É clichê dizer que tudo nesta vida tem os dois lados: bom e ruim! Mas nem sempre a gente consegue enxergar como algo pode ser ruim, ou como algo pode se tornar ruim em algum momento. Só a experiência faz com que descubramos isso. Antes que eu seja apedrejado, queria dizer que o que vou contar aqui é apenas um sentimento ruim que passa e que não chega nem perto dos benefícios. Qual é, ou pode ser, o lado ruim de ir com um amigo para a Irlanda?
A minha resposta é que não existe NENHUM lado ruim nisso, entretanto, somos seres humanos e temos sentimentos, coisas que não conseguimos controlar. Quem é capaz de assumir que sente inveja? Quem é capaz de demonstrar que se sente excluído, diferente, mais fraco? São sentimentos que alguns controlam, e põe a razão acima e superam sem problemas. Outros, menos racionais, além de ter, revelam os seus sentimentos, impulsivamente, ou mesmo sem perceber, sem querer, sem maldade.
Há alguns dias estava conversando com uma amiga brasileira que está em Dublin e ela passou uma situação semelhante a minha. Assim como eu, ela foi para Dublin com uma amiga, um ótimo incentivo e conforto principalmente para o primeiro mês longe de casa.
No caso dela, a situação estava um pouco mais difícil,
2 meses haviam passado e nenhuma delas tinha conseguido emprego até que… A amiga, conseguiu um
emprego!
Compra cerveja! Estoura o champagne! Chama os amigos! Aaaaaaaeeeee minha amiga conseguiu o emprego… Parabéns, vamos celebrar!
No dia… no dia seguinte… hmmm… pouts! Caiu a ficha! EU SOU A ÚNICA DESEMPREGADA! Aaaaaaaahhhhhhh, manhêêêê! Bate aquele Leve Desespero.
De um lado, a alegria pelo amigo que consegue um emprego! Do outro, uma mistura de sentimentos: inveja? Não, que isso, eu não tenho isso! Não passou em nenhum momento que eu queria estar no lugar dela! Solidão? Não, imagina, por que? Só porque agora todos meus amigos(você só tem um ou dois) estão empregados menos eu? Só porque ela vai ficar fora trabalhando e eu vou ficar enfurnada procurando emprego? Orgulho ferido? não é só porque eu falo inglês melhor, tenho uma experiência maior que vou ficar com o orgulho ferido porque ela conseguiu emprego antes de mim… Autoflagelação? Eu nem me acho tão incompetente assim, tá bom! sou incompetente, todos conseguem menos eu… o que fiz de errado? Desespero? Não pode estar falando sério, mas de amanhã em diante não fico menos do que 12h por dia enviando currículos, até falto na escola se precisar (e falto mesmo, mas será que ajuda mesmo?)…
Não adianta negar, tudo que acontece a nosso redor nos influencia de alguma forma, principalmente quando se trata de alguém próximo. O cigarro, a comida ou a cama viram seu melhor amigo por alguns dias, por algumas horas, minutos ou segundos… cada um reage de uma forma!
Esta é uma das diferenças de ir sozinho ou “acompanhado”. Ir sozinho, é ir preparado a ficar sozinho deste o começo, desde o momento mais difícil, quando tudo é novo e aprendizado. Ir acompanhado, é a possibilidade ainda ter um porto seguro, alguém para dividir aprendizados, experiências, a solidão, a tristeza e principalmente as alegrias. O único problema é que nem sempre as alegrias são divisíveis, muito menos as tristezas!
Qual a melhor forma de lidar com isso? Rezar? Buscar semelhantes? Se concentrar nas suas forças? Cada um sabe do seu… para mim, a melhor forma, sempre é tentar transformar qualquer sentimento ruim em alguma força interior que te faça mover adiante ainda com mais ímpeto: “Se ele conseguiu, eu também posso!” Fácil? Não, não é… Mas só é vencedor quem enfrenta batalhas e supera desafios! Pegue o escudo da razão e a espada da força de vontade, e se junte àqueles que atingiram seus objetivos seja sozinho, ou sozinho em dois…
Originalmente publicado em 27/04/09.