Quebrando “pre-conceitos” no intercâmbio
8 anos atrás
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Encarar um intercâmbio também significa quebrar tabus, preconceitos e, principalmente, se adaptar ao novo! E é sobre isso que quero falar hoje, mesmo porque, encarar um intercâmbio com quase 40 certamente te ensinará muito sobre rever os seus conceitos!
Dublin é uma cidade cosmopolita e cheia de etnias – tem, literalmente, gente de toda parte do mundo. Aqui você encontra, além dos brasileiros, muitos asiáticos, latinos, indianos e de várias partes do continente europeu como poloneses, alemães, franceses e por aí vai. Diante dessa mistura de gente, cores e raças, devemos estar preparados para conviver com as diferenças.
Logo que cheguei fiquei impressionado com visual dos nativos da cidade. Além do cabelo ruivo – cor natural dos irlandeses -, vi muita gente usando cabelos em tons bem incomuns aos olhos de quem, como eu, viveu a maior parte da vida no interior. Na Irlanda me deparei com um festival de cores: pink, azuis, verdes, coloridos, descoloridos, etc., e tenho que confessar, fiquei um tanto chocado.
O mais curioso é que a moda por aqui não se limita aos mais jovens. Ela circula também entre os mais vividos. Chegando aqui aos 40 e com um estilo muito mais conservador, tive que, aos pouquinhos, me adaptar à mordernidade europeia.
Preconceito? Não posso negar! Está aí uma das coisas que certamente pode passar despercebido entre a garotada, mesmo porque tenho observado que muitos intercambistas brasileiros rapidamente entram na onda. Mas, para um quase quarentão, o processo pode não ser tão simples assim.
Como vim do interior, tatuagens e piercings não eram coisas tão comuns, nem mesmo entre os jovens. Então imagine você desembarcar por aqui e ver muita gente da minha idade com tatuagens enormes pelo corpo? Preciso de um desconto, vai!
É super engraçado você entrar em um estabelecimento público ou até mesmo em uma loja e, de repente, o atendente chegar com mil tatuagens e piercings no rosto completamente à mostra. No Brasil, apesar de serem cada vez mais popular, quando se trata de ambientes profissionais, as tatuagens e piercings ainda são geralmente mantidas com discrição na maioria dos casos. Como sabemos, há locais que nem mesmo são permitidos. Porém, aqui na Europa a coisa parece muito mais aberta e aceitável.
Mas não são apenas as transformações corporais que chamaram a minha atenção em Dublin. Percebo que aqui, mesmo sendo um país católico e com toda a história acerca disso, os homossexuais possuem muito mais liberdade de ir e vir e expressar seu afeto em todo lugar. Seja nos points tipicamente gays ou nos tidos como “heteros”, todos possuem espaço, sem grandes problemas. Ninguém fica olhando ou apontando.
Quer um exemplo de mais uma cena bem difícil de ver no Brasil? Pense em um executivo sentado em um banco qualquer, comendo uma baguete em plena luz do dia, vestido com o seu terno e gravata. Pensou? Cenas como essas são super comuns por aqui. O mesmo estranhamento pode surgir ao imaginar o mesmo executivo, depois de um dia de trabalho, voltando para casa pedalando uma Dublin Bike. No Brasil, a posição social quase sempre está diretamente ligada a posses, carros de luxo e ostentação. Por aqui percebo que nem sempre essa relação é tão evidente.
Dessa forma, deixo a dica para aqueles que, como eu, vem de locais mais conservadores: Abram suas mentes, pois a diversidade aqui na Irlanda é posta em prática, e coisas que você estranharia no Brasil podem ser bem comuns por aqui!
Eu continuo me adaptando, evitando o pre-julgamento, vendo as coisas de uma maneira mais pluralizada e, principalmente, revendo alguns dos meus conceitos. Pra ser bem sincero, o que foi um espanto pra mim nas primeiras semanas, aos poucos começou a ser natural. Mas não dá para omitir, um intercambista mais maduro certamente precisará de um tempo maior para processar toda essa novidade.
Esse texto faz parte da série Dublin para Maiores, assinado pelo nosso colunista Fabiano de Araújo e conta a perspectiva daqueles que decidem fazer intercâmbio na maturidade.
Sobre o autor:
Fabiano de Araújo é gaúcho de carteirinha, mas catarinense de coração. Formado em Comércio Exterior, trabalhou 10 anos com exportação. Um belo dia resolveu largar tudo e encarar um intercambio próximo dos 40 anos, como forma de entrar na melhor idade realizando sonhos. Amante por viagens inesperadas está sempre com uma mochila pronta para encarar desafios. Resolveu compartilhar de sua aventura com os demais por acreditar que nunca é tarde para realizar sonhos.
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