Nosso convidado de hoje é paulista de coração, tem um irmão mais novo de dois anos, um cachorro e milhares de livros. Tem um bom coração, é pisciano e chorão. Largou a família e os amigos para se aventurar mundo a fora. Formado em jornalismo, trabalhou na área e é apaixonado por moda e música. Em seu celular tem mais de mil músicas, e não o larga. Se desprendeu de tudo para ir atrás de seu grande sonho: a vida em outra cultura, outra realidade… e o destino escolhido? Adivinha?
Por Bruno Ricardo
Colaboração: Fabiano de Araújo
Ao decidir fazer intercâmbio, é preciso pesquisar para entender como ele realmente é. E sempre ter os pés no chão.
Quando você resolve sair do seu país para começar uma nova aventura, duas coisas farão você sofrer logo de início: começar a fazer as malas – você nunca saberá se o que está levando será o suficiente, e desembarcar em um lugar onde a língua predominante não é aquela que você aprendeu desde pequeno. É tudo novo e, também, tudo estranho.
E também não é muito fácil deixar tudo o que se tem para trás. Eu, aos 24 anos, já era formado em jornalismo e trabalhava na minha área. Especificamente, em uma agência de comunicação interna, em São Paulo. Decidi largar tudo e encarar o intercâmbio com o objetivo de adquirir o segundo idioma e, claro, poder viajar pela Europa.
Assim como muitos, eu vim para a Irlanda com uma ideia do que era o inglês e chegando aqui percebi que não era bem assim. Que meu nível não era “quase intermediário”, que eu estava longe de entender o que as pessoas diziam e que eu não ia falar inglês tão rápido como eu pensava, ou melhor, como meus pais e amigos achavam.
A verdade é que ao chegar em Dublin e me deparar com essa realidade, eu até pensei em voltar. Apesar de estar encantado com tudo, a saudade era imensa e os desafios dos primeiros dias me fizeram balançar. Mas, aos poucos, fui me acostumando. Por sorte, fiz amigos aqui – que estavam na mesma. Amigos do intercâmbio que espero levar para a vida.
Minha ficha sobre o que realmente era o inglês só foi cair quando eu fui à escola. Ao fazer a entrevista para saber em qual nível eu me encaixava, não me saí nada bem. Não consegui responder quase nada. Foi então que parei e aceitei: “Espera aí, eu estou muito mal no inglês”. Fiz a entrevista e recebi um e-mail da secretaria me informando que eu estava no Elementary, o que para mim não parecia tão ruim assim.
Dois dias depois da entrevista eu estava lá, sentado na sala de aula, olhando pela janela, um tanto envergonhado, à espera do professor. Foi como se minha vida passasse diante de meus olhos e a sensação de incerteza pairasse no ar. Acredite, não foi fácil.
Tudo era tão novo! Muito inglês, muita gramática e mais inglês de novo. Entender o que o professor dizia era uma tortura e foi aí que eu percebi que o glamour de aprender um idioma novo está só nas nossas expectativas. Eu teria é que ralar e muito para desenrolar a língua e fluir no idioma.
E não pense que a gramática será estudada calmamente, porque não será. No way! Aprende-se muita coisa, tudo ao mesmo tempo, e se você não se dedicar e estudar de verdade a situação fica bem complicada. Minha estratégia foi fazer amizade com os gringos para treinar também nas horas vagas. After all, are we here to learn, right? Yes!
O que parecia assustador no princípio foi tomando forma no decorrer dos meses. Ao final do primeiro trimestre na escola, eu já havia subido de nível três vezes. Do Elementary, fui para o Pre-Intermediate e para depois para o Intermediate. Sim, isso em três meses. Algumas pessoas seguiram esse ritmo, também.
O fato é que, mesmo quando o nível é muito básico, a pessoa consegue evoluir e aprender. Talvez a fluência tão sonhada exija um pouco mais de tempo e, claro, depende do ritmo de cada um. Mas como muita dedicação e horas de estudo dentro e fora da sala de aula, todo mundo consegue voltar para casa se articulando muito melhor em inglês.
Me lembro claramente do momento em que fui apresentado aos verbos irregulares. Quando o professor me entregou aquela folha dizendo que eu teria que gravar um a um, a minha reação foi: Are you kidding me? Really? This can’t be real. No. I can’t!
Dei risada, demos risadas juntos e eu fui mal numa prova com os tais verbos. Olha que legal a vida! Mais a frente percebi que não seria tão difícil assim e que com um pouco de paciência conseguiria aprender aqueles “milhares” de verbos. Ok, não todos, mas pelo menos a maioria deles. E isso acontece naturalmente, sem pânico, com o dia a dia, com o acúmulo de vocabulário que, para quem vive no local da língua, aumenta de forma assustadora. Sabe aquela história de que um mês no país estrangeiro equivale a seis meses de aula no Brasil? É bem por aí.
Por isso não se desespere com os desafios que surgirão pelo caminho. Eu consegui, outros conseguiram, a Irlanda está bombando de brasileiros na mesma situação e você, meu amigo, não estará sozinho nessa.
E quer saber? Se você não entender o que os irlandeses falam, você não será o único. Acredite! Muitas vezes eles mesmos não se entendem. Sem falar na infinidade de gírias, o que leva tempo para aprender. Não se abale, porque o ideal é tentar, dar a cara a bater, não ter receio de errar e aprender com os acertos e principalmente com os erros.
É ser feliz e aproveitar o melhor que o intercâmbio tem a oferecer – e, acredite, tem e muito! Good luck!
Ficou com vontade de fazer intercâmbio? Comece por aqui!
A série Meu Intercâmbio conta com a colaboração do repórter Fabiano de Araújo e tem o objetivo de dar oportunidade a estudantes que estão vivendo a experiência de intercâmbio na Irlanda, de contar suas histórias, alegrias e perrengues como intercambistas. Se você também quer compartilhar como tem sido a sua nova vida desse lado do globo, basta entrar em contato com: jornalismo@edublin.com.br
Revisado por Tarcísio Junior
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