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Religião, intercâmbio e os benefícios para o seu inglês

Que a Irlanda é conhecida pelos seus pubs e noites agitadas, muita gente já sabe. Mas e como fica para aqueles que não fazem parte da ala noturna e estão mais voltados para uma doutrina religiosa? Existe uma Irlanda para quem curte uma programação mais voltada para a fé? Quem responde é o paulista Antônio Evangelista, 30 anos, graduado em Gestão Empresarial e Técnico em Regência de Coral.

Por Antônio Evangelista
Colaboração: Fabiano de Araújo

Foto: Arquivo pessoal

Ao contrário de muitos que pesquisaram exaustivamente para planejar seu intercâmbio, eu não pesquisei nada sobre a Irlanda, muito menos sobre Dublin. Comigo foi assim: fechei o pacote que achei conveniente e vim. O aprendizado da segunda língua era a minha prioridade, mas já cheguei na Irlanda também disposto a encontrar a congregação religiosa que frequentava no Brasil.

O mais curioso foi que, ao encontrar um lugar para a minha prática religiosa, acabei percebendo que a igreja também é uma oportunidade de aprender o idioma local. O primeiro impacto foi lidar com o culto 100% em inglês. Com um listening quase zero, não entendia nada. Mesmo assim gostei da liturgia e das canções – inclusive até já conhecia algumas pelo fato de ser regente de coral no Brasil.

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Foto: Jef Nascimento

Confesso que apesar de estar ávido pelo contato com os locais, no começo escolhi a igreja que tinha mais brasileiros – e foi uma ótima escolha que fiz, pois me senti em casa. Conheci muitos estudantes como eu, que hoje considero como minha família do intercâmbio. Por meio deles, pude rapidamente perceber que o intercâmbio não seria fácil, mas que conviver com pessoas que compartilham o mesmo processo e também a mesma fé ajudaria muito.

O tempo foi passando e também percebi que quanto mais eu me relacionava com pessoas de outras nacionalidades, mais eu me beneficiava com o inglês. No início, a dificuldade na comunicação era grande, já que muitas vezes eu era o único brasileiro do círculo de conversas. Mas, de uma forma ou outra, eu sempre dava um jeitinho de me fazer entender e de entender os outros.

Foto: Jef Nascimento

Conheci algumas pessoas de uma comunidade cristã africana em Dublin e, por sempre estar envolvido com a música, recebi o convite para cantar em um evento musical. Como eu não tinha nenhuma música em inglês preparada, a organização me pediu para cantar algo em português mesmo. Confesso ter ficado chateado, pois queria muito cantar em inglês naquele momento. Foi então que os participantes sugeriram que eu cantasse uma melodia com os demais no final do evento. Esse dia foi muito especial, pois foi a primeira vez que cantei em inglês para um grande público e isso me motivou ainda mais a aprender outras canções em inglês e, consequentemente, acelerar o aprendizado do idioma.

Foto: Oluto Photography

A partir desse evento, fui conquistando pouco a pouco mais confiança com o idioma e acabei montando um quinteto com três africanos  e outro brasileiro. Com o quinteto, tivemos a oportunidade de visitar outras cidades do interior da Irlanda para participar de eventos relacionados à igreja. Uma experiência valiosa que me rendeu grandes momentos, como quando fomos convidados para cantar em um acampamento onde havia muita gente de outras comunidades da nossa igreja, especialmente muitas delas vindas do leste europeu. Outro momento marcante em minha vida foi o convite de uma igreja de Filipinos para ensaiar um coral e ensiná-los a harmonia vocal.

Foto: Arquivo pessoal

O desafio foi imenso, já que as aulas eram ministradas em inglês, mas pouco a pouco fui me sentindo mais seguro e realizado em poder compartilhar e transmitir o meu conhecimento para pessoas vindas de um país tão particular. Além do trabalho, surgiu uma grande amizade e mais uma oportunidade de amadurecer o inglês com os temas que tínhamos em comum. Aprendi muito sobre a cultura e recebi muito carinho. No fim acabei me tornando o “filho adotivo brasileiro”.

Essa experiência de intercâmbio me mostrou coisas muito importantes. A primeira, que você não precisa tirar férias de sua doutrina religiosa por estar em outro país e, ainda mais importante, pode usá-la como uma ferramenta a mais para se familiarizar com o novo idioma. Muitos podem pensar ter sido fácil para mim, pela questão musical, porém existem muitas coisas que podem ser realizadas, assim como outros grupos com atividades distintas.

Foto: Divulgação / Arquivo pessoal

De certo, conviver com pessoas que compartilham dos mesmos valores que você também ajuda no processo de adaptação no país distante. É claro que o intercâmbio também é uma grande oportunidade para abrir a mente e quebrar alguns velhos paradigmas. Isso acontece e é muito gratificante. Nos dois anos de Irlanda, também convivi com pessoas fora do meu núcleo religioso e cada uma delas acrescentou muito na minha experiência. Porém, em alguns momentos conversar com alguém que vai entender exatamente o que você está sentindo e porque está sentindo, é reconfortante.

Foto: Arquivo pessoal

Para mim, ter frequentado a minha denominação religiosa durante o intercâmbio me proporcionou a oportunidade de estar em contato com a língua inglesa, de aumentar o meu vocabulário e também o meu networking.

A série Meu Intercâmbio conta com a colaboração do repórter Fabiano de Araújo e tem o objetivo de dar oportunidade a estudantes que estão vivendo a experiência de intercâmbio na Irlanda, de contar suas histórias, alegrias e perrengues como intercambistas. Se você também quer compartilhar como tem sido a sua nova vida desse lado do globo, basta entrar em contato com: jornalismo@edublin.com.br

Revisado por Tarcísio Junior
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