Pais criam seus filhos para o mundo

 

Arquivo Pessoal

Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que, com duas malas na mão, saí da casa do meu pai, chorando litros, enquanto ele, com todo seu amor, olhou nos meus olhos e disse: “Vai Lili, é para o teu bem, é por você. Vai passar rápido e nós vamos estar sempre aqui, pra tudo o que precisar.”

Foi a coisa mais linda que alguém poderia me dizer naquele momento, afinal, eu estava cheia de dúvidas, indo para outro país, sem conhecer nada, nem ninguém e ouvindo muitos pessoas dizerem que eu não estava fazendo a coisa certa.

“Vai passar rápido”, disse ele.

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E passou. Passou num piscar de olhos esses quase 8 meses. E essa semana, em uma conversa via chamada de vídeo no Facebook, meu pai e minha irmã perguntaram quando eu voltaria. Eles falaram de saudade e aí meu coração quase desmoronou.

Mesmo assim, falei sobre meus planos, da indecisão de renovar o visto ou não e até da minha vontade de morar na Europa. Foi aí que percebi o quanto o apoio das pessoas que amamos é fundamental na nossa vida. Mesmo morrendo de saudades, meu pai falou: “Lili, agora que você está aí, aproveita, fica o máximo que puder”.

E a minha irmã? Essa olhou e falou: “Nós estamos com saudades sim, estamos morrendo de saudades, mas tu vai voltar agora pra quê? Pela saudade? Não seja boba, renova teu visto e fica o máximo que puder. Agora você trabalha, pode viajar. Aproveita”.

Pode parecer bobagem, mas quem vive longe de casa sabe o quanto é difícil ficar sem o aconchego da família, sem a comida da mãe ou da avó, sem o abraço quente do pai ou até mesmo sem as intermináveis brigas com os irmãos que, em meia hora depois, já estava tudo bem. Quem vive em outro país, vai concordar comigo que os altos e baixos emocionais são tão frequentes quanto a chuva aqui em Dublin.

Mas saber que as pessoas que você mais ama te apoiam em todas as tuas decisões, independente de onde você estiver e do que que estiver fazendo, ahh… não existe sensação melhor no mundo. Sim, vou renovar meu visto por mais 8 meses. Confesso que essa decisão já estava tomada muito tempo antes da conversa com meu pai e minha irmã.

O fato é que, se eu não tivesse ouvido da boca deles as palavras de apoio, não seria a mesma coisa. Pais criam seus filhos para o mundo. Agora essa frase faz todo o sentido.

Sobre a autora:
Liliane Catto, 26 anos, gaúcha, leonina e apaixonada pela vida! Para segui-la, bastaa visitar o Latitude 53.

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