O Escritório Central de Estatísticas da Irlanda (CSO) divulgou dados recentes que indicam um aumento significativo na emigração de irlandeses para a Austrália, atingindo o nível mais alto desde 2013.
Cerca de 10.600 pessoas deixaram a República da Irlanda rumo ao país da Oceania nos 12 meses até abril de 2024, um crescimento impressionante de 126% em comparação ao ano anterior, quando 4.700 cidadãos fizeram o mesmo trajeto.
Esse fluxo de saída crescente está associado a uma combinação de fatores, como melhores oportunidades de trabalho, condições de vida mais acessíveis e a busca por uma qualidade de vida superior, especialmente entre os mais jovens.
A emigração tem afetado diretamente setores como o de educação e saúde na Irlanda, que enfrentam dificuldades para reter profissionais essenciais.
De acordo com matéria do jornal The Irish Times, a Organização Nacional dos Professores Irlandeses (INTO) expressou preocupação com o êxodo de professores qualificados, que veem na Austrália uma oportunidade de reconhecimento e valorização.
Segundo a INTO, a falta de incentivos e condições de trabalho adequadas está empurrando profissionais altamente qualificados para o exterior. Muitos professores alegam que a carga de trabalho nas escolas irlandesas, combinada com as dificuldades para conseguir contratos permanentes, torna o ensino no exterior mais atraente.
Outro setor fortemente impactado pela emigração é o de saúde, particularmente nas áreas de enfermagem e obstetrícia.
De acordo com Phil Ní Sheaghdha, secretário-geral da Organização Irlandesa de Enfermeiros e Parteiras (INMO), a pressão sobre os profissionais de saúde tem sido uma das principais razões para a fuga de trabalhadores.
Ela destacou que as más condições de trabalho, com serviços subfinanciados e instalações superlotadas, desmotivam tanto os novos graduados quanto os profissionais em início de carreira a permanecer no país.
Ní Sheaghdha alertou que, se nada for feito para melhorar o ambiente de trabalho e oferecer moradias acessíveis para os profissionais, a Irlanda corre o risco de enfrentar uma grave crise na força de trabalho da saúde no futuro próximo.
Em contrapartida, o número de irlandeses que retornaram ao país após um período na Austrália caiu 17% em relação ao ano anterior.
Apenas 6.400 pessoas voltaram para a Irlanda nos 12 meses até abril de 2024, em comparação com as 7.700 que retornaram no mesmo período de 2023. Esse dado reforça a tendência de que os irlandeses estão optando por permanecer mais tempo no exterior, principalmente em países que oferecem maior estabilidade econômica.
Além da Austrália, outros destinos também têm atraído emigrantes irlandeses. O Reino Unido, por exemplo, recebeu 15.200 pessoas vindas da Irlanda no último ano, um aumento em relação aos 14.600 de 2023.
A crise imobiliária na Irlanda e a dificuldade em garantir empregos permanentes são apontadas como alguns dos principais fatores que motivam a emigração de jovens, especialmente daqueles na faixa etária de 25 a 44 anos, que representaram 48% dos emigrantes.
Outro grupo expressivo, composto por pessoas entre 15 e 24 anos, também tem sido fortemente impactado pelas condições econômicas e pela falta de oportunidades no país.
O aumento da emigração, combinado com o crescimento da imigração, está moldando uma nova realidade demográfica para a Irlanda.
O CSO revelou que, dos 69.900 emigrantes no último ano, 34.700 eram cidadãos irlandeses. Além disso, o fluxo de imigrantes para a Irlanda atingiu níveis recordes, refletindo uma população cada vez mais diversa.
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