Au Pair Na Europa: Tudo o que você precisa saber

Trabalhar como Au Pair durante o intercâmbio é algo bem comum, principalmente entre as meninas. Além de ajudar a bancar o custo de vida no país, essa é uma oportunidade para se inteirar com a cultura e população local e também aprimorar seus conhecimentos do idioma.

Portanto, se você curte estar ao redor de crianças, nós preparamos um guia com as informações que você precisa saber para atuar como Au Pair na Europa.

Au Pair pode ser uma maneira econômica para jovens fazerem intercâmbio. Foto: Volodymyr Tverdokhlib | Dreamstime

Afinal, o que é Au Pair?

Au Pair é o nome dado a um programa de trabalho e intercâmbio direcionado especialmente ao sexo feminino. Muitas vezes esses programas são direcionados a participantes com idade máxima entre 26 e 30 anos.

A au pair passa a conviver com uma família no exterior e será responsável por acompanhar a rotina das crianças que vivem na casa.

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Programas de Au Pair são populares na Europa?

Quando se fala em Au pair, os Estados Unidos certamente são o primeiro país a vir em nossa mente. Entretanto, essa é uma prática bastante comum em muitos países europeus.

Na verdade, trabalhar como Au pair na Europa pode, inclusive, ser menos burocrático do que em território americano. Atualmente, os países europeus onde é possível participar do programa são: Irlanda, Reino Unido, Áustria, Itália, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Espanha, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Liechtenstein e Suécia.

Entretanto, apesar dessa extensa lista de países onde as Au Pair são bem-vindas, é importante destacar que nem todos regulamentam a função. Infelizmente, a maioria desses países não possui uma legislação que proteja os direitos dessas trabalhadoras.

Países onde o programa de Au Pair é regulamentado

Quais países europeus saíram a frente na regulamentação dessa categoria trabalhista? Existem lugares onde as au pair são, de fato, respeitadas como profissionais? Atualmente apenas França, Alemanha e Holanda possuem uma legislação que regulamenta o setor.

Portanto, vamos mostrar alguns exemplos de países europeus onde a au pair é reconhecida e possui seus direitos e deveres como em qualquer outra categoria profissional. Entenda agora como funcionam as regras nesses países:

França

Desde setembro de 1971 a França conta com uma legislação que regulamenta e define claramente as funções de au pair.

Por lá, o trabalho de au pair está sempre vinculado ao aprendizado do idioma francês e é aberto a estrangeiros de qualquer nacionalidade. Apesar de ser mais popular entre meninas, não há restrição de sexo para se candidatar a uma vaga.

Entre os pré-requisitos para participar do programa estão: ter entre 18 a 30 anos, possuir um mínimo de conhecimento prévio do idioma francês e ter sido aprovado no vestibular no país de origem.

Ao contrário do que acontece na Irlanda, para ser au pair na França é necessário encontrar uma família e firmar um contrato de trabalho antes mesmo de embarcar para o país. Este contrato vai listar todos os direitos e deveres da au pair e estipular a carga horária máxima de trabalho, sendo 5 horas diárias e 30 horas semanais. O programa não deve ter duração inferior a três meses nem superior a um ano. Porém, os contratos podem ser renovados por mais seis meses.

Em contrapartida, a família tem a obrigação de fornecer moradia, alimentação e a remuneração mínima de 80 euros por semana. Claro que esse valor pode ser superior, entretanto não espere que a categoria seja muito bem remunerada na França.

Também é essencial se inscrever em uma escola de francês com carga horária mínima de 10 horas semanais. O valor do curso pode ser pago tanto pela família quanto pela estudante.

Caso haja algum atrito com a família durante o programa ou interesse no rompimento do contrato, é necessário  cumprir aviso prévio de duas semanas. Caso o problema seja muito grave, essa regra pode ser desconsiderada. Se interessou? Confira aqui o passo a passo para ser au pair na França.

Alemanha

Assim como na França, o ponta-pé inicial para se tornar au pair na Alemanha é encontrar uma família. Também há um limite de idade para participar do programa no país, restringindo a idade dos candidatos a 24 anos. Além disso, é necessário ter ensino médio completo e ter conhecimentos básicos do idioma alemão, que devem ser comprovados com a realização de um teste de nível.

O próximo passo é solicitar o visto no consulado alemão mais próximo de sua cidade. Para isso são solicitados passaporte, certificado de conhecimento da língua, contrato de trabalho e duas fotos 3×4.

Os contratos devem ter a duração mínima de seis meses e máxima de um ano, e garantem 1 mês de férias pagas por ano trabalhado. A carga horária de trabalho pode chegar a 6 horas diárias, não ultrapassando 30 horas semanais.

Além de arcar com os custos de moradia, alimentação e seguro saúde, a família é obrigada a contribuir mensalmente com 50 euros para o curso de idioma da au pair. Com relação ao salário mínimo, infelizmente o valor também é baixo, correspondendo a 260 euros mensais.

