Com mais de 60 dias de Irlanda e sem uma proposta de trabalho concreta, preciso confessar que a dúvida começa a ocupar um lugar de destaque no meu cotidiano. Será que realmente foi uma boa ideia ter vindo para cá em busca de um emprego em TI?
Imediatamente – e pelo fato de ainda não ter conseguido a minha oferta de trabalho – a resposta mais natural seria um sonoro NÃO, mas com um olhar mais cuidado ainda afirmo que SIM: Tem valido a pena. E no texto de hoje vou contar porquê.
No meu balanço pós dois meses de prospecção em Dublin e em outros condados irlandeses, fiz networking com profissionais incríveis, recebi uma quantidade infinita de dicas, as entrevistas se tornaram uma ajuda à parte na minha busca pela fluência no inglês, a experiência de viver em um lugar totalmente diferente do que estava acostumado tem me mostrado características que eu desconhecia sobre mim – paciência, tolerância, força e muita determinação são apenas algumas delas. Ah, e descobri que posso cozinhar!
O fato de ter muitos retornos positivos das empresas nos contatos que recebo por dia, me mostraram que sou um profissional com grande potencial e, mais importante, com o perfil que o mercado irlandês tem procurado.
Com o networking, também percebi que muitos profissionais hoje estabelecidos na Irlanda na área de tecnologia e brasileiros, como eu, passaram basicamente pela mesma trajetória que estou traçando e hoje celebram crescimento profissional e a experiência internacional que tanto almejo. Tudo isso me da forças e me motiva a continuar tentando.
Este é outro fator que me faz acreditar que o risco e o alto investimento de ter mudado para Irlanda ainda está valendo a pena. Mesmo sem ter trabalhado efetivamente em uma empresa aqui, já tive a oportunidade de entender melhor as nuances que existem entre o Brasil e a Europa. Recentemente, li um artigo do Leonardo Freitas, sócio-fundador da consultoria norte-americana Hayman-Woodward, onde ele diz: “Uma experiência no exterior amplia os horizontes profissionais, culturais e pessoais”. E no meu caso, tenho vivenciado isso largamente desde que cheguei.
Segurança: Como um pai de família, esse é um fator prioritário para mim. Ter essa possibilidade de garantir que meu filho tenha uma infância com mais qualidade e mais segura já vale por todo o sacrifício até aqui.
Qualidade de Vida: Algo muito visível é observar pessoas fazendo corridas antes ou depois do trabalho, pais mais presentes na vida dos filhos, opções de lazer mais acessíveis, baixos índices de violência e, o melhor, poder viver em uma sociedade em que as pessoas se respeitam mutuamente.
Financeiro: Como sempre, não tem como não comparar o “Poder de Compra” por aqui. O salário na Irlanda parece render mais. O abismo social entre o rico e o pobre é o contrário do nosso Brasil. Com um trabalho decente, é possível conquistar os bens de consumo sem o medo de perdê-lo no dia seguinte.
Educação: Em minha experiência, tenho visto que a Irlanda é um país de pessoas muito educadas e gentis. Do motorista que te cumprimenta às pessoas que sempre agradecem pela viagem, passando pelo serviço de limpeza que vemos nas ruas. São fatores que me fazem acreditar num mundo bem melhor.
Porém, nem tudo são flores e apesar de todos esses aspectos, a dificuldade de vencer os entraves da falta de um passaporte europeu, a distância e a saudade dos familiares, são obstáculos que pesam no nosso dia a dia aqui. Não dá para negar também o altíssimo custo de vida irlandês e o alto consumo alcoólico, que acaba acometendo muitos de nós, antes meros espectadores.
O mais importante é lembrar sempre das prioridades que nos trouxeram aqui e, principalmente, ter força e determinação para superar cada etapa até a conquista desejada. Por hora, continuo na luta, na rotina de entrevistas e na esperança daquilo que me trouxe aqui: uma oferta de emprego em TI.
Até a próxima.
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