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O Lar doce Lar, a Grande Família e o BBB do intercâmbio

Os desafios daqueles que decidem encarar o intercâmbio na maturidade

Por Fabiano de Araújo

Eu sempre fui fã de Reality Shows no Brasil, muita gente até disse e vive dizendo que programas desse gênero são a minha cara. Mas eu não imaginava que ao sair de casa e sair para fazer um intercâmbio no exterior praticamente estaria vivendo como em um – com a pequena diferença de que aqui o prêmio maior é conhecer o mundo.

Foto: Shutterstock

De fato, aprender um novo idioma, conviver com pessoas diferentes, dividir espaço, conhecer uma nova cultura e viver um novo mundo serão os maiores prêmios, caso você consiga chegar até o final do seu intercâmbio.

Após esse primeiro ano de Irlanda, posso afirmar que, apesar dos desafíos (e sao inúmeros), retornarei para o Brasil muito mais preparado para enfrentar o que quer que seja. Acredite, os veteranos não mentem quando afirmam que o intercâmbio é um intensivão para a vida.

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Com o tempo, vamos percebendo o quanto estamos mudando, principalmente quando nos referimos à convivência. Pare, pense e analise: Aqui vivemos em uma casa com pessoas estranhas, de lugares diferentes, alguns brasileiros, outros estrangeiros, tudo na plena paz e maior harmonia (ok, nem sempre).

De qualquer maneira, o nosso cafofo em terras estrangeiras acaba virando um Lar Doce Lar, nossos flatmates começam a fazer parte da familia – é com eles que dividimos as angústias e alegrias do dia a dia e que comemoramos as datas mais importantes do ano. O resultado disso é que em muito pouco tempo já nos sentimos como uma Grande Família.

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Os mais velhos, com o seu instinto paterno, acabam adotando o papel de pai. Já as mulheres, absorvem o papel de mãe, independentemente da idade que possuem, pois é algo do instinto feminino. A gurizada é gurizada em qualquer lugar. Sempre vai ter o “geração saúde”, o “nerd da turma”, aquele que desvenda qualquer sigla do computar, o “mano da casa”… Querendo ou não, cada um acaba assumindo um papel especial nessa familia temporária que formamos durante o intercâmbio.

É claro que nem tudo são flores e o tempo mostra isso. Se viver com a nossa família já é complicado às vezes, imagina com pessoas estranhas. Louça suja na pia, casa por arrumar, lixo para recolher… esses são uns dos poucos exemplos que começam a atrapalharar e harmonia da vida em comunidade.

Sem falar que não será difícil ter gente se metendo na sua vida e você na dos outros. Toma-se partido, julga é julgado, as máscaras caem e em alguns casos há até eliminação, igual no BBB.

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Muitas amizades são feitas, mas o medo de confiar em todos que te rodeiam continua presente. Afinal de contas, aquele seu amigo de quarto, hoje seu quase irmão, até ontem não pasava de um desconhecido.

Aqui não temos câmeras nos filmando 24hs por dia, mas temos o Facebook, e ele acaba virando uma ferramenta inevitável para aplacar a saudade de casa e, principalmente, para dividir essa vontade louca de contar ao mundo a intensidade de cada momento, as novas descobertas e como a experiencia de morar em outra cultura é incrível!

E, como reality show, uma hora ele tem de acabar, alguém tem que partir… seja você, seja um amigo, e a sensação de separação é quase morte em alguns casos. Ver amigos voltando para o Brasil, amigos que conhecem de perto a intensidade do intercâmbio, que choraram, vibraram e passaram momentos de perrengue com você, até para os mais experientes, como eu, é uma pancada difícil. Choramos como se nunca mais fôssemos ver a pessoa – o que em muitos casos é o que ocorre. Gente que vive em partes diversas do Brasil e que dificulmente voltarão a fazer parte do seu convívio. O adeus a esses novos amigos é quase um “foi bom enquanto durou”!

E se isso parece horrível, na verdade é o que ocorre na maiora dos casos. Quando voltamos para o Brasil, nossas vidas tomam outros rumos, cada um volta para seus objetivos individuais. A correria da vida agitada, a readaptação e outros tantos fatores acabam nos distanciando daqueles que tínhamos adotado como “a grande família” em dias de intercãmbio.

Foto: Shutterstock

No final das contas se percebe que o melhor mesmo é viver intensamente cada momento da vida, seja ele no intercâmbio, com aqueles que se transformam em sua família, ou na volta para casa. Mesmo na distância, de alguma forma eles estarão sempre presentes na sua história, marcando um capítulo especial da sua jornada longe de casa. Se você está no furor da experiência, aproveite – e muito – todos aqueles que te acompanham presencialmente nessa jornada. Alguns deles podem se tornar seus amigos para a vida inteira!

Esse texto faz parte da série Dublin para Maiores, assinado pelo nosso colunista Fabiano de Araújo e conta a perspectiva daqueles que decidem fazer intercâmbio na maturidade.

Sobre o autor:
Fabiano de Araújo é gaúcho de carteirinha, mas catarinense de coração. Formado em Comércio Exterior, trabalhou 10 anos com exportação. Um belo dia resolveu largar tudo e encarar um intercambio próximo dos 40 anos, como forma de entrar na melhor idade realizando sonhos. Amante por viagens inesperadas está sempre com uma mochila pronta para encarar desafios. Resolveu compartilhar de sua aventura com os demais por acreditar que nunca é tarde para realizar sonhos.

Revisado por Tarcisio Junior
Imagens via Shutterstock
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