Confira aqui os detalhes sobre como funciona ser au pair na Alemanha.

Holanda

Num aspecto geral, as regras para ser au pair na Holanda são semelhantes às estipuladas pela França e Alemanha. Entre os pré-requisitos está ser solteiro, sem filhos, não ter solicitado visto de estudante anteriormente no país, ter conhecimentos básicos do inglês e idade entre 18 e 30 anos.

O limite máximo que uma au pair pode ficar na Holanda é de 12 meses, os quais devem ser aproveitados para aprender o idioma local e se inteirar sobre a cultura do país.

Também é necessário encontrar uma família antes de embarcar para o país. Entretanto, ao contrário da França e Alemanha, na Holanda é obrigatória a contratação de uma agência. Para evitar abusos, a lei holandesa limita a 34 euros o valor máximo que as agências podem cobrar para prestar o serviço aos candidatos pela vaga de au pair.

Para consultar a documentação exigida e detalhes do visto, consulte a regulamentação oficial aqui.

Enquanto isso, na Irlanda

Em meio às denúncias sobre casos de exploração trabalhista na Irlanda, uma notícia trouxe um pouco de alegria para as comunidades e grupos que buscam melhores condições trabalhistas para as au pairs por aqui. Segundo o anúncio do ministério do trabalho irlandês, não importa que nome seja dado a esses profissionais, “nannies, au pair, childminder, etc.”, eles possuem os mesmos direitos legais como profissionais sob a lei irlandesa e devem ser respeitados como tal, sendo inseridos na categoria de Domestic Workers.

A medida surge após anos de esforços dos grupos de apoio a categoria, que buscam melhores condições de trabalho para as au pairs no país, sobretudo contra os muitos casos de exploração existente no setor. Porém, essa é apenas mais um conquistas das muitas em pauta!

Como nós já abordamos no E-Dubllin, a falta de regulamentação da função de au pair na Irlanda já foi motivo de protestos em prol dos direitos desses trabalhadores. Como consequência, o tema tem atraído a atenção de órgãos de proteção aos imigrantes no país e também da mídia irlandesa. Mesmo assim, ainda não há sinal das autoridades para que essa situação seja oficialmente regularizada em um futuro próximo.

Cuidado com os abusos

Infelizmente ainda são muitos os casos relatados de abusos e exploração de meninas que trabalham como Au Pair em países onde o programa não é regulamentado pelo governo.

Assim, se você está planejando embarcar num programa de Au Pair no exterior. Em caso de dúvidas, investigue a fundo a família e a reputação da agência, tenha seus direitos e deveres na ponta na língua e nunca deixe de manter contato com a sua família aqui no Brasil.

Não deixe de informar sua família e amigos próximos sobre onde irá morar e os dados das pessoas que irão te hospedar. Mesmo que nunca se espere que coisas ruins aconteçam, prevenção nunca é demais.

Se o seu objetivo é ser Au Pair na Irlanda, por exemplo, O  Migrant Rights Centre Ireland, o  Au Pair Rights Ireland e o Au Pair World Safety, são alguns dos canais mais importantes disponíveis para buscar informações e ajuda.

Vantagens e desvantagens de ser Au Pair

Embarcar num programa de Au Pair pode ser uma das maneiras mais econômicas de estudar fora do país e aprender outro idioma. Afinal, a maioria dos programas inclui alimentação, moradia e um salário.

Além disso, a convivência constante com os membros de uma família nativa vai te ajudar a assimilar a cultura local, o idioma e costumes muito mais rápido.

Por outro lado, nem tudo será fácil. A falta de familiaridade com o idioma local, por exemplo, pode tornar a comunicação mais difícil e frustrante nos primeiros meses do programa. A Au Pair também pode se sentir desconfortável por ter que morar e trabalhar na casa de pessoas estranhas, que são seus chefes.

Geralmente os três primeiros meses são os cruciais para que a Au Pair se adapte ao local, a rotina e transforme aqueles estranhos em pessoas comuns.

Também tenha em mente que você precisa avaliar muito bem antes de ir morar com a família, pois, obviamente, sua liberdade também será afetada. É comum ver pessoas reclamando que acabam trabalhando no final de semana por morar com a família ou que tem horários bem restritos.

Estados Unidos

Os Estados Unidos é um dos mais populares destinos para programas de Au Pair. Se você tem curiosidade em saber como é atuar nessa área por lá, não deixe de ouvir esse E-Dublincast que preparamos sobre o tema. Confira!

Para quem está na Irlanda e pretende buscar uma vaga de au pair, vale antes acessar os órgãos de apoio a categoria para saber como se proteger de explorações e abusos recorrentes no setor.

Links úteis:

Aupair Right Ireland

Migrant Right Center Ireland – MRCI

Revisado por Tarcisio Junior

Elizabeth Gonçalves

Jornalista viciada em cinema, música e literatura. Paulistana, se apaixonou por Dublin, onde mora há cinco anos e sonha em fazer uma viagem de volta ao mundo.

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