Por Lodir Negrini
Quando conto às pessoas que, antes de me mudar para Dublin, morei em Londres, costumo ouvir perguntas sobre as minhas impressões com relação às diferenças entre as duas cidades. Obviamente, também me questionam qual considero a melhor.
É extremamente difícil definir o que faz um lugar superior, uma vez que isso depende exclusivamente do estilo de vida. Ainda assim, não posso negar que o fato de já ter passado um tempo em Dublin, mesmo antes de viver em Londres, fez com que eu não pensasse duas vezes em aceitar uma proposta de trabalho e retornar à capital irlandesa.
Entretanto, quais são as principais diferenças entre elas? Há algumas observações rápidas que podem ser elencadas.
Não é preciso dizer que a estrutura londrina é imensamente maior que a dublinense. A capital do Reino Unido é a maior cidade da Europa, com o maior sistema de metrô, o que possibilita você cruzar toda a sua extensão em poucos minutos, além de linhas de ônibus vinte e quatro horas por dia. Há cinco aeroportos. Se há algo do que sinto falta é a facilidade com que me locomovia (embora a facilidade não seja necessariamente barata).
Enquanto isso, em Dublin, não há metrô, apenas o DART, o Luas (com suas poucas linhas), os ônibus (que sempre parecem insuficientes) e um único aeroporto.
Em Londres, a sensação é de que todo mundo é imigrante — e você pode custar a encontrar um inglês ao seu redor. Não há cidade mais globalizada na Europa. É necessário aprender o inglês pronunciado por sotaques que vêm de todo o mundo e, mesmo que você conheça alguém que nasceu lá, há grandes chances de que essa pessoa seja filha de pais imigrantes. Em Dublin, embora haja muita presença de estrangeiros, o contato com o irlandês nativo torna-se mais fácil.
Comparando-se as duas populações nativas, posso dizer, sem dúvida, que os irlandeses são bem mais acessíveis e amigáveis. De modo geral, não é difícil puxar papo com um irlandês e fazer amizade. É possível encontrar algumas similaridades com os brasileiros.
Já o povo inglês é extremamente fechado, recluso e menos suscetível a conversas com estranhos. Enquanto na Irlanda oferecem ajuda quando percebem que você está perdido, na capital inglesa, e principalmente no interior, espere falar com um inglês descomplicadamente apenas em um pub — depois de algumas pints, obviamente.
Londres sai, Dublin fica. Ponto para a Irlanda, que vai continuar a fazer parte do maior bloco econômico do mundo, mantendo os infinitos benefícios para a sua população.
Londres ganha facilmente aqui, é claro. Há sempre algo de interessante para se fazer ou um lugar para se visitar em Londres. Embora Dublin não tenha poucas opções, elas não chegam nem perto da sua vizinha. O número de museus, cinemas, teatros, turnês internacionais, festivais, festas, parques, mercados de rua e opções gastronômicas é infinitamente maior.
Costumam me perguntar se há em Londres tantos brasileiros quanto em Dublin. Há muitos, é claro, mas, pelo tamanho da cidade, eles ficam dispersos, e você não os encontra tão facilmente. Na Irlanda, brasileiros se concentram mais na capital, principalmente no centro. Fica mais fácil escutar português e difícil aprender inglês.
De qualquer maneira, ter conterrâneos por perto é uma boa opção, principalmente para aqueles que têm dificuldade de adaptação para a vida no exterior.
Se sua intenção é vivenciar a cultura inglesa, esqueça Londres. Vá para o interior. Agora, em Dublin, você vai sempre poder realmente se sentir na Irlanda e aprender sobre a cultura local com quem mais entende disso — os próprios irlandeses. Além disso, pessoalmente, eu sempre achei a cultura irlandesa bem mais interessante — desde a música até as festas e, claro, a Guinness.
Se você acha Dublin cara, provavelmente nunca morou em Londres. Tudo lá custa uma fortuna, desde a alimentação até o transporte público. Essa foi uma das minhas principais razões para fazer a troca de cidade — e o fato de que é normal, entre a população, ver quase metade do salário ser usado para pagar o aluguel.
Ainda que Dublin tenha uma crise imobiliária, em Londres comprar uma casa parece um sonho inalcançável para os que lá chegam hoje.
Há dois anos, fiz a escolha entre as cidades e tenho certeza de que foi a opção certa. Enquanto facilmente me sentia um número em uma cidade tão gigante como Londres, em Dublin não é difícil se sentir em casa e fazer planos para o futuro. Não é à toa que a Irlanda se tornou a casa para tantos brasileiros na Europa.
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