Agora que finalmente a “novela” Brexit chegou ao fim é hora de ficar de olho as implicações que o acordo trará, principalmente o impacto nas empresas irlandesas. Estudos feitos na Irlanda e Irlanda do Norte mostram que a maior parte das PMEs (Pequenas e Médias Empresas) não tem planos concretos para lidar com as consequências do Brexit. O que isso significa na prática?
Uma pesquisa realizada pelo Department of Business, Enterprise and Innovation (Departamento de Negócios, Empresa e Inovação) da Irlanda, em parcerias com a Behavior and Attitudes, forneceu resultados a partir do envio de questionários a mais de 1.000 PMEs (Pequenas e Médias Empresas), entre setembro e outubro de 2019. O objetivo da pesquisa foi reunir informações sobre o impacto atual e antecipado do Brexit na Irlanda.
De acordo com o estudo, 72% das empresas disseram que sofrerão algum impacto com o Brexit. O número sobe para 85% no caso de um Brexit sem acordo. Quase 50% das PMEs disseram que podem ser impactadas por questões alfandegárias, mas apenas 10% tomaram medidas para resolver a questão.
A pesquisa também questionou se já houve algum impacto sofrido pelas PMEs mesmo antes da resolução do Brexit. A maioria disse que sim. Foram 13% que responderam já terem sentido um impacto significativo e 39% que reportaram “algum impacto” por causa do impasse sobre a saída do Reino Unido da UE. Quase metade, 48%, porém, disse não ter sentido impacto algum.
Mesmo com o desejo de investir e crescer durante o ano de 2019, muitas empresas decidiram esperar o Brexit para tomar alguma decisão mais significativa. Foram 32% das PMEs que adiaram uma decisão ou investimento comercial, enquanto 17% aceleraram seu crescimento antes da decisão final sobre UK e UE. Empresas que possuem negócios de exportação foram as que mais ficaram estáticas.
Segundo o estudo, o maior impacto do Brexit vai ocorrer com médias empresas, ou seja, aquelas que possuem mais de 50 funcionários. As ligadas a algum tipo de exportação ou importação, principalmente do e para o Reino Unido, também terão maior impacto por conta do Brexit. Empresas relacionadas à indústria alimentícia e aquelas que estão em regiões de fronteira com a Irlanda do Norte também podem sofrer mais.
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As discussões sobre o Brexit continuam aumentando nos negócios. Um adicional de 14% das PME foi atraído para o debate nos últimos 6 meses. Foram 77% das empresas que discutiram o Brexit em seus negócios (86% delas com negócios de exportações ao Reino Unido). As principais áreas de debate e preocupação são a cadeia de suprimentos, tarifas e protocolos alfandegários. Mais da metade, 66%, buscou informações participando de um workshop, solicitando algum suporte ou fazendo leituras de informações sobre o assunto.
Se a maioria está discutindo ou se informando, uma minoria está preparada. Apenas 31% disse já ter tomado algum tipo de ação. Isso ocorre principalmente na cadeia de suprimentos (16%), declarações alfandegárias (10%), tarifas (7%) e expedição de carga (6%). Entre elas, 21% treinam alguém internamente para lidar com o Brexit. Segundo a pesquisa, ainda é difícil para as PMEs agirem quando os desafios ainda não são conhecidos.
Em uma outra pesquisa, realizada quadrimestralmente pelo AIB Brexit Sentiment Index, baseada nos resultados de entrevistas telefônicas com 500 PMEs na República da Irlanda e 200 na Irlanda do Norte, mostrou que 7% das empresas dizem ter um plano e 51% estão realizando pesquisas a respeito antes de tomar alguma decisão. Segundo o estudo, os empresários disseram não querer gastar tempo e dinheiro em um plano quando não sabem o que vai acontecer. Os resultados são do terceiro quadrimestre de 2019
O AIB Brexit Sentiment Index também mostra que três quartos das empresas irlandesas estão preocupadas com o futuro de seus negócios e 86% prevêem um impacto negativo para a economia em geral na Irlanda. Empresas de manufatura e transporte estão entre as mais negativas. Segundo a pesquisa, as preocupações das empresas estão em torno de suas exportações, pois existe muita demanda para o Reino Unido. Na sequência vem o setor de transportes, com uma negativa forte em relação ao Brexit, preocupado principalmente com a interrupção do fluxo livre de mercadorias e taxas alfandegárias.
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Entre as pequenas empresas, 14% adiaram os empréstimos bancários para capital de giro. Firmas irlandesas que planejavam aumentar suas operações, 50% cancelaram ou postergaram esses planos, sendo 66% na Irlanda do Norte.
O Department of Business, Enterprise and Innovation (Departamento de Negócios, Empresa e Inovação) da Irlanda criou um checklist com diversas questões que auxilia as empresas na preparação para o Brexit. São perguntas sobre alfâdega, questões sanitárias, tipo de frete e transporte, certificação de produtos, suporte financeiro, entre outros pontos que o empresário deve ticar para saber se já foi resolvido dentro de sua companhia.
Em outra parte, o documento traz uma grande lista de corporações, institutos, órgãos e demais tipos de suporte aos empresários para que eles possam lidar com os problemas relacionados ao Brexit, com telefones, websites e outras informações.
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O governo também lançou um hotsite exclusivo sobre o assunto, o Getting Ireland Brexit Ready. Na abertura do site, eles explicam: “Se você é um cidadão preocupado ou se pergunta como o Brexit pode afetar seus negócios, o objetivo deste site do governo é ajudar você a se preparar.”
O site é uma ampliação do checklist com informações ainda mais detalhadas para entender tudo sobre como o Brexit vai afetar a Irlanda, reunindo artigos, dicas, consultas, contatos, entre muitos outros tipos de informações.
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