Se você é como eu que vive na área central de Dublin, ou de outra cidade na costa da Irlanda, pode ter percebido que as gaivotas — esses seres nem sempre tão simpáticos que vivem entre nós — estão muito mais barulhentas.
Nesta madrugada não foi diferente e foi difícil dormir. Já era 3h ou 4h e eu lá ouvindo os berros estridentes de gaivotas-bebês e seus pais vindos dos telhados dos prédios ao redor.
Em quase quatro anos de Irlanda eu não havia percebido tamanha gritaria desses pássaros madrugada adentro. Acordado, resolvi pesquisar o que estava acontecendo e agora vim compartilhar o que achei com vocês.
Não foi difícil encontrar um artigo sobre o tema, que tem exatamente o título acima citado entre aspas, no periódico irlandês The Journal.
“Se você acordou com o grasnar das gaivotas nas primeiras horas da manhã nos últimos meses, pode estar se perguntando – espere, há mais delas por aí? E há algo que pode ser feito a respeito desse ruído?”. É assim mesmo que começa o artigo o qual me identifiquei de imediato.
O jornalista, que aparentemente tem tido madrugadas difíceis como as minhas, conversou com Niall Hatch, membro do Birdwatch Ireland, um órgão que trabalha para conservação de espécies e habitats de aves e monitora os pássaros em diferentes ambientes.
A partir de informações deste artigo, vamos descrever o que tem acontecido e quando a vida das gaivotas — que diga-se de passagem, são inocentes na história — vai voltar ao normal.
Leia também: Como impedir que gaivotas roubem sua comida na Irlanda
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As gaivotas “herring gull” (gaivota-prateada) é a espécie de que estamos falando. São as mais tradicionais, vistas nas ruas de Dublin, seja roubando sanduíches dos turistas ou fuçando os lixos.
Elas são grandes, têm o corpo branco e cinza com o bico amarelo de ponta vermelha. Sim, se você mora na Irlanda já conhece esse perfil.
Segundo Hatch, essas gaivotas vivem na Irlanda há centenas de anos. E, por mais que pareça que o número delas cresceu, na verdade diminuiu. Ele explica que a espécie “herring gull” teve uma queda de 90% de sua população em 30 anos e consta na lista de espécies ameaçadas de extinção. Loucura, não é?
A resposta é que as aves estão se movendo para dentro dos territórios ao invés de permanecer na costa. Geralmente, elas faziam seus ninhos em ilhas na Baía de Dublin, mas esse locais hoje foram invadidos por ratos e visons, segundo Hatch explica ao The Journal, o que é uma ameaça aos ninhos das gaivotas por serem predadores naturais de ovos.
Assim, cada vez mais, elas têm se mudado, construindo seus ninhos nos telhados dos prédios mais altos da capital irlandesa.
E, claro, também é culpa nossa, dos humanos! Afinal, as gaivotas encontram comida onde deixamos. Geralmente, elas buscam alimento em sacos de lixo, encontrados aos montes nas ruas de Dublin. Como são aves que geralmente buscam o alimento nos mesmos lugares, isso faz elas ficarem próximas de onde tem comida.
O desespero das gaivotas por comida, aliás, foi observado pelo Birdwatch Ireland. Por conta de fatores como a sobrepesca severa nas águas irlandesas e as mudanças climáticas, a cadeia alimentar das gaivotas foi quebrada. Assim, elas precisam procurar outros lugares para se alimentar.
O verão é época de procriação das gaivotas. Com muito mais luz solar, elas têm mais tempo para procurar comida e alimentar seus filhotes. Segundo Hatch, elas dormem apenas uma ou duas horas por dia.
Como dissemos, as gaivotas têm cada vez mais feito ninhos no topo dos prédios de Dublin. Como são muito comunicativas — e eu bem que já percebi a tagarelagem entre elas nessas madrugadas — elas causam esse barulho todo.
Segundo o especialista, as jovens gaivotas pedem por comida aos seus pais (é aquele ‘piu’ mais agudo que ouvimos) e eles respondem com um grasnar mais acentuado. “Esse é um momento especial e vai terminar nas próximas semanas”, disse Hatch ao The Journal.
É nesse momento que os filhotes crescem e passam a se alimentar sozinhos tornando o inverno mais populoso de gaivotas em relação ao verão, mas com menos barulho.
Você pode ler muito mais curiosidades sobre esse assunto no artigo do The Journal.
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