Sendo o transporte público o meio de transporte mais popular entre os brasileiros que moram na Irlanda, muitos intercambistas devem se perguntar: como será o transporte na Irlanda? É realmente caro como dizem por aí? Para responder algumas dessas perguntas, convidamos o intercambista Felipe Franco para contar e comparar o sistema irlandês com o brasileiro!
Comparar a qualidade do serviço público oferecido aqui na Irlanda com o que é oferecido no Brasil é um dos assuntos preferidos entre intercambistas, que quando se reúnem em rodas de conversa costumam lembrar do tópico “transporte coletivo”. O fato é que confrontar cidades de diferentes países é sempre uma missão complicada. O tamanho da população, o próprio sistema de transporte e a situação econômica certamente influenciam no resultado final do serviço oferecido ao passageiro.
Diferenças à parte, a realidade é que sempre precisamos nos deslocar diariamente para chegar aos nossos destinos o mais rápido possível, mas que esperamos que isso ocorra sempre com segurança e que o preço cobrado seja justo.
Como somos milhares de brasileiros com um ritmo de vida muito parecido com relação ao uso do transporte público em Dublin (casa-trabalho-escola), apontar algumas diferenças entre os dois países não será tarefa difícil. Aviso que este texto não trará nenhum estudo técnico, mas avaliações de brasileiros que usavam o sistema no Brasil e atualmente fazem uso do sistema de Dublin.
Em Passo Fundo (RS), que possui 190 mil habitantes, o único transporte público de que dispomos é o ônibus, que custa R$2,60 para qualquer destino. Em Dublin o valor é definido conforme a distância percorrida. A vantagem é que estudante paga metade do preço da passagem.
Por outro lado, não há dinheiro que pague a falta de segurança durante as viagens. No Brasil, ocorrências envolvendo assaltos aos coletivos urbanos são registradas praticamente todos os dias da semana, enquanto em Dublin podemos circular sem nos preocuparmos com isso. Mas aí já entramos no terreno da segurança pública, que é outro problema sério.
Para mim, que ainda não tive uma arma apontada para a cabeça dentro do ônibus, a superlotação permanece sendo a pior parte.
Já o paulistano André Fonseca destaca o tempo de duração das suas viagens em Dublin como a grande vantagem. Segundo ele, por aqui o seu percurso diário de 20 km até o trabalho leva menos de 1 hora, enquanto no Brasil a mesma jornada não duraria menos de 3 horas, isso de ônibus.
A superlotação também é uma grande diferença para ele, que diz que “pegar ônibus lotado logo pela manhã no Brasil é uma tristeza, sem contar o cheiro ruim”.
A baiana, Raíssa Araújo, vive há seis meses na Irlanda e conta que em Salvador não existe metrô e o trem existente só atende uma parte da cidade, além de ser velho e sujo. Quanto à qualidade do serviço de ônibus em sua terra natal, ela aponta pontos negativos como preço alto e desconforto. “Já presenciei pessoas passando mal por conta do abafamento”, lembra.
Raíssa não esconde o descontentamento e segue enumerando os problemas do serviço oferecido à população. “Nunca sabemos o horário que o ônibus vai passar e, quando passa, muitas vezes o motorista simplesmente não para. Numa cidade onde a única opção é o ônibus, deveria existir um pouco mais de respeito com os cidadãos”, desabafa.
A pontualidade dos ônibus em Dublin é a principal vantagem para ela.
A National Transport Authority (NTA), responsável pelo transporte público na Irlanda, está sempre disposta a melhorar a qualidade do sistema. Em resposta a reclamações constantes de atrasos e inconsistência nos mostradores de tempo, em janeiro de 2019 foi lançada a nova rede de ônibus chamada de Go-Ahead Ireland que, a princípio contemplará nove linhas, 17, 104, 114,161,220,236,238,239 e 270, porém deve ser estendida para pelo menos 50 rotas pela capital Dublin.
O serviço surge para suprir uma demanda necessária em algumas regiões da capital onde a frequência dos ônibus era deficitária.
Sobre o funcionamento do transporte em Porto Alegre, conversamos com Mara Cecílio, que reside na Irlanda há dois anos e meio.
A gaúcha vê como uma das grandes vantagens em Dublin a frequência das linhas que reduz o tempo de espera entre um e outro, tanto entre ônibus, Dart e Luas. Garante que em 99% dos casos o passageiro viaja sentado, sem superlotação, sem empurra-empurra.
Como desvantagem, Mara considera o horário de circulação do transporte em Dublin. “Os ônibus param de circular cedo e a maioria das linhas não possui o serviço nightbus. O mesmo ocorre com o Dart e com o Luas.” Ela conta que já precisou pegar táxi não só para a volta da balada como também em função do trabalho, justamente pela ausência do transporte público nesses horários da madrugada.
Enfim, o Brasil, por ser um país de grande extensão, acaba oferecendo um serviço público de qualidade distinta entre as diferentes regiões, mas também nos dá a certeza de que ele não é satisfatório em lugar algum.
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