por PartiuMundo
Quando estávamos no Brasil com tudo certo para virmos à Irlanda para o nosso intercâmbio, a preocupação maior era em relação ao emprego, uma vez que este fator seria decisivo para a nossa permanência no país.
A impressão que tínhamos antes de chegar aqui era que a procura deveria ser feita o mais breve possível, pois a concorrência é muito grande. Hoje queremos partilhar com vocês como foi, a busca pelo primeiro emprego em solo verde.
Carolina Ojeda: Cheguei no final de janeiro de 2014 e na segunda semana de Irlanda, já comecei a procurar emprego. Inicialmente pela internet, pois não conhecia muito bem a cidade e principalmente porque estava muito frio e eu ainda estava me adaptando.
Cadastrei meu currículo em todos os sites possíveis. Minha ideia era trabalhar em um escritório ou algo do tipo, já que vim para estudar Business em Dublin. Então, eu só me candidatava para vagas nesse setor. Caso não aparecesse algo em um prazo de quatro a cinco meses, eu estaria disposta a trabalhar em qualquer outro tipo de atividade.
Após quatro meses procurando sem aparecer nada resolvi me candidatar para uma vaga de estágio não remunerado na minha área de business. Isso me daria ao menos experiência na Irlanda, mesmo que eu não ganhasse nada iria valer a pena, já que o estágio me possibilitaria arrumar algo melhor no futuro.
Chegando na entrevista, fui avisada que na verdade o anúncio foi colocado da internet de forma errada e a vaga era para assistente administrativo-financeiro, efetivo e remunerado. Fiz a entrevista numa sexta-feira e comecei a trabalhar logo na segunda-feira seguinte. Não tive problemas na hora da entrevista porque já fui entrevistada em inglês diversas vezes no Brasil, pois sempre trabalhei na área de comércio exterior e saber falar inglês é uma exigência no Brasil para ingressar nesta área.
Não tenho passaporte europeu, então acredito que a minha experiência de mais de cinco anos na área, sendo que nos últimos anos trabalhei como coordenadora de importação, entre outras atividades, além do fato de eu já falar inglês, foram os fatores decisivos para que eu conseguisse a vaga. Portanto, posso dizer que não tive grandes dificuldades, apenas demorou um pouco mais do que eu esperava para arrumar emprego, mas ainda assim fiquei muito feliz com a conquista!
Victor Lorasque: Cheguei na Irlanda junto com a Carolina e assim como ela comecei a procurar emprego na segunda semana após a nossa chegada. Depois de dois meses morando no centro de Dublin, nos mudamos para Portmarnock, uma cidade costeira que fica a 40 minutos de Dublin de ônibus.
Nosso dinheiro já estava apertado e continuar morando no centro não iria fazer nosso dinheiro durar até o término de nossos cursos e por isso procuramos um aluguel mais barato. Na primeira semana em Portmarnock, imprimi “anúncios” contando que sou brasileiro, estudante, e que estava a procura de emprego para continuar meus estudos no país. Para tanto, me propus a cortar a grama, limpar janelas, ou qualquer outro serviço que aparecesse. Entreguei em todas as casas do bairro, mas ninguém nunca me chamou. Foi frustrante!
Como não havia muitos comércios na região, resolvi visitar a cidade vizinha (Malahide) que ficava a cinco minutos de ônibus da nossa casa. Rodei o centro inteiro entregando currículos em todos os restaurantes. Como vim para a Irlanda para aprender inglês, preparei o meu currículo para a vaga de kitchen porter e kitchen assistant, uma vez que essas vagas, geralmente, não exigem nível de inglês avançado.
Depois de uma tarde inteira entregando currículos, assim que cheguei em casa recebi um sms solicitando a minha presença para uma entrevista em um dos restaurantes. Voltei para Malahide na mesma hora, fiz a entrevista e comecei no dia seguinte.
Sofri um pouco ao ser entrevistado em inglês, pois nunca tinha passado por essa experiência antes. Eu quase não entendi nada do que foi dito na entrevista, mas o chef de cozinha, quem me entrevistou, falou das atividades que deveriam ser realizadas e eu simplesmente concordei com tudo, mesmo não entendo quase nada. Os primeiros dias também foram bem difíceis, pois a comunicação não era clara e eu não tinha experiência na área (mesmo dizendo o contrário no currículo). Então a cara de pau fez muita diferença neste momento e, com o passar do tempo, fui tirando isso de letra. Nada como um dia após o outro.
Como a Carolina arrumou emprego no centro de Dublin, voltamos a morar no centro da cidade e fui indicado por um amigo para trabalhar em um Café chamado Third Space, em Smithfield. Estou lá até hoje. Está aí a importância do network.
Reconhecemos que nós dois tivemos muita sorte ao passarmos nas primeiras entrevistas, já que isso infelizmente não acontece com frequência. Você deve estar preparado, entender as suas limitações, como por exemplo, o nível de inglês. Existe bastante conteúdo na internet sobre entrevistas em inglês, pratique, corra atrás e se prepare com afinco, pois apesar da crise que continua pairando no ar, obervamos que ainda há espaço para os imigrantes.
Acreditamos que a força de vontade e a determinação devem estar presentes também. As chances de receber respostas negativas no início é muito grande, mas o importante é não desanimar, por que no final das contas, essa é uma etapa que todos os intercambistas irão enfrentar, uns com mais sorte, outros com alguns perrengues. Nós, por exemplo, conhecemos pessoas que não arrumaram emprego, mas desenvolveram suas próprias atividades para ganhar dinheiro, seja cozinhando e fazendo entrega, amigos de classe que fazem doces e entregam na escola e por aí vai.
Nosso conselho é: não desista e não descarte nenhuma possibilidade, pois a sua vaga pode aparecer pela internet, através de uma indicação (avise seus amigos que você está procurando emprego) ou através de entregas de currículo. Cedo, ou tarde ela sempre chega, o que muda é a forma com que você encara cada um dos impecilhos para chegar aos seus objetivos.
Carolina Ojeda e do Victor Lorasque são intercambistas na Irlanda e compartilham algumas das experiência em solo verde no blog Partiu Mundo.
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