Fazer intercâmbio é uma experiência memorável, é o que muitos dizem. Porém, não deixa de ser desafiador, já que, além da exigência diária do contato com a nova língua, você também enfrentará inúmeros desafios, por exemplo, trabalhar e pensar na língua que está aprendendo.
Mas, cá pra nós: amamos um desafio! E não tem nada melhor que um intercâmbio para a gente se reinventar e estar aberto às oportunidades.
Pois bem… Procurar emprego faz parte da vida de estudante. Não importa o tipo de trabalho, a gente vai “aplicando” e mandando um monte de currículo pela internet.
Mas um dos momentos mais tensos é quando o telefone toca. Meu Deus do céu! Quando você vê que o número é irlandês, a gente treme na base.
Lembro que mandei currículo a vários lugares de Dublin para trabalhar na limpeza, ser garçonete, barista (preparar café) e, quando meu telefone tocou pela primeira, vez tive uns 50 tipos de medo.
Primeiro, você pensa em slow motion: atendo ou não atendo? Depois, a mente começa a criar os “e se”… E se eu não conseguir entender? E se eu não conseguir falar? Em questão de segundos, passa um filme na cabeça. Tensão pura! Dor de barriga, medo de gaguejar, de dar branco, de tudo um pouco.
Por sorte, quando isso acontecia, eu sempre tinha amigos por perto que falavam: atende, Sandraaaaa! Se não fossem eles, com certeza não teria atendido, confesso.
Uma dica é usar o fone de ouvido para entender com maior clareza, e o macete é pedir para enviar o endereço seja por e-mail ou por WhatsApp, porque, devido ao nervosismo, dificilmente a gente lembra o nome da empresa que ligou e o local da entrevista ou teste, ainda mais em outro idioma.
Em uma dessas ligações, era pra ser garçonete e barista num restaurante. Fui à entrevista com tudo decorado e deu certo. Uhu! Ok! Gostaram de mim e pediram para eu fazer um teste de quatro horas, um trial. Coloquei o avental e pensava: essa vaga vai ser minha. Só sei que, na hora de fazer o cappuccino, ele não ficou cremoso, mas, por ser o primeiro, tudo ok.
O local era super movimentado e levava os pedidos na bandeja quase derrubando o café de tanto que eu tremia. E quando os clientes vieram fazer os pedidos pra mim, aí o bicho pegou. Simplesmente, me deu branco. Fiquei imóvel, não conseguia falar nada, deu um apagão geral, estava tensa, nervosa.
Gostaram muito de mim, fui proativa, mas, na hora de falar, eu me sabotei. Claro que não passei no teste. Confesso que fiquei mal, achando que era a pior pessoa da face da Terra e pensava que inglês não era pra mim.
Depois dessa experiência, fiquei com muito medo de arriscar e passar pela mesma situação em outros lugares.
Mas não podemos desistir. A gente cai e levanta, faz parte do aprendizado! Ninguém falou que ia ser fácil. Precisamos aprender a levar os “nãos da vida” e lutar para conquistar os “sim”. Ver onde errou e se preparar melhor para as próximas oportunidades.
A dica é pedir ajuda para um amigo expert em inglês ou, até mesmo, um professor particular pra dar mais segurança.
Outro episódio marcante foi quando fui trabalhar em uma universidade para ser housekeeping — limpar e organizar as acomodações estudantis. Havia um monte de brasileiros recém-chegados na Ilha e que não falavam nada de inglês.
Uma das supervisoras era da África. Como ela não conseguia se comunicar com eles, pediu para eu fazer isso.
Por um bom tempo, fui uma espécie de tradutora e intérprete, expliquei o que era pra ser feito e tirei as dúvidas. Todos entenderam e fui fazer o meu trabalho.
Então, fiquei imóvel. Cheguei a me emocionar. Afinal, um ano atrás eu estava igual àqueles brasileiros que não entendiam nada, e eu também precisei de muita ajuda. Agora, eu já estava explicando.
Aquilo mexeu tanto comigo que chorei por um tempo e percebi minha desenvoltura.
Aprender um outro idioma é um processo solitário no qual não há como mensurar o que se sabe ou o quanto você melhorou. Isso é percebido no dia a dia, step by step, na prática. A gente vai saber se está indo bem pelos outros.
Geralmente, são os amigos que sinalizam o nosso inglês ter melhorado. E quando a gente percebe a nossa evolução, é muito difícil não se emocionar, porque você sabe do que precisou abrir mão, das noites de estudo e abdicação, do quanto custou ficar longe da família, das pessoas que se ama.
Entendi que aprender inglês é um processo, não vem na velocidade que a gente quer. Aprendemos a falar português de forma correta estudando praticamente mais de 15 anos e, em poucos meses, já queremos ser fluentes em um idioma que não é o nosso.
É preciso ter calma e respeitar o nosso tempo. Não se compare a outras pessoas. Cada um tem seu próprio tempo. Faça sua parte que, quando menos esperar, o inglês vem!
Acredite em você! O mais difícil é estar em outro país, o resto a gente tira de letra.
Sobre a autora:
Ariana que ama desafios. Que já quebrou a cara inúmeras vezes, mas que sempre levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima. Impulsiva por natureza. Tem a síndrome de Poliana — otimista e sempre acredita que o melhor está por vir! Apaixonada pela vida. Está escrevendo um livro sobre a Vida de Intercambista que promete fortes emoções e aventuras — vem aí “Ovelha Negra no Mundo”.
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