Morar com estrangeiro é sempre a melhor opção?
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Dividir a moradia com estrangeiro acelera o processo de aprendizado do idioma?
Quando você sai de casa e se aventura rumo a um país desconhecido, a ansiedade e a incerteza são sentimentos que se misturam à liberdade e ao desejo de viver novas experiências de vida. No caso de um intercambista, ele terá somente duas certezas antes de entrar no avião: o país que estará indo e também a escola onde está matriculado.
Porém, existe um outro ponto fundamental que muitos se esquecem e que pode ser determinante para o sucesso dessa nova jornada: a moradia. E, pelo menos em Dublin, este tem sido um dos principais problemas enfrentados pelos estudantes que desembarcam na terra dos leprechaus!
Muitos optam em dividir casa somente com estrangeiros para acelerar o processo de aprendizado do inglês, mas o choque cultural e o dia a dia dessa convivência forçada podem ser tanto positivos quanto negativos. Existem também muitas pessoas que acabam sendo fisgadas pelo coração. O E-Dublin entrevistou dois brasileiros com realidades bem distintas no que tange à convivência com os “gringos”, e como eles fizeram para se adaptar.
Problemas com as regras
No caso do estudante Leandro Armandi, de 29 anos, o principal problema ao dividir o quarto com um sueco era a falta de respeito quanto aos horários. Armandi estudava de manhã e trabalhava à tarde, então, tirava a noite para fazer o jantar (marmita) e sempre dormia mais cedo para estar descansado para o outro dia. Porém, o sueco só estudava na época, e mesmo assim, quase nunca ia às aulas. “Ele saía todos os dias à noite e voltava de madrugada para casa. Era raro o dia que não chegava bêbado. Se ele fosse dormir em silêncio não teria problema nenhum, porque não tenho nada com a vida dele, mas o problema é que ele entrava no quarto, ligava a luz e fazia o maior barulho”, relembra.
Se não bastasse o desrespeito com os horários, Armandi destaca que o rapaz era displicente no pagamento das contas da casa e também na organização. Como moravam em seis pessoas e o apartamento tinha três quartos, a cada semana, dois eram responsáveis pela limpeza geral do apartamento.
“A semana dele era um verdadeiro tormento, pois sempre tínhamos que lembrá-lo de cumprir suas tarefas. Para ele, era perfeitamente normal deixar a louça para outro dia, e se ninguém lavasse podia ir acumulando até não ter mais nenhum utensílio para usarmos. Foi uma fase bem difícil”.
O fato é que existem os dois lados da moeda: os fatores positivos, como o intercâmbio de culturas e a aceleração no processo de aprendizado, e o peso dos costumes diferentes, que também podem ser um empecilho para a boa convivência. Morar com outras pessoas, sejam elas da sua nacionalidade ou não, é interessante para que você aprenda a conviver com gente que não é a sua família, é um processo de crescimento.
A rotina forçada vivida por Armandi mostra uma faceta que muitos de nós também esquecemos: as diferenças culturais! O que para nós, brasileiros, pode ser um insulto ou agressivo, para outras nacionalidades pode ser algo perfeitamente natural. Então, vale estudar com cautela as principais diferenças de cada nacionalidade antes de se mudar para uma residência com estrangeiros, já que existem hábitos de sua rotina ou cultura que podem incomodá-lo e vice-versa.
Mas e quando é positivo?
Por outro lado, a experiência de morar com estrangeiros tem sido positiva para o estudante Diego Santos. Ele atualmente mora com um casal de irlandeses e com um espanhol. Quando chegou em Dublin, morou por um tempo com cinco brasileiros, mas decidiu sair da casa porque sentia necessidade de estar em contato diário com o idioma. “O que eu aprendia era vendo filmes ou séries, porque só falávamos português”.
Ao achar uma vaga num aplicativo de moradia, foi selecionado pelo casal e se mudou para lá. Hoje, se diz totalmente adaptado. O mais interessante para ele é realmente a questão do aprendizado, pois deixou livre para que os outros moradores o corrigissem sempre que ele falasse algo errado. “Com isso, fui melhorando dia após dia. Foi a melhor coisa que podia ter feito por mim. Foi um investimento que dei a mim mesmo e não me arrependo de ter feito essa escolha, porque a experiência é positiva”.
Na realidade, a vida de um intercambista se baseia em diferentes adversidades que serão encontradas no meio do caminho, e também do aprendizado que podemos tirar de cada uma delas. Morar com “gringos”, assim como residir apenas com “brazucas”, proporcionará diferentes situações de convivência, tanto boas quanto ruins. O mais importante é estar aberto ao novo e ao inesperado, e tirar o melhor proveito desta nova realidade longe de casa.
Imagens via Shutterstock
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