“Obstáculos” é um termo que nós acompanhará em qualquer momento da vida, principalmente quando decidimos sair da nossa zona de conforto. Para alguns, significa mudar de cidade, de emprego, de mulher, esposo ou, até mesmo, falar em público sem tremer na base.
Para mim, nessa aventura na busca de um trabalho e um visto na Nova Zelândia, viajando de norte a sul do país em uma campvan com minha ex-namorada, os obstáculos têm-se apresentado das formas mais inusitadas possíveis.
A velocidade máxima nas estradas Neozelandesas é de 100km/h, e a grande maioria delas são de duas vias simples, uma mão em cada direção. Acostamentos são bem limitados, apenas quando estamos próximos de cidades ou, então, há um espaço para parar o carro a cada quilômetro ou mais.
Normalmente, as pistas são bem sinalizadas, mas bem sinuosas, em especial quando cruzam montanhas. No inverno, prepare-se para a neve e o gelo, que as tornam bem escorregadias.
Dito isso, podem imaginar que é bem difícil manter os 100km/h. Agora, imagina dirigir por mais de 3.000 km! Quantas coisas não acontecem nesse caminho.
Passamos, pelo menos, 4 horas por dia dentro do carro em movimento. Eu dirigi nos primeiros dias, mas estava na hora de minha ex assumir o volante. E, claro, havia um agravante. Era a primeira vez que ela estava guiando na mão inglesa, o que a deixou bem tensa.
Como já havia sido conduzido por ela na Itália, sabia que era uma boa condutora. Então, estava bem tranquilo. Uma chuva de intensidade fraca começou, 1 hora após ela pegar a direção. Com velocidade máxima entre 75 e 85km por hora, estava conduzindo bem e retomado a confiança.
Uma playlist de músicas dos anos 90 estava tocando no rádio, e eu estava empolgado cantando alto e tocando minha air drum.
Desde o início da viagem, vimos vários animais na pista, a maioria todos fofos e bonitinhos. Muitos falcões em volta, sempre esperando por um animal atropelado para poder garantir o prato do dia. Todas as vezes em que vimos animais mortos na estrada era um momento que nos entristecia.
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Eram, normalmente, do tamanho de um gato ou um cachorro pequeno, com pelos, e, às vezes, algumas aves, com penas de cores diferentes, em outros momentos um pouco maiores que galinhas. Infelizmente, havia uma estrada cortando o lugar onde eles vivem e, se quiserem passar de um lado para o outro, é preciso que atravessem a via.
Comentávamos sempre como a Nova Zelândia é um lugar surpreendente, com uma natureza exuberante e uma fauna gigantesca. Alguns dos espécimes completamente bizarros pra mim, que os observava pela primeira vez.
Após algumas horas no volante, a chuva havia aumentado e a visibilidade era muito ruim. Mas a música estava boa e a conversa também. Até o momento em que um desses animais entrou na pista para cruzá-la, a poucos metros de nós. Gritamos juntos!
Atingimos o animal a, pelo menos, 70km/h. Minha amiga começou a chorar e tremer muito, dizendo que havia tentado tirar o pé ou desviar, mas não conseguiu.
Como ela estava muito nervosa, chorando e falando rápido, pedi que ela encostasse assim que fosse possível, pois, naquele trecho, não havia acostamento. Foram 2 km até encontrar uma área ao lado da pista para parar. A partir dali, assumi a direção em total silêncio.
Ela, ainda aos prantos, só conseguia se sentir culpada!
Algumas pessoas diriam que era só um animal, mais um entre milhares, mas, naquele momento, eu — e muito menos ela — não via assim.
Quando planejamos uma viagem, ou qualquer outra ação na vida, esperamos que tudo corra bem, imaginamos e esperamos que nada saia do previsto. Mas adversidades acontecem a todo tempo e, por mais que você tenha se organizado, planejado, haverá horas em que as coisas fugirão completamente do nosso controle.
Esse é apenas um exemplo, entre muitos obstáculos que tivemos nessa viagem. Situações imprevisíveis e que aprendemos a enfrentar.
Assim como o próprio desembarque na Nova Zelândia, uma opção no meio de um caos de incertezas, burocracias e na impossibilidade de permanecer na Austrália, após sete anos. Obstáculos que podem nos desestruturar, mas que também nos ajudam a seguir em frente.
Hoje, o seguir em frente é continuar dirigindo, mesmo que um pouco machucados com o incidente na estrada.
Para acompanhar as aventuras do William em busca de trabalho e visto na Nova Zelândia acesse: Instagram – @willtube21 / @metheroadandmyex
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