Com o passar dos anos, vamos conhecendo pessoas e escutando histórias que às vezes nem dá para acreditar. São histórias de superação e conquistas que valem a pena serem divididas com quem já está na Irlanda ou com os futuros intercambistas. Hoje, vou compartilhar com vocês a trajetória da pernambucana Larissa Amorim e a sua busca por um emprego aqui em Dublin.
Um dos grandes obstáculos para quem se aventura no exterior é, sem sombra de dúvidas, encontrar um emprego para se manter durante o intercâmbio, algo que não anda fácil por essas bandas. Eu mesmo passei por vários desafios até conseguir o meu primeiro emprego. Com a Larissa não foi diferente. Além da adaptação a uma nova rotina, costumes e língua, no caso da jovem pernambucana, houve um obstáculo a mais, já que aos seus 19 anos, ela nunca havia trabalhado na vida.
Já estudando, com casa para morar e o IRP na mão, era hora de ir em busca de um trabalho. Mas que tipo de trabalho pode ter alguém sem experiência? O jeito foi encarar um “currículo fake” e sair distribuindo pela cidade.
Caminha aqui, entrega um currículo ali… eis que um ponto amarelo no meio da O’Connell Street lhe chamou a atenção. Era um promoter vendendo tickets de passeios para os ônibus de turismo que circulam pela cidade. Existem 3 empresas que fazem esse serviço em Dublin, a empresa amarela e a empresa vermelha, que são privadas, e a empresa verde, que é do governo. Essa atua precisamente no aeroporto, quando os turistas procuram por informações no balcão de turismo, enquanto as privadas oferecem o serviço na rua mais central de Dublin, a O’Connell.
Com inglês básico, mas muita força de vontade, ela conversou com um promoter e entregou o seu currículo – na mesma semana foi chamada para um entrevista. Da entrevista, logo veio o teste, que se resumia a ficar na rua vendendo passeios aos turistas que circulam pela cidade.
Segundo ela, o seu primeiro dia não foi nada amistoso – amanheceu chovendo, clima típico da cidade, e ela teve de ficar embaixo de um guarda-chuva oferecendo os passeios com muito esforço e pouco inglês. Já era quase meio dia e Larissa havia vendido apenas 3 passeios, o que não a animava muito e a fazia repensar se continuaria ou não no trabalho.
A medida que o dia avançava, o clima foi melhorando e sua força de vontade e perseverança também, então veio o grande presente, Larissa conseguiu vender 19 passeios logo no início da tarde, fator predominante para a jovem seguir em frente, além, é claro, da informação de que havia passado no teste.
Larissa confessa que o trabalho pode parecer fácil, mas ao mesmo tempo é muito pesado. O promoter precisa ficar em pé trabalhando umas 6 horas diárias, com inicio às 9hs da manhã e encerrando às 15hs da tarde, ser gentil, simpático e sempre prestativo com o turista, afinal ele é o seu cliente – sem contar que existe, também, a concorrência com outras empresas.
Como Dublin recebe inúmeros turistas de várias regiões da Europa e até de outros continentes, Larissa conseguiu desenvolver algumas técnicas. Uma delas foi aprender algumas palavras básicas para chamar a atenção de alemães, franceses e até chineses e coreanos, fugindo, assim, do inglês básico e conquistando a atenção do cliente.
Outro fato que agregou muito para o seu aprendizado, foi que, ao trabalhar com os turistas, seu inglês evoluiu muito devido ao contato direto com a língua e com as variações do idioma, isso sem contar no seu “portunhol”, já que brasileiro sempre arranham na língua dos hermanos.
Através desse trabalho, Larissa conseguiu pagar duas renovações e agora se prepara para um novo desafio: começar a faculdade de Business aqui na Irlanda e, quem sabe, se especializar em Turismo, já que criou uma paixão pela área.
Esses são os sonhos e desafios de uma jovem que cresceu com o intercâmbio e hoje não é mais uma menina, mas sim uma Sales Promoter de Turismo. Sempre que você passar pela O’Connell Street e ver o ônibus de turismo da linha amarela, com certeza você irá se lembrar da história da Larissa e da sua conquista nas ruas de Dublin.
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