Um dos maiores dilemas políticos e econômicos dos últimos tempos está prestes a ter um “fim”. O Brexit — termo utilizado para definir a saída do Reino Unido da União Europeia — poderá ocorrer no dia 31 de janeiro, data que o primeiro ministro britânico Boris Johnson marcou para determinar de vez a saída de UK do bloco. Mas como começou toda essa história e em que pé está? Fizemos um mini-guia sobre o assunto para você se informar sobre o assunto.
Brexit é o apelido, ou o nome reduzido, de Britain Exit, ou saíra britânica.
Em 2015, o Partido Conservador convocou um referendo realizou em 23 de junho de 2016, perguntando para a população se o Reino Unido deveria sair da União Europeia. O voto foi de 17,4 milhões a favor da saída contra 15,1 milhões que votaram pela permanência.
A maioria dos eleitores pró-Brexit disseram temer a livre circulação de imigrantes e refugiados, alegando que os cidadãos dos países mais pobres estavam recebendo empregos e benefícios que eram para favorecer os britânicos. As pequenas empresas estavam frustradas com as taxas da UE. Outros achavam que sair da UE criaria empregos. Muitos sentiram que o Reino Unido pagou mais à UE que recebeu.
Os eleitores que escolheram que o Reino Unido ficasse na União Europeia eram majoritariamente de Londres, Escócia e Irlanda do Norte.Segundo eles, o livre comércio com a UE é bom e que a maioria dos imigrantes da UE era jovem e ansiosa para trabalhar. A maioria achou que sair da UE prejudicaria o status global do Reino Unido.
Após o referendo, em 29 de março de 2017, a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, enviou à UE a notificação de retirada do Artigo 50.2 do Parlamento Europeu. O artigo diz: “um Estado-Membro que decida retirar-se (do bloco) notificará o Conselho Europeu da sua intenção (…) a União negocia e conclui um acordo com esse Estado, estabelecendo as disposições para a sua retirada, tendo em conta o quadro das suas futuras relações com a União”. A decisão entre Reino Unido e UE foi adiada várias vezes, sendo a última adiada para 31 de janeiro de 2020.
Uma das opções da saída do Reino Unido da UE é o “Brexit sem acordo”. Isso seria o desligamento do Reino Unido sem um acordo comercial. Mas a opção pode ser um caos para os países do reino, com portos bloqueados e companhias aéreas aterradas. Em pouco tempo, alimentos e medicamentos importados acabariam.
Muitos argumentam que os eleitores britânicos não entenderam as dificuldades econômicas que o Brexit imporia. Em 10 de dezembro de 2018, o Tribunal de Justiça Europeu decidiu que o Reino Unido poderia revogar unilateralmente seu pedido de Brexit para permanecer na UE. Porém isso não aconteceu e o país insistiu em continuar com o processo.
Uma das mais complicadas ações para definir um acordo com a União Europeia é a Irlanda do Norte. O país, que fica na ilha junto com a República da Irlanda, é o ponto de discórdia da maioria dos deputados britânicos. Apesar de serem países diferentes, a fronteira entre as Irlandas sempre foi aberta, de livre acesso, o que seria impossível no caso da saída do Reino Unido sem um acordo bem definido.
Em 24 de julho de 2019, Boris Johnson substituiu Theresa May como primeiro-ministro do Reino Unido. Mais empenhado do que sua antecessora, ele afirmou querer o resultado do Brexit a qualquer custo. Com o novo adiamento, em 31 de outubro de 2019, Johnson chamou para uma nova eleição geral no Reino Unido, que ocorreu em 12 de dezembro de 2019, com o intuito de obter maioria para aprovação do Brexit. O objetivo deu certo e o partido conservador de Johnson alcançou a maioria. Isso torna mais provável que o Brexit cumpra o seu Projeto de Lei de Retirada em 31 de janeiro de 2020.
