Elas fizeram da Irlanda sua casa, mas foram muito além disso, escolhendo o país para construir uma família. Mulheres brasileiras e mães que vivem na Irlanda passam pela experiência de ter filhos e cuidar deles na Ilha Esmeralda, uma tarefa nem sempre fácil. Elas contam suas histórias de superação, incertezas e de felicidade, tudo do jeitinho que só uma mãe pode contar.
Para celebrar o Dia das Mães brasileiro, comemorado no dia 9 de maio, o E-Dublin conversou com Karine Keogh e Luciana Machado. Elas falaram sobre os desafios diários de ser mãe na Irlanda, além de narrar o dia a dia com os filhos na quarentena.
De Taubaté, Luciana mora há 13 anos na Irlanda. Ela veio junto com o marido Emanuel para fazer intercâmbio, mas o casal nunca mais voltou a viver no Brasil. Ela disse nunca querer ser mãe, algo que o marido compartilhava.
Mas não deu certo. Com três anos morando na ilha, eles tiveram o primeiro bebê. “O plano era morar aqui, juntar dinheiro e voltar para o Brasil”, enfatiza Luciana sobre a vida antes de engravidar. Agora, Isadora, sua primeira filha, já tem nove anos. Quando ela estava com cinco, Luciana engravidou novamente e teve o Liam.
Carioca, Karine também veio à Irlanda apenas para o intercâmbio, há 14 anos. Viúva, ela deixou um filho no Brasil, o Breno, que tinha seis anos na época. O plano de voltar após seis meses de estudo na ilha foi por água abaixo quando ela conheceu Eamon, seu marido irlandês.
A cada cinco semanas ela voltava ao Brasil para visitar o filho e trouxe ele para morar na ilha quando resolveu casar.
Hoje, além de Breno, que está com 20 anos e faz astrofísica na Trinity College, Karine tem mais três meninas, Chloe, 12, Mia, 9, e Amy, 7. As duas últimas são “irish twins”. Ela explica: “Irish twins é quando as mães têm filhos um atrás do outro. Foi um termo criado nos Estados Unidos, porque as irlandesas iam para lá e tinham filho com 11 meses de diferença entre um e outro”, ressaltou.
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Sobre ser mãe na Irlanda, Luciana ressalta o fato de não existir o apoio da família, que está longe, no Brasil. “Aqui somos só nós, não tem o que fazer, tudo é você e seu marido. Minha família não veio para cá. Então eu tive filho sozinha. Não veio mãe para ajudar, sogra para ajudar, nada”, disse.
O mesmo aconteceu com Karine. “No Brasil a gente tem toda aquela ajuda e aqui na Irlanda é completamente diferente. Eu tive o privilégio de ficar oito anos junto a eles, nunca tive babá, nunca tive ajuda de ninguém, de sogra, de sogro, de mãe, de nada. Era eu mesma. Por isso, aprendi a ser mãe de verdade aqui na Irlanda”, disse, ressaltando que a família é muito democrática e o marido é muito parceiro para cuidar dos filhos e da casa.
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Luciana destaca uma rede de apoio entre famílias na ilha. “Depois de certo tempo você tem muitas amizades. A tal rede de apoio. Tenho amigas com quem posso deixar as crianças quando quero sair com meu marido”, disse.
Tanto Karine quanto Luciana destacam a Irlanda como um país voltado para as famílias. “A Irlanda é feita para a família. Os lugares são adaptados para quem tem filhos”, disse Luciana. Ela explica que no trem urbano (chamado Luas) e nos ônibus há lugares destinados para quem está viajando com os filhos, por exemplo.
“Aqui é cheio de parques, atividades, você curte realmente os filhos. Acho que essa é a maior diferença, o apoio e a estrutura.”
Com a chegada da pandemia da Covid-19 e a necessidade de a Irlanda entrar em quarentena, o desafio de ser mãe se multiplicou. Afinal, o que fazer com os filhos dentro de casa 24 horas? Luciana explica que a filha mais velha, Isadora, segue estudando de forma remota. Ela utiliza um aplicativo da escola para manter as atividades. “Ela adora, está achando o máximo fazer atividades online. Ela gosta de estudar”, disse.
Por outro lado, o filho mais novo, de três anos, não entende muito bem o que está acontecendo. “Ele me pergunta todo dia de manhã se hoje tem creche. Tento entreter ele de alguma maneira”, diz, ressaltando que, por morar perto da praia, criou uma rotina de atividades com os filhos perto do mar, onde gastam energia e se entretêm. “Acho que é mais cansativo do que quem tem filhos um pouco maiores. Nunca imaginei que estaria viva para passar por isso. É surreal.”
Já Karine vê na família maior, com os quatro filhos, uma vantagem. “Eu não tenho nenhum trabalho porque eles se entretêm, tenho uma creche dentro de casa”, brinca. O filho mais velho, Breno, tem aulas virtuais da faculdade, mas sobra tempo para ajudar as irmãs no dever de casa.
Karine ainda conta que o marido contraiu o coronavírus e acabou ficando isolado na casa dos pais. “Além de estar confinada, eu estava confinada sozinha com eles por seis semanas. Tenho que cozinhar, dar banho, e o lance mais executivo da maternidade”, disse, sem reclamar, afinal, ficar próxima dos seus filhos é um prazer.
Todo o bate-papo com Karine e Luciana está registrado na 62ª edição do E-Dublincast. Ouça agora, é só dar play:
* matéria e podcast originalmente publicados em maio de 2020
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