Fazendo Body Art na Irlanda – Parte II
6 anos atrás
Seguro Viagem
Sabia que é obrigatório ter um seguro viagem para ir pra Europa?
No texto anterior contei minha experiência com tatuagem aqui na Irlanda, agora vou contar a sobre a outra, piercing.
Um dia conversando com um amigo, comentei que queria pôr um piercing. Ainda estava meio na dúvida – Nostril ou Madonna – mas não tinha levado o assunto tão a sério pelo custo de uma perfuração + piercing sair na casa dos 45 euros, o que é bem caro levando em conta o preço que foi minha tatuagem, 60 euros. Ele então comentou sobre um estúdio por esses lados que cobrava vintão. Estranhei mas fiquei bem curiosa, afinal, que açougue é esse que põe piercings por 20 euros?
Um mês depois liguei pra ele perguntando qualé que era a desse lugar. Ele que já tinha falado maravilhas do body piercer, higiene, preço e etc e etc, foi atiçando minha curiosidade. Comentei o assunto com outro amigo e aí caiu a ficha, esse valor só poderia ser sem a joia, só o furo mesmo com “álquinho” e olhe lá.
-“Fulano, esses 20 euros são sem a joia né?”
-“Não, não, está tudo incluso”.
“Eu que só acredito, o quê Sílvio? Ven-do”. Marquei com esse amigo de ir lá num sábado à tarde. O estúdio, que na verdade parece uma vendinha fica na George’s Street Arcade em Dublin 2. Quando cheguei já fui direto escolher a joia. O preço, cerca de oito euros.
Olhando para os arredores dos milhares de piercings e procurando o atendente, levei uma baita surpresa ao dar de cara com uma velhinha de 60 ou 70 anos do lado de dentro do balcão! Daí eu imaginei que ela fosse mãe ou a avó de alguém e estivesse dando uma mão, normal né, mas na olhadela seguinte, de repente, outro velhinho. “Não é ele que faz o serviço né?” Perguntei toda desconfiada – hahaha – meu amigo respondeu que: “Não, o filho dele é que é o homem das agulhas”.
Disse para o senhorzinho, que estava no comando da Body Station (esse é o nome do local), que queria um labret. Ele então me mostrou um minúsculo que eu, velha de guerra sabia que na primeira meia hora já iria me inflamar a ALMA! Eu teimei que aquele não dava e ele insistiu comigo que não podia me dar um maior porque ficaria muito grande.
A discussão rolou pelos minutos seguintes, até que eu, já meio impaciente, perguntei quanto diabos ficaria o piercing e a perfuração. Ele então mudou o discurso falando que o que eu tinha escolhido – ou melhor, o que ele estava teimando que era o meu número – ficaria pequeno (!) “Mas foi o que eu te falei, pombas!” Daí ele falou: “Não, não, você não pode levar esse pra colocar” (ainda falando do pequeno). Só me restou mesmo dar uma gargalhada daquelas com o meu amigo e concordar com o irlandês.
Depois dessa já estava me arrependendo e meu amigo só me tranquilizava dizendo que: “O cara é bom, profissional, pode confiar…”. Vamos ver né. Sentei numa cadeira ao lado dos piercings e esperei. Notei que havia uma fila com quatro pessoas na minha frente e pouco depois chegaram mais algumas depois de mim. Aí eu fiquei mais confiante, afinal, apesar do vovô nas vendas ter derrubado um pouco da minha coragem, ver uma fila se formando, era sinal de que o lugar não era nenhum açougue e o cara, nenhum carniceiro.
Chegou minha vez. O body piercer que eu já havia visto nos minutos anteriores, na casa dos seus 30 ou 40 anos, tinha enormes alargadores e uns bons piercings. Vou confessar que isso me tranquilizou um bocado! Ele pediu para que eu o acompanhasse. Eu, que imaginei que ele perfuraria ali no meio de todo mundo como aquelas atrações que a gente vê na rua, me enganei redondamente. Entrei em uma sala, maior que cinco dos estúdios em que já fui e ele fez o que eu já conhecia.
Confirmou o piercing (uma pinta no maior estilo Madonna de ser), deu um copo de enxaguante bucal, limpou a área, pegou a canetinha e perguntou onde.
Colocou a tesoura-pinça onde já tinha a pintinha feita, tirou a agulha da embalagem e mandou bala. Não senti nada. Não sei se o enxaguante já tinha um anestésico ou se ele passou algo na hora de limpar porque foi impressionante que uma agulha atravessando um centímetro de carne não doesse nadica.
Ele me deu um papel com todas as recomendações, agradeceu e falou que eu já podia ir. O processo todo, chutando na lua, deve ter dado uns 40 ou 50 segundos, foi rapidíssimo e em momento algum ele me passou pressa ou afobação, pelo contrário, foi muito calmo e simpático.
Agora pra você que ficou interessado em conferir a Body Station ficam algumas informações valiosas:
A Body Station existe há mais 20 anos e tem sim alvará de funcionamento. Além de piercings, lá você encontra também as bolinhas dos mesmos por um valor irrisório, alargadores, jóias e afins. Apesar do malentendido com o senhorzinho da recepção, o trabalho foi muito bem feito, a higiene nota dez e o preço então, 22 euros, justíssimo. Tá recomendado.
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