A saúde na Irlanda é um ponto crítico que vem sendo amplamente debatido no âmbito político nos últimos anos. Com isso, a procura por profissionais qualificados, principalmente na área da enfermagem, vem crescendo significativamente chamando a atenção de estrangeiros que buscam uma oportunidade no país.
Em janeiro de 2019, uma greve nacional no setor tomou conta dos noticiários do país. Mais de 35 mil enfermeiros, cuidadores e outros profissionais da área foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho e aumento salarial.
A situação delicada faz com que cada vez mais enfermeiros nativos desistam da carreira na Irlanda, fazendo assim com que haja uma forte demanda por mão de obra internacional especializada no momento.
Se você é um desses profissionais que buscam uma chance, preparamos um guia com todos os detalhes do atual mercado de trabalho na Ilha Esmeralda na enfermagem e como conseguir uma vaga, seja no setor público, seja no privado.
De acordo com a tabela do HSE, Health Service Executive, o Sistema Público de Saúde da Irlanda, o salário anual de um enfermeiro do setor público pode variar entre 29.000 e 80.000 euros. Sua experiência, qualificações, certificados e o tipo de registro que você tem serão fatores decisivos.
No setor privado, a hora trabalhada geralmente varia entre 15 e 30 euros, dependendo das agências ou Nursing Homes. Os finais de semana e os turnos noturnos geralmente são mais bem pagos, sendo assim, mais concorridos.
Para ter uma boa noção de pretensão salarial, é uma boa ideia investigar os sites de recrutamento e agências do ramo, verificando as vagas ofertadas para os perfis que mais se aproximam com o seu. Buscadores online, por exemplo, o PayScale, também oferecem uma boa ajuda, agrupando as suas informações e, portanto, indicando a margem salarial do seu currículo.
Em uma pesquisa feita no PayScale, o salário de um enfermeiro com diploma e registro na Irlanda, com 5 anos de experiência prévia em hospital na área de cuidados básicos, fluência em inglês e português ficaria entre 27 e 40 mil euros anuais em Dublin.
Na Irlanda, até mesmo os europeus não falantes da língua inglesa precisam comprovar certa proficiência do idioma. O IELTS (International English Language Testing System) é o teste mais exigido. Lembrando que tudo depende da agência ou empresa de recrutamento para a qual você está aplicando. De qualquer maneira, uma boa forma de sair na frente de outros candidatos é priorizando o idioma.
Se você tem formação em enfermagem no Brasil e está vindo ou vivendo na Irlanda, valide o seu diploma ou certificação pelo site do NMBI – Nursing and Midwifery Board in Ireland. Lá, você vai encontrar um passo a passo para o processo, que é fundamental para obter a autorização para trabalhar na área na Ilha.
Atualmente, na Irlanda, as agências de recrutamento orientam sobre o caminho mais eficiente para encontrar uma vaga na área da enfermagem. Elas vão oferecer uma preparação para entrevistas, além de pacotes de contratação com benefícios, que incluem passagem e, até mesmo, hospedagem.
Para quem já está na Irlanda, as agências parceiras do governo também são importantes na hora de procurar sua vaga. Elas atuam recrutando profissionais para o setor da saúde, como instituições de mental care (para pessoas com necessidades especiais) e idosos.
A disponibilidade oferecida por essas agências é bem flexível, com vagas de 10h, 20h semanais, relief e outros formados. Sendo assim, estudantes estrangeiros também podem participar do processo seletivo concorrendo com os nativos.
Procure sempre também se informar sobre as condições de trabalho nos hospitais e nas casas de cuidado, sobre as escalas, perfis dos pacientes, exigências, plantões e outros detalhes. O processo seletivo geralmente é dado em etapas e pode ser longo. Logo, não vale perder tempo participando dos recrutamentos para no fim das contas descobrir que não é o perfil de trabalho em que você se encaixa.
Leia sobre todas as agências e instituições antes de se aplicar. Certamente, você vai encontrar alguma que procura um profissional como você. O LinkedIn, a rede social voltada para o mundo profissional, é muito forte aqui na Irlanda e uma das maiores fontes de busca de emprego.
Além disso, é uma ótima maneira de se conectar com os colegas de profissão, fazer networking, divulgar o seu trabalho e, quem sabe, encontrar uma vaga de trabalho. Na Irlanda, já existem grupos de enfermeiros brasileiros no Facebook, vale pesquisar e entrar para a comunidade.
A paulista Aline Lima, que praticamente caiu na Irlanda de paraquedas, é uma dessas pessoas, e pode dizer de boca cheia: sim, eu sou estudante, brasileira e consegui trabalho como enfermeira na Irlanda!
Trabalhar na área de saúde é algo que me completa. Desde cedo, sabia que essa seria a profissão que eu seguiria em minha vida. Prova disso foi que, em 2004, eu me formei como auxiliar de enfermagem e, logo em seguida, entrei para a faculdade para fazer o Bacharelado em Enfermagem. Em 2008, formei e não parei. Encarei, também, a Pós-Graduação em Docência do Ensino para Enfermeiros em 2013.
