O que mudou na Irlanda nos últimos 10 anos?

Adeus, década velha! Mas antes de mergulhar de vez em 2020, que tal dar uma olhada no que rolou na Irlanda em 10 anos e quais foram as principais mudanças da última década para os estudantes aqui na Ilha?

O que mudou para os estudantes nos últimos 10 anos?

Novas regras no visto alteraram o tempo de duração, a permissão de trabalho e as regras para estudar na Irlanda na última década. © Sezer Ozger | Dreamstime.com

Tempo de visto e férias

Antes do dia 20 de janeiro de 2016, o visto de estudante de inglês na Irlanda, o Stamp 2, tinha a duração de 1 ano. Isso mesmo. O intercambista tinha 6 meses de aulas e os outros 6 meses de férias, podendo renovar até duas vezes. Sendo assim, o período máximo de estadia na Ilha era de 3 anos.

Depois da mudança nas regras, o governo irlandês diminuiu o tempo de visto encurtando as férias. E muito. A lei, que segue em vigor até os dias atuais, dá ao intercambista o direito de permanecer no país por 8 meses, sendo 6 meses de aulas e apenas 2 meses de férias.

O estudante estrangeiro ainda pode renovar as duas vezes como estudante de idioma. Portanto, o período limite caiu para 2 anos. Essa decisão do governo da Irlanda foi tomada para manter a qualidade do programa de intercâmbio e evitar que o país se tornasse uma verdadeira “fábrica de vistos”.

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Novas regras de trabalho durante as férias

Outra mudança na legislação em 2016 afetou a permissão de trabalho para o Stamp 2. O governo anunciou que os estudantes poderiam trabalhar 20 horas semanais, ou seja, em meio período durante todo o tempo de visto concedido e 40 horas semanais apenas durante as férias, desde que essas sejam tiradas entre os meses de junho, julho, agosto e setembro.

Antes disso, o estudante tinha a permissão para trabalhar em tempo integral durante todo o período de férias, em qualquer época do ano. Lembrando que, nos velhos tempos, quem tivesse o carimbo do Stamp 2 no passaporte e o GNIB nas mãos tinha 6 longos meses de férias.

Mais opções para a comprovação financeira

O valor exigido pela imigração irlandesa para o visto de estudante permaneceu o mesmo: 3 mil euros. Porém, outras formas de comprovação passaram a ser aceitas a partir de 2016. Antes, o futuro intercambista deveria abrir uma conta em algum banco irlandês, depositar a quantia e apresentar o extrato bancário.

Com as novas regras, o estudante passou a ter mais opções para apresentar os tais 3 mil euros, são elas:

  • Extrato de uma conta bancária do Brasil;
  • Extrato de um cartão pré-pago ou Comprovante de uma instituição irlandesa (Bank Draft/Postal Order).

Nós explicamos aqui no E-Dublin tudinho sobre as formas de comprovação financeira na imigração.

Exame de proficiência obrigatório

Os exames de proficiência servem não só para testar o nível de inglês, mas também para ingressar em uma universidade. © Alexey Zatevakhin | Dreamstime.com

Existe um monte de exames de proficiência de inglês, e eles são extremamente importantes para aqueles que desejam ingressar na vida acadêmica fora de seu país de origem. TIE, IELTS e Cambridge são os mais conhecidos dos intercambistas na Irlanda.

Em 2016, passou a incluir na lista de exigências para o visto de estudante a comprovação de pagamento de algum desses exames junto à carta da escola. Cada exame tem um propósito diferente e cabe ao estudante definir o mais adequado de acordo com o seu objetivo. Os preços variam de 100 a 200 euros.

Leia também: Na dúvida sobre qual exame de proficiência fazer?

Crise da acomodação

Há anos, a Irlanda vem enfrentando uma forte crise no setor imobiliário que afeta desde os nativos aos intercambistas. Encontrar uma moradia habitável e com um preço bacana, principalmente na capital Dublin, não é tarefa fácil. As vagas são disputadíssimas e, muitas vezes, o estudante acaba por viver em condições bem desconfortáveis. Estamos falando de quartos com 3 beliches, vaga de sofá cama, casas com mais de 20 pessoas e por aí vai.

De acordo com os últimos dados do CSO, Central Statistics Office, mais de 10 mil pessoas estão sem moradia na Irlanda e mais de 100 mil estão procurando uma casa para morar. Enquanto isso, o preço do aluguel continua subindo, e muito.

Leia também: O que você deve saber para morar na Irlanda em 2020?

