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Problemas no trabalho: Caso Knights Catering

É, ser garçon não é fácil. Principalmente se tratando de um garçon de eventos, pois como não existe uma rotina, um padrão, você acaba ficando ainda mais dependente do que os gerentes combinaram com o cliente.

Vou tentar ser breve nas etapas.

Etapa 1 – O encontro.

Primeiro me mandaram um e-mail falando para se encontrar em uma estação do metro daqui. Eu não sabia onde era. Dias depois, ela me ligou e disse para eu ir para última estação do metro, e eles me buscariam lá.

Ok. 7:15 da manhã, como o combinado, estava na última estação do metro, mas… não tinha ninguem lá. Então liguei para a Gerente. Ela ligou para o irmão dela (também gerente da empresa), e me retornou.

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– Eles estão na outra estação. Vai até lá encontra-los!

Aquela coisa toda, comprei o bilhete de metro. Entrei no trêm e fiquei esperando ele sair assistindo a contagem regressiva no monitor do metro: 5, 4, 2 , 1 minutos… Atrasado! Foi quando meu telefone tocou!

– Homer, espere ai mesmo onde você está que vamos te buscar.

Sai correndo do trêm com medo das portas fecharem. Logo que saí elas fecharam e o trêm, já atrasado, saiu.

Minutos depois eles chegaram, e pegaram eu e mais duas meninas que tinham sido mandadas para aquela estação. Iniciamos nossa viagem de 3:30 para o interior da Irlanda.

Etapa 2 – “Eu nunca abriria uma empresa familiar”

Eram 4 carros indo. Eu, felizmente, fui de carona com o cozinheiro e mais uma brasileira. O cara era bem simpático e já inclusive havia namorado uma brasileira (trambiqueira) e visitado o país. Mas isso é outra história

3 horas e meia de viagem. Haja assunto para três desconhecidos. No meio dos tantos assuntos, descobri que a Knights Catering era essencialmente uma empresa familiar. O cozinheiro chefe era um irmão, a gerente administrativa era a irmã, a auxiliar de cozinha era a mãe, e o pai era o diretor.

Bom, a princípio essa poderia ser uma informação indiferente que poderia ser ignorada. Mas no meio da conversa eu fiz que questão de salientar que eu NUNCA abriria uma empresa familiar. Apenas uma opinião pessoal, baseada na minha experiencia na Anhembi Morumbi, que mesmo depois de 30 anos de história de sucesso e uma carteira de alunos invejável, tinha problemas administrativos por questões familiares.

Etapa 3 – Servindo a refeição

Simples assim:

  1. Tirar o pedido;
  2. Cada mesa tinha 11 ou 12 pessoas, e éramos 6 garçons. Cada garçon pega 2 pratos e serve-se uma mesa por vez

Seria simples se a gerente não tivesse complicado. Quiz colocar pressa onde não havia e bagunçou toda a entrega dos pratos. Em vez de esperar todos voltarem a cozinha para distribuir os pratos e dizer que mesa deveria recebe-los, cada garçon que chegava recebia os pratos e já tinha que sair correndo de volta para as mesas. Por que a pressa? Não sei, eram 9 mesas apenas, se fizesse organizado duraria 5 minutos e sem erros. Demoramos 10 e fizemos várias viagens desnecessárias por levar pratos errados.

Depois desse momento de maior transtorno, tudo ficou mais tranquilo. Exceto pelo clima entre os membros da família.

Etapa 4 – O drama da volta para casa

21:30. Tudo terminado. Todas as coisas dentro do furgão, todos trocados. Tudo pronto para sair.

Exceto por um saco de lixo, que caiu na minha mão para jogar no lixo em algum lugar. “Onde é a lixeira?”…. Alguém diz: “Ah, deve ser pra lá”.

Então fui pra “lá”. E “lá” estava a irmã gerente em seu carro (eu deveria voltar de carona com ela), eu perguntei:

– Onde eu jogo lixo?
– Não vai trazer isso pro meu carro né?

Eu não entendi bem a resposta no começo, mas tudo bem. Voltei com o saco de lixo. Ai o irmão colocou o saco no vagão e estávamos prontos para partir.

Quando chegasse de volta em Dublin, eu iria pegar carona com uma das meninas que trabalharam de garconete. Portando, fazia sentido que viajássemos de volta para Dublin no mesmo carro.

No tempo de eu falar isso para ela e pedir para uma outra pessoa ir de carona com irmã gerente, a mesma, irmã gerente, pára com o carro um pouco mais abaixo me chamando para ir logo para o carro.

Olhei pra um lado, quando olhei de volta para a irmã gerente ela já tinha ido.

Detalhe. Eram 3 carros. sendo que: A mãe ia para outro lugar em Dublin, e no furgão só caberia mais 2 pessoas.

Nessa situação, ficamos 3 pessoas para voltar no furgão, que no caso só caberia 2.

O irmão ligou para a irmã.

– Irmã, volte! Não tem espaco pra todo mundo.
– Não vou voltar p%- Não vou voltar p%$&$ nenhuma! – telefone ligado no viva voz do furgão.
amp;$ nenhuma! – telefone ligado no viva voz do furgão.
– Irmã, volte. A gente precisa que você volte – disse o irmão com uma calma invejável!
– Não vou voltar! Ele não quis ficar enrolando? Agora deixa ela aí!
– Volta agora, você precisa voltar.
– Não vou voltar, deixa ele aí…

Tu…tu…tu….

Desligou o telefone.

Final da história, como os três que sobraram iam voltar juntos quando chegassem em Dublin, fomos todos no carro da mãe. Dessa forma, só um desviaria seu caminho para nos deixar em algum lugar.

No caminho de volta, a mãe reclamou da filha. Falando que ela não tinha experiência e tal.

Moral da história:
Se para ser um profissional você precisa ser profissionalista, para se trabalhar em família você tem que ser 10 vezes mais. Imagina se não tivesse mesmo espaço para 3? Fazer uma viagem de 3 horas e meia espremidos, sem cinto, etc…

Artigo originalmente publicado no dia 16 de agosto de 2008 em www.homerocarmona.com.

Edu Giansante

Fundador e CEO do edublin, Edu chegou na Irlanda em 2008, no ano pré-crise, pegou a nevasca de 2010 e comeu cérebro de cabra em Marrakesh. O Edu também é baterista da banda Irlandesa Medz.

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