O famoso pensamento “nem tudo são flores” parece se encaixar perfeitamente à trajetória do administrador de empresas Fabrício Correa, quando ele explica os problemas enfrentados em sua primeira experiência como intercambista, em Dublin. Infelizmente, para ele, a realidade foi bem diferente do que foi idealizado. Da acomodação à burocracia para fazer uma abertura de conta, passando por suas dificuldades de encontrar emprego, foram muitos os problemas enfrentados no seu percurso de quase um ano.
Se tivesse que dar um conselho a quem se prepara para chegar à Ilha Esmeralda, Correa aconselha que o intercambista venha preparado para os percalços que encontrará no meio do caminho. Além disso, ele aponta que o ideal é que se criem expectativas mais realistas, já que a realidade pode ser bem diferente daquele cenário que você tanto idealizou.
Segundo Correa, uma das principais dificuldades foi a falta de preparo da cidade para receber os estudantes. “Isso porque o intercâmbio é uma das principais fontes de renda da cidade”, explica. Ele, assim como muitos brasileiros que embarcam para um curso no exterior, sonhava em aproveitar os benefícios que a estadia fora do Brasil podia lhe proporcionar. Depois de sair do emprego em um banco, pensou em vários caminhos até decidir recomeçar a vida nova na Irlanda. “O principal objetivo era melhorar o meu inglês, mas, se as coisas fossem dando certo, eu iria ficar por mais tempo”.
No entanto, os sonhos acabaram se desfazendo gradativamente quando ele percebeu a burocracia que teria de enfrentar no dia a dia.
Dentre inúmeros problemas, ele aponta a dificuldade e a demora para se abrir uma conta no banco — de acordo com as regras de imigração, o intercambista é obrigado a entrar no país com 3 mil euros e só depois de depositado em uma conta em um banco local é que o valor pode ser movimentado. Então, se ele (estudante) não conseguir agilizar a abertura da conta e ficar gastando o dinheiro, corre-se o risco de não ter toda quantia em mãos na hora de fazer o depósito.
Além disso, ele cita o problema e o stress para encontrar uma moradia. Como já citamos em outros textos, a questão da acomodação em Dublin tem sido um dos maiores desafios encontrados pelos estudantes. Superlotação, preços elevados e processos de seleção por meio de entrevistas são apenas alguns exemplos enfrentados por estudantes.
Correa não precisou passar por nenhuma dessas situações, mas só encontrou casas com problemas. “Uma delas tinha até um rato. Era muito velha. Foi um verdadeiro pesadelo morar ali”. Depois de três mudanças em menos de um ano, somente na última casa é que encontrou a paz e a comodidade que buscava, mesmo dividindo o quarto com outros estudantes.
Outra decepção foi em relação ao trabalho. O fato de poder trabalhar legalmente no país por 20 horas semanais parecia um indicativo de que encontraria trabalho facilmente, o que não aconteceu. Correa logo descobriu que as coisas não funcionavam assim na Irlanda. “Se não fosse pela indicação de um amigo, eu não teria encontrado trabalho nem finalizado o meu curso de inglês. Seria obrigado a voltar para o Brasil com apenas quatro meses na Irlanda”.
Quanto ao aprendizado, Correa também faz duras críticas ao método de ensino de algumas escolas irlandesas. Aquele sonho de metodologia extraordinária, interação com o professor nativo e aprendizado muito mais acelerado também não aconteceu.
Ele afirma que teve várias discussões com professores e coordenadores do seu curso, por exigir que as aulas fossem mais dinâmicas e estimulantes para os alunos. “Tinha dias que eu ia à escola e a professora ficava dando joguinhos na classe, como se todos fôssemos alunos em processo de alfabetização”. Apesar de ter melhorado o inglês, ele diz que nem de longe é o nível que gostaria de retornar ao Brasil.
Se a experiência de Correa teve vários pontos negativos, ele também cita algumas conquistas importantes, principalmente os vínculos fortes de amizade que pretende levar para frente. Ele também vivenciou aquela sensação de segurança e liberdade tão alarmada por quem vive no exterior. Poder andar nas ruas sem a tensão de ser assaltado a qualquer momento é algo de que sentirá falta. “Aqui cada um é o que é, sem medo de ser, sem máscaras. As pessoas andam livremente e são respeitadas do jeito como são”.
Outro fator positivo refere-se à oportunidade de que, mesmo com o trabalho informal, muito aquém de sua área, ele teve a possibilidade de viajar para outros países, coisa absolutamente impossível no Brasil, já que uma viagem interna, muitas vezes, fica mais cara que uma internacional. “Esse foi o lado bom do meu intercâmbio. Fiz amigos, pude conhecer muitos outros países e nunca tive nenhum problema ao andar nas ruas mesmo de madrugada. Isso é muito bom, já que não temos essa mesma liberdade no Brasil”.
E você? Como foi a sua experiencia de intercâmbio? Conte pra gente aqui nos comentários!
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