Hoje, 25 de novembro, é lembrado como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. A data remete à convocação iniciada pelo movimento feminista latinoamericano em 1981, após o assassinato das irmãs Mirabal, na República Dominicana.
É um momento para reflexão e também entendimento do que pode ser feito para que a segurança das mulheres seja efetiva e que elas deixem de ser vítimas de feminicídio, principalmente dentro de seus próprios lares.
O edublin conversou com Valeria Aquino, brasileira e que atua como oficial de integração do Immigrant Council of Ireland (Conselho dos Imigrantes na Irlanda).
Ela mostrou dados sobre a violência contra mulheres na Irlanda, além de falar sobre o projeto que coordena, o Community Navigators, com agentes que oferecem suporte exclusivo a brasileiras.
De acordo com o Annual Report da An Garda Sïochana, de 2020, os casos de violência doméstica na Irlanda tiveram um aumento de 15% em comparação com 2019.
A ONG Women’s Aid, no mesmo ano 2020, indicou um aumento de 90% nas ligações para o Women’s Aid Helpline com solicitação de interpretação em um idioma diferente do inglês em comparação com 2019.
“Esses números pintam um quadro assustador para muitas mulheres imigrantes na Irlanda”, diz Valeria.
Valeria comenta que os casos de violência doméstica vividos por mulheres imigrantes são cada vez mais complexos devido às características de alguns vistos concedidos a elas, e as barreiras de acesso aos serviços de apoio.
“Tivemos um aumento de 19% nos casos de mulheres imigrantes vítimas de violência doméstica procurando suporte dos nossos serviços neste ano”, disse.
Valeria explica que as mulheres imigrantes têm menos probabilidade de deixar relacionamentos abusivos por medo de perder seu visto devido ao fato de sua permissão de residência estar vinculada a um cônjuge abusivo.
“O estresse econômico e social causado pela pandemia de Covid, resultando em restrição de movimento e isolamento, está gerando um aumento da violência doméstica. Isso nos preocupa, pelo fato de que as vítimas imigrantes podem não ter acesso a apoio ou podem ter medo de pedir ajuda.”
O projeto Community Navigators, do Immigrant Council of Ireland, oferece informação e apoio a pessoas em situação de violência doméstica.
“A ideia é capacitar e treinar membros das comunidades imigrantes para que eles possam ser pontos de conexão entre as suas comunidades e os serviços de suporte disponíveis”, explica Valeria, coordenadora do projeto.
São seis “community navigators”, atendendo comunidades de imigrantes em 12 idiomas, incluindo uma brasileira, trabalhando exclusivamente no apoio à nossa comunidade.
Qualquer pessoa pode entrar em contato com a ONG, em português ou inglês, pelo email navigator3@immigrantcouncil.ie.
Todo o suporte oferecido é confidencial e gratuito.
Segundo o site do Cosc (The National Office for the Prevention of Domestic, Sexual and Gender-based Violence — Escritório Nacional para a Prevenção da Violência Doméstica, Sexual e de Gênero), se alguém vive atualmente com violência doméstica e deseja deixar um parceiro abusivo ou é uma sobrevivente de violência doméstica, deve fazer um plano de segurança com os seguintes passos:
Existem várias formas de contato quando há um caso de violência contra a mulher na Irlanda. Uma linha foi criada especificamente para casos de estupro ou violência: 1800 77 8888.
Além disso, o Women’s Aid também auxilia as mulheres que são vítimas de crimes. O número é 1800 341 900.
Para relatar crimes de qualquer tipo para a Garda, basta ligar para os números 112 ou 999.
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O conselho é uma ONG que atua na defesa dos direitos dos imigrantes e é também um centro jurídico independente, que oferece apoio gratuito para qualquer assunto relacionado a vistos, reunificação familiar e apoio a vítimas de tráfico de pessoas.
Valeria tem como foco trabalha em projetos que contribuam com a integração dos imigrantes na Irlanda, mas tem como foco o suporte a vitimas de racismo e discriminação e também mulheres em situação de violência doméstica.
Ela coordena os projetos Anti-Racism Support Service (Serviço de Suporte Anti-Racismo) e o Community Navigators (Navegadores Comunitários).
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