Trabalhei por 1 ano com home care e depois, por 5 anos, como funcionária pública em um programa de internação domiciliar, realizando procedimentos em domicilio para portadores de doenças crônicas. Eram pessoas que se tornavam completamente acamadas e, portanto, necessitavam de assistência, mas não necessariamente de uma internação em unidade hospitalar.
Também em 2013, entrei no ambiente hospitalar trabalhando em pronto atendimento, principalmente na sala de emergência. Após concluir a pós-graduação, comecei a ministrar aulas para estudantes do Ensino Técnico em Enfermagem, no início de 2014.
Ao retornar às salas de aula para mais duas pós-graduações, observei o quão difícil estava trabalhar em Enfermagem, com baixa oferta salarial e muitas exigências em relação a pós-graduações e vivência profissional. Tendo contato com inúmeros profissionais que já tentavam trabalhar na área e não conseguiam colocação no mercado, decidi tentar algo no exterior.
Minha primeira opção era o Canadá, por ser um país que sempre busca mão de obra e porque também tinha uma conhecida realizando intercâmbio por lá na época — inclusive, ela trabalhava em uma escola de idiomas.
Comecei a me planejar: pedir uma licença na Prefeitura, vender o meu carro para levantar o dinheiro, separar documentação para conseguir o visto, e por aí vai. No decorrer desse processo, uma amiga se juntou aos meus planos, com a proposta de realizarmos a viagem juntas.
No entanto, ela não conseguia entrar em contato com a minha conhecida, e isso gerou uma certa desconfiança com as propostas apresentadas. Certo dia, ela me ligou dizendo que tinha comprado o pacote de intercâmbio para a Irlanda e, inclusive, já havia fechado até a data de embarque.
Fiquei um pouco confusa e receosa em ter que trocar meus planos e decidir pela Irlanda, pois não sabia nada sobre o país e, muito menos, se conseguiria atingir os meus objetivos.
Por outro lado, eu estaria na Europa, e aqui existem muitos países nos quais eu poderia pesquisar mais sobre a minha profissão como área de atuação. Conversei com meus pais, orei para Deus e resolvi encarar esse desafio.
Ao receber a primeira proposta da agência de intercâmbio, eu pesei as vantagens e desvantagens. Sendo assim, decidi vir para cá. O plano inicial era de trabalhar em qualquer uma das inúmeras oportunidades dos “subempregos” que são oferecidos e estudar muito o inglês para juntar uma grana a ponto de poder pagar uma nova especialização em minha área.
Logo que cheguei, conheci um amigo que me indicou para um trabalho de caregiver, em uma das muitas empresas de Senior Care (cuidador de idosos) que existem aqui na Irlanda.
O caregiver tem por objetivo oferecer o serviço de acompanhamento para idosos que apresentam dificuldades em realizar tarefas do dia a dia, seja pela idade, seja por uma doença. O trabalho inclui ajuda para tomar banho, vestir-se, preparar uma refeição ou ir ao mercado, nos casos mais simples.
Em casos de pacientes cadeirantes ou acamados que demandam um pouco mais de auxílio, o procedimento é diferenciado e exige algumas informações técnicas. Após analisarem o meu currículo e verem as minhas qualificações, eu passei por uma entrevista e, logo em seguida, fui contratada.
Trabalho em plantões noturnos, não realizo procedimentos invasivos como no Brasil, mas os cuidados são bem parecidos com os que eu já realizava quando iniciei em Home Care. O cliente não tem necessidade de uma internação hospitalar, mas precisa de vigilância constante — ele apenas não quer deixar sua casa para ir morar em uma Nurse House, como são chamados as instituições de longa permanência aqui.
Sempre gostei de trabalhar com idosos e tenho a oportunidade de desenvolver meu conhecimento em inglês. O salário é um pouco acima do mínimo pago na Irlanda e suficiente para gastos mensais e alguns luxos.
É reconfortante trabalhar em algo com que sempre me senti confortável e ter o respeito dos meus pacientes. Outro fato curioso é que, ao trabalhar nessa área, aprendo um inglês mais técnico e direcionado à minha profissão.
Isso tem ajudado muitos amigos brazucas que precisam passar por uma consulta com um GP (General Practitioner), o nosso clínico geral, uma vez que, na Irlanda, é quase impossível marcar consulta diretamente com um especialista.
Tudo que eu imaginava, quando embarquei para a Ilha Esmeralda, foi bem diferente. Porém, deu muito certo. O intercâmbio é assim: uma aventura na qual as coisas podem mudar a qualquer momento.”
Se você pretende realizar o seu intercâmbio e atuar na sua área de formação, sugiro que procure informações desde cedo — se possível, antes mesmo de começar a fechar com a agência de intercâmbio.
É bom lembrar que muitas vezes só o reconhecimento de diplomas não é suficiente para que as portas se abram. O inglês pesa bastante por aqui, além do temido teste IELTS, que é exigido em algumas profissões. Mas o desafio está lançado. Basta, agora, você acreditar e encarar. Boa sorte!
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