O acordo de Johnson é muito semelhante ao negociado por Theresa May. O Reino Unido permanece na UE durante o período de transição até a conclusão do Brexit. Uma diferença principal é que o Reino Unido não estaria em uma “união aduaneira” com a UE Isso inclui a Irlanda do Norte, membro do Reino Unido. Mas permite que a Irlanda do Norte adote regras alfandegárias da UE de acordo com a República da Irlanda, um membro da UE. Isso evita uma borda rígida entre os dois.
A UE e o Reino Unido negociarão um acordo comercial que provavelmente imporá tarifas sobre as importações uns dos outros. Isso não se aplica a mercadorias já compradas ou em processo.
No acordo, os 3 milhões de cidadãos europeus que já vivem no Reino Unido continuarão vivendo e trabalhando no país sem visto de trabalho. Os 1,3 milhão de cidadãos do Reino Unido continuarão a fazer o mesmo na UE. Para o futuro, o Reino Unido propôs um sistema de imigração baseado nas habilidades dos trabalhadores. O Reino Unido deve pagar uma “fatura de divórcio” de 33 bilhões de libras para cumprir quaisquer compromissos financeiros restantes.
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Uma vez que o acordo seja aprovado pelo Parlamento britânico, uma cúpula especial da UE precisa aceitar o Brexit. Depois disso, a UE e o Reino Unido negociariam acordos comerciais. Uma vez ratificados pelo Parlamento do Reino Unido, o período de transição termina. A UE e o Reino Unido negociarão um acordo comercial que provavelmente imporá tarifas sobre as importações uns dos outros.
A saída do Reino Unido da União Europeia já teve resultados não satisfatórios. A incerteza sobre o Brexit diminuiu o crescimento do Reino Unido de 2,4% em 2015 para 1,5% em 2018. O governo do Reino Unido estimou que o Brexit reduziria o crescimento do Reino Unido em 6,7% em 15 anos. A libra britânica caiu de US $ 1,48 no dia do referendo para US $ 1,36 no dia seguinte. A libra, porém, pode se fortalecer assim que um acordo for aprovado, dependendo dos termos comerciais.
O Brexit eliminaria o status de livre comércio da Grã-Bretanha com os outros membros da UE. As tarifas aumentariam o custo das exportações. Isso prejudicaria os exportadores do Reino Unido à medida que seus produtos se tornassem mais caros na Europa.
As tarifas também aumentariam os preços das importações para o Reino Unido. Mais de um terço de suas importações vem da UE. Preços mais altos de importação criariam inflação e reduziriam o padrão de vida dos residentes no Reino Unido.
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O Reino Unido já está vulnerável porque as ondas de calor e as secas causadas pelo aquecimento global reduziram a produção local de alimentos. O Reino Unido perderia as vantagens das tecnologias de ponta da UE, pois o bloco concede a seus membros em proteção ambiental, pesquisa e desenvolvimento e energia.
O Brexit prejudicaria os trabalhadores mais jovens da Grã-Bretanha. Prevê-se que a Alemanha tenha uma escassez de mão-de-obra de 3 milhões de trabalhadores qualificados até 2030. Esses empregos não estarão mais tão prontamente disponíveis para os trabalhadores do Reino Unido após o Brexit. Os empregadores têm mais dificuldade em encontrar candidatos. Uma razão é que o número de trabalhadores nascidos na UE caiu 95% em 2017. Isso afetou mais as ocupações pouco qualificadas e média qualificadas.
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A Irlanda do Norte permanece com o Reino Unido e a República da Irlanda na UE. O plano de Johnson evitou uma fronteira aduaneira entre os dois países irlandeses, que poderia ter reacendido os problemas, já que foi motivo de um conflito de 30 anos entre as Irlandas principalmente entre nacionalistas irlandeses católicos e protestantes pró-britânicos. Em 1998, terminou com a promessa de não haver fronteira entre a Irlanda do Norte e a Irlanda. Uma fronteira forçaria 9.500 passageiros a passar pela alfândega a caminho do trabalho e da escola e 2.100 trabalhadores que se deslocam para a Grã-Bretanha.
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