois opostos. Um Office onde a equipe era de brasileiros e isso era acolhedor. Quanto aos Irishs, aprendi que um cleaner recebe o mesmo tratamento aqui e no Brasil. Há pessoas super simpáticas e que entendem que engenheiros e cleaners são seres humanos. Há aqueles que cruzaram pelo corredor durante 7 meses e eu não conheci a voz. Nem um gemido como tentativa de “Hi”. Nunca me abalei. Sempre cheguei em casa e disse: Obrigado! Por outro lado, trabalhei em um Asilo de Idosos pela manhã e me senti pleno. Cada apartamento de cada idoso era prazeroso limpar. Algumas das lições que eu aprendi na faculdade, sobre o sentido do trabalho e sobre clima organizacional, eu pude tirar a prova aqui. Obrigado Brabazon Nursing Home.
Sobre a minha família Irlandesa feita de brazucas, eu já fiz textos e mais textos pra falar e agradecer. Em diversos momentos aqui eu parava para refletir sobre a bênção de ter encontrado essas pessoas e lá saía um textão. Marquei na minha pele o lugar mais importante de toda essa história, a minha casa: 15, Tyrconnell Road – Inchicore. A maior lição de vida que qualquer um de nós poderia ter passado. 8 pessoas. Uma festa diária. Família Italiana. Gargalhadas, grito, canto, choro.
Saí de casa com 26 anos, completei 27 aqui e tinha a sensação de ter tentado de tudo na vida, de não ter muita força pra tentar o novo. Mas vim. Hoje volto pra completar meus 28 ao lado de todo mundo que eu amo e sinto tanta falta. A sensação agora é de que a vida tá só começando e que eu não sabia do que eu era capaz. Hoje entendo aqueles que viajam e passam o resto de suas vidas contando as histórias. É fascinante. Não cabe em uma vida tudo o que eu tenho pra contar, muito menos em um texto. Mas com 60, 70, 80 anos, quando nos encontrarmos de novo, esse sentimento vai continuar vivo e a gente vai lembrar de cada detalhe.
Obrigado por tudo.
Que a distância entre os extremos do Brasil se encurte.
Que viajar vire hábito.
Vejo vocês em breve. Minha família, meus grandes amigos.
Com todo meu amor,
BAH!
Sobre o autor:
Revisado por Tarcísio Junior
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