Com todas as incertezas, sejam elas sobre a economia, sejam a violência ou, até, as questões políticas do Brasil, está cada dia mais comum ver aumentar o número de pessoas saindo do país! Planejando um futuro melhor, as famílias vêm procurando em outros destinos novas oportunidades e, principalmente, uma qualidade de vida mais tranquila e justa.
Segundo dados da Receita Federal, o número de brasileiros que saíram do Brasil aumentou 165% nos últimos sete anos. Este foi o caminho da nossa leitora E, que, há dois anos, preparava-se para vir a Dublin com sua filha. No caso dela, o visto de estudante foi o principal entrave, já que na Irlanda ele não permite a inclusão de dependentes.
Questões como visto, recepção a imigrantes, clima e, até mesmo, as diferenças culturais são preocupações essenciais para quem pretende rumar para outros países com a família. É sempre muito importante colocar na balança o que é necessário para começar uma vida nova em um país diferente com os seus. Afinal, as dificuldades também acabam se multiplicando por conta do número de pessoas que vão embarcar nessa nova fase.
Tendo a Irlanda como exemplo, a resposta é nua e crua: NÃO! O visto de estudante é apenas uma concessão de residência e, entre as regras, não se permite a entrada de dependentes. Ou seja, se você tem um filho, marido ou companheiro, ele precisará entrar no país individualmente, passando pelo mesmo processo burocrático que você.
Por isso, é importante muita pesquisa, a fim de perceber qual a melhor forma e país, para quem pretende entrar no exterior com a prole. No geral, a maioria dos países na Europa que oferece oportunidades profissionais, ou seja, o visto de trabalho, permite a associação de dependentes no visto de trabalho. Mas não é regra.
Um dos fatores favoráveis para quem pretende viver em outro país, com ou sem família, é ter a cidadania do país escolhido. Isso porque, entrar no estrangeiro com direitos legais, na condição de nacional daquele país, facilitará e muito o acesso ao sistema social, profissional e todas as demais oportunidades oferecidas por aquele país.
A questão burocrática é bem reduzida e, muitas vezes, desnecessária, e o acesso de dependentes muito facilitado, já que, como cidadão, você tem o direito de trazer a sua família com você.
Ou seja, uma das medidas no processo de planejamento é pesquisar, na sua árvore genealógica, alguma possibilidade de adquirir a nacionalidade de um país estrangeiro, pois isso facilitaria muito o acesso ao referido país. O Brasil, por ter sido um país colonizado, tem em sua história a influência de vários migrantes de países como Portugal, Itália e, até, Alemanha. Descobrir uma descendência chega a ser corriqueiro. Vale pesquisar.
Escolher o destino por você, ou eleger um destino perfeito, ninguém conseguirá, já que essa é uma escolha muito subjetiva. Porém, dá sim para pesquisar as possibilidades e eleger aquela que melhor se encaixa no perfil da sua família.
Outro fator importante a considerar é conhecer os países que estão receptivos à imigração familiar. Canadá e Portugal, por exemplo, sofrem com questões demográficas, ou seja, morrem mais nacionais que nascem e, são países que facilitam a entrada de casais dispostos a procriar e se estabelecer no país.
Portugal sempre foi um dos países mais atrativos para brasileiros pela proximidade cultural, a língua e, principalmente, pelos acordos firmados entre nossos países. Recentemente, o governo Português enfatizou o interesse em tornar ainda mais viável o acesso a cidadãos da comunidade Lusófona, interessados em residir no país.
Uma das medidas adotadas pelo Governo Português, em 2018, por exemplo, foi determinar às crianças que vivam em Portugal por mais de dois anos terem direito à cidadania automática. O Pacto da Amizade também é um dos fatores que favorecem a integração de brasileiros à comunidade Portuguesa, já que ele propõe ao cidadão brasileiro ter acesso a serviços com o mesmo peso de um português.
Um dos grandes exemplos é o acesso às universidades. Enquanto boa parte dos países europeus exige uma taxa anual 2x maior para não europeus, incluindo brasileiros, em Portugal nós pagamos a mesma propina indicada aos nacionais.
No entanto, vale lembrar que Portugal não é o único país a considerar. O importante é fazer uma pesquisa aprofundada sobre quais países oferecem condições mais favoráveis para a imigração familiar.
A personalidade, idade e facilidade de adaptação do(s) seu(s) filho(s) pode influenciar muito a decisão de mudar completamente de ambiente, porque essas crianças vão crescer longe do restante da família e de conhecidos, mas terão a oportunidade de conhecer pessoas e se socializar de maneira diferente. A reação depende de muitos fatores, e conhecendo bem os membros da sua família, fica mais fácil entender se é realmente a melhor decisão, visto que não é só a sua vida que vai passar por uma mudança drástica.
Estude a língua do país escolhido. Se você e/ou sua família souber, pelo menos, o básico da língua local, a adaptação com certeza será mais simples. Chegar a um novo destino para morar sem saber se comunicar pode tornar tudo um pouco mais complicado, principalmente para encontrar um emprego e, até mesmo, para resolver pequenas burocracias. Por isso, o ideal é iniciar um curso antes de viajar ou assim que chegar. As portas se abrem quando você já fala o idioma do país.
Prepare-se para as diferenças culturais. É fato que a internet e, principalmente, as mídias sociais facilitam o acesso a outras culturas, mas nada se compara a viver como residente em um novo país.
Por último, mas não menos importante, lembrando que crianças podem influenciar muito essa jornada, esteja preparado para voltar caso algum de seus filhos não se adapte de fato ao local. Se você estiver mesmo disposto a ficar, seja compreensivo sobre os medos e desafios enfrentados. Quanto mais rapidamente você perceber o fator pelo qual a criança quer voltar para o Brasil, mais fácil será solucionar o problema!
É um processo que exige muita coragem e força de vontade. Não é fácil mudar com a família toda, mas não é impossível! Se já passou por esse processo, ou conhece alguém que encarou esse desafio, conta pra gente nos comentários.
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