Acontecimentos marcantes da década

Depois de passar por uma crise no setor imobiliário que causou fortes impactos na economia do país, a Irlanda deu a volta por cima poucos anos depois. © Valiantsin Korznikau | Dreamstime.com

Crescimento econômico pós-crise

Em 2009, a Irlanda passou por uma forte crise causada pelo estouro de uma bolha imobiliária, o que desencadeou em uma série de consequências. Porém, 5 anos depois, a Ilha não só se recuperou como se tornou a economia que mais cresceu na Europa em 2016. O país também se tornou pólo de multinacionais como Google, Yahoo, Facebook e Dropbox.

Abertura do mercado profissional para estrangeiros

A diversidade do mercado de trabalho irlandês tem crescido incontestavelmente nos últimos anos. Em 2016, o CSO realizou uma pesquisa que constatou mais de 300 mil trabalhadores não-nativos no país, entre os quais 6.568 eram brasileiros.

Não dá pra negar que o governo da Irlanda tem aberto cada vez mais as portas para os imigrantes quando o assunto é trabalho. Uma prova disso foi o aumento de profissões na lista de Critical Skills, onde há escassez de mão de obra na Ilha. O anúncio feito pelo Departamento de Business, Enterprise and Innovation da Irlanda, o DBI, adicionou as seguintes profissões em abril deste ano:

  • Civil engineers (engenheiros civis)
  • Quantity surveyors (topógrafo)
  • Construction project managers (gerentes de projetos de construção)
  • Mechanical and electrical engineers with BIM capabilities (Engenheiros mecânicos e elétricos com capacidades BIM – Building Information Model)
  • High Performance Directors and Coaches for high-level sports organisations (Diretores e treinadores de alto desempenho para organizações esportivas de alto nível)

Leia também: Guia: Como conseguir visto de trabalho na Irlanda

Queda na taxa de desemprego

O “boom” do empregos fez com que a taxa de desemprego na Irlanda despencasse. © Boarding1now | Dreamstime.com

Quando se trata da empregabilidade no país, os números continuam impressionando. Em 2019, as taxas de desemprego na Irlanda caíram para as mais baixas em 14 anos. Mais de 33 mil pessoas a mais estão trabalhando em comparação aos dados do ano anterior. De acordo com os últimos dados da Eurostat, site que compila estatísticas da economia europeia, a taxa de desemprego na Irlanda fechou o ano em 4,8%.

Leia também: Mercado de trabalho na Irlanda: em que apostar? 

Aumento de vistos de trabalho emitidos para brasileiros

Impossível deixar de fora uma notícia tão boa para a comunidade brasileira que sonha em trabalhar na Ilha Esmeralda. De acordo com informações do governo irlandês, foram emitidos 9649 novos vistos de trabalho para estrangeiros entre janeiro e agosto, em 2019. Destes, 917 foram para brasileiros. O Brasil fica atrás apenas da Índia no número de work permits recebidos esse ano na Irlanda.

A novela do Brexit

O primeiro capítulo se deu lá em 2016 e, até hoje, está sem um ponto final. A saída do Reino Unido da União Europeia preocupa a Irlanda no que diz respeito à possibilidade de uma fronteira física entre o país e a Irlanda do Norte, em caso de um Brexit sem acordo. O clima de suspense permanece já que os “finalmentes” foram adiados mais uma vez para janeiro de 2020.

Até o momento, o único acordo firmado é a livre circulação entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Os dois países estão diretamente ligados comercialmente, e uma separação física pode gerar muito transtorno economicamente falando, fora todo o contexto social e histórico que envolve os dois países. Um “no deal” Brexit pode inclusive aumentar a crise de acomodação que já citamos lá em cima, além impactar o mercado de trabalho por aqui.

Legalização do aborto

Em 2018, após um referendo, a população irlandesa foi às urnas e a maior parte votou pela legalização do aborto. O “sim” ganhou com mais de 1,4 milhão de votos, o que configura mais de 60% da população do país de acordo com a descriminalização da prática.

União entre casais de mesmo sexo

Casamento entre pessoas do mesmo sexo passa a ser permitido na Irlanda pelo voto popular. © Zakalinka | Dreamstime.com

Outro grande passo na Ilha foi dado em 2015, quando a Irlanda foi o primeiro país do mundo a legalizar o casamento gay por meio do voto popular. Em 2010, a união civil entre casais do mesmo sexo já havia sido reconhecida legalmente. O interessante é que, pouco tempo antes, em 1993, ser homossexual na Irlanda era ilegal.

Larissa Fontes

Jornalista, geminiana e curiosa. Dona de uma mente inquieta num corpo semi-sedentário de 20 e poucos anos. Sobrevive à base de café, música alta e papos de boteco.

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