Em nossos encontros mensais, o Sarau Maré apresenta um poeta ou uma poeta especial do mês, para divulgar os trabalhos que eles vêm criando pelo caminho. Na nossa quarta edição, a poeta apresentada foi Lia Santos.
“Respiro intuitivamente palavras, no meu colo versos curtos e no acaso, quebro as rimas ao meio”
A paixão pela poesia, por letras e rimas, veio cedo, como se tivesse vindo impregnado de outras vidas.
Lembro-me que eu mal sabia ler e já decorava algumas poesias, e, no final de cada aula, olhava para minha professora implorando: posso recitar?
Fiz Letras, mas sempre pensei em ser jornalista, e após lecionar por 12 anos, resolvi que era de hora experimentar outras texturas. Cheguei à ilha em 2013, lá se vão 6 anos.
Fernando Pessoa dizia : “Não tenho ambições nem desejos, ser poeta não é uma ambição minha. É minha maneira de estar sozinho.”
Eu também não, rascunho versos, daqui e dali, disfarço as dores entre um poema e outro, visto-me de poesia, quando me convém. Por vezes, habito num lugar imóvel, e outras vezes num metafórico vermelho.
Há um tempo, juntei duas grandes paixões, a poesia e a fotografia, e criei um projeto que se chama: Foco in Verso. Versos enredados em fotos, misturam por lá, as mãos do escritor com o olhar do fotógrafo, e nessas paisagens diversas, é onde rascunho.
Diz-se provinda de uma terra poderosa: a pedra Lia Fail, desde os tempos de reis, rainhas e príncipes. Ainda mantida em Hill of Tara, a pedra é considerada por alguns um símbolo da fertilidade.
Lia, nome que combina com uma poeta. Uma poeta que fertiliza versos, dá luz a sentimentos íntimos, que transforma a nudez de um corpo em algo puro e natural.
Lia é uma mescla de literata irlandesa e sensualidade brasileira. De voz cálida, fala sobre amor, partidas e chegadas.
Poético e sedutor, seu olhar transforma fotografias em palavras. Palavras que formam corpos, corpos que dançam e corpos em chamas. Chama em silêncio: o absurdo.
Fala sobre paixão e essas coisas. Coisas vindas de fábulas. Coisas sobre sereias e fadas. Coisas férteis. Coisas de poesia.
Lia é nome leve como brisa. Lia é breve como maresia. Leve e contundente como uma caneta.
Certa vez, foi vista andando pelo mundo, escrevendo coisas pelo ar usando o corpo. Ela parecia ter sentado em uma nuvem de tinta esferográfica. Se foi um acaso ou se foi um sinal, não se sabe. Mas Lia, foi apreciando algo em seu andar tranquilo. Parecia uma certeza de si tão forte quanto o peso de uma lágrima. Parecia uma onda indo e vindo no ritmo do tempo: ora no futuro, ora na beira.
Mas talvez isso tenha sido sobre o mar que lhe acena pela janela de Blackrock, ou talvez tenha sido o timbre de suas ondas sonoras, seduzindo-nos para o fundo do mar, e nos fazendo perder o fôlego por alguns segundos. Bem como fazem seus poemas, ainda que curtos.
Próxima edição do Sarau Maré acontece dia 9 de Novembro, 6-10pm. Vale lembrar que, apesar de gratuito, o evento é aberto apenas para convidados, dada a limitação do espaço. Para participar, solicite o convite no Eventbrite.
Mais informações sobre o projeto: visite a página do “Sarau Maré” no Facebook ou Instagram @saraumare.
O “Sarau Maré” criou uma campanha de crowdfunding com o objetivo de arrecadar fundos para a edição de revista bilíngue, em que serão publicados textos e poemas do grupo. Vale um clique para saber mais informações sobre a revista.
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