Por que eu não voltaria para a Irlanda?

Sempre elencamos aqui o quão positivo um intercâmbio pode ser, principalmente na querida Ilha Esmeralda. Mas também consideramos importante mostrar ao máximo que a realidade não é fácil e, principalmente, que intercâmbio não é férias e que nem todos se adaptam e gostam.

Como cada pessoa tem uma experiência diferente durante esse período, nesse artigo buscamos depoimentos de quem não está tendo uma boa experiência ou já passou pela Ilha e, por algum motivo, não recomenda a Irlanda como destino ideal de intercâmbio.

Assim, com histórias reais de pessoas que já embarcaram nesse sonho, você poderá avaliar, dentro dos seus próprios objetivos, se a Irlanda é a melhor opção para você! Afinal, existem muitas opções de países e é preciso encontrar aquele que melhor se encaixa no seu perfil.

Mas e aí? Por que esses intercambistas não recomendariam a Irlanda como destino?

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Depoimentos…

Evandro Vargas, 26 anos. Morou durante 3 meses em Dublin durante 2014/2015.

“Considero que tive uma experiência negativa durante minha temporada na Irlanda, por isso não indico para quem me questiona. Meu objetivo ao ir para a Ilha já estava bem definido antes de eu embarcar e fui com a expectativa de aprender inglês para melhorar meu currículo. Então, ao chegar, após a euforia por estar em um lugar diferente e conhecer pessoas que se tornaram amigos, pude sentir as diferenças entre o que eu entendo como qualidade de vida e o que se prega como padrão de boa qualidade de vida – e como não tive isso em Dublin. Em relação ao emprego, por exemplo, tive meus piores momentos no intercâmbio quando não estive trabalhando. Depois de mais de cinco anos trabalhando numa área técnica e com crescimento continuo, é complicado aceitar que o mercado fora do Brasil nos oferece primeiramente o subemprego. Obviamente, eu sei que depende de nós buscarmos e corrermos atrás das oportunidades, mas para quem já está acostumado com uma rotina, e que vê muito futuro dentro do que faz, é um tanto desconcertante exercer uma atividade completamente diferente da que investiu durante sua vida.

Além disso, as diferenças culturais, na minha visão, não facilitavam o dia-a-dia. Me fez muita falta o clima de uma escola de samba, as palavras e expressões usadas por pessoas de diferentes regiões do Brasil e a música brasileira (mpb, samba, funk, axé), que é incrível. E, pelo Brasil ser imenso e abrigar muitas culturas diferentes, existe maior número de opções de entretenimento que não encontrei no intercâmbio e me fez muita falta. Reforço que é uma questão muito particular, mas ver que os filmes que circulavam em Dublin são os mesmo dos shoppings no Rio de Janeiro ou que as opções de teatro eram significantemente inferiores as do Brasil, não me agradava nem um pouco. Confesso que a noite de Dublin é muito animada e que existem muitas opções e estilos diferentes na animação que ocorre entre meia noite e 3 horas da manhã. É muito interessante, porém é caro para beber e quando tem que pagar entrada, fica mais caro ainda.

Mas acima disso tudo, entendo que cada um tem o seu momento e, o mais importante é saber qual é o correto. Apesar de não ter gostado da minha experiência, eu tive sorte de ter conseguido emprego no mesmo dia que cheguei ao Brasil e minha vida simplesmente voltou a ser como era antes, talvez bem melhor por outros motivos.

Sempre existem pontos positivos, mesmo com uma experiência negativa e, pra mim, foi uma constatação do quanto estou maduro e, de fato, atuando na vida adulta”.

Evandro Vargas. Créditos: Acervo pessoal.

Marci Santiago, 28 anos e vivendo em Dublin desde fevereiro de 2015.

“Minha decisão de vir pra cá foi porque, após avaliar as possibilidades, ou iria para o Canadá ficar 6 meses ou então viria pra cá e ficaria 1 ano, já que é permitido trabalhar. Infelizmente, após alguns meses aqui, não recomendaria por diversos motivos. Entre eles o custo de vida, que não é tão baixo como as agências costumam vender. É impossível ficar aqui 6 meses com 3 mil euros; o sistema bancário, que é péssimo. Só consegui o extrato bancário pra tirar meu cartão de residência (IRP)  quase 2 meses depois de abrir a conta e, claro que já não tinha mais os 3 mil euros para comprovar. Além disso, tem o emprego, que está bem saturado e que querem inglês fluente e experiência de 6 meses, com referências daqui até para cleaner, que era a minha opção, já que cheguei sem nenhum inglês.

Resumindo, abri mão de um país onde o inglês é mais fácil de ser aprendido, já que o sotaque daqui é extremamente difícil, e vim para um lugar onde o numero de brasileiros é cada vez maior.  Acho que só deve vir quem tem o sonho de vir pra cá, porque não é como é vendodo. Estou indo embora em exatos 6 meses, porque não consegui emprego”.

Antonio Davi Araújo, 33 anos, Atuava como publicitário no Brasil e, atualmente, desempregado.

“Definitivamente, Dublin não é lugar para vir casado ou namorando, pois tem a mágica de fazer as pessoas se separarem. Meus amigos que vieram namorando, ou deixaram as (os) namoradas (os) no Brasil ou se separaram aqui – e isto inclui eu, que perdi minha esposa. Além disso, a vida aqui não é fácil. As moradias podem ser caras e precárias, com muita gente em um único quarto apertado, além do excesso de brasileiro – ou seja, se é estrangeiro, dá para aprender muito bem o português por aqui.”

Davi Araújo Alves. Créditos: Acervo pessoal.

E você? Já fez seu intercâmbio na Ilha? Recomenda ou não? Nos conte sua história aqui nos comentários.

Carol Braziel

Formada em Relações Públicas e pós-graduada em MKT pela ESPM|Brasil. Com mais de seis anos de experiência em MKT, decidiu vivenciar o sonho de morar na Europa, mais precisamente na terra dos Leprechauns. Apaixonada incurável por viagens, tem como vício a leitura e pesquisa sobre destinos, curiosidades e roteiros de viagens pelo mundo.

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