Depois de desembarcar em terras irlandesas e aproveitar as primeiras semanas para se habituar à nova rotina na cidade, para muitos estudantes, chega a hora de sair em busca de trabalho. Além de dar uma força no aprendizado do idioma, uma graninha extra no final do mês é sempre bem-vinda para ajudar nas despesas cotidianas.
Outro grande estímulo é que, se economizar um pouco, ainda é possível viajar pelo velho continente nas horas de folga. Entretanto, quando o telefone finalmente toca e, do outro lado da linha, vem o tão esperado convite para uma entrevista de emprego, o frio na barriga é inevitável.
Afinal, quem nunca sentiu aquele medo de não compreender o entrevistador, os termos técnicos da vaga em questão ou, até mesmo, de não conseguir se expressar em outro idioma?
O estudante Christian Vital conta para o E-Dublin como aproveitou o período de recesso da escola para procurar trabalho e ter a chance de praticar o inglês.
“Logo na minha primeira semana aqui, um dos meus flatmates comentou que havia uma vaga no lava-rápido onde ele trabalhava. Em seguida, enviei uma mensagem para o proprietário usando o tradutor do Google — que nessas horas ajuda muito! O conteúdo foi algo como: ‘Good Morning! My name is Christian. I’m student and have availability to work weekends in fast lave. Any question available. Thank you!’ Cerca de 15 minutos depois, ele me respondeu perguntando se eu já havia trabalhado com isso. Até pensei em responder que sempre lavava meu carro lá no Brasil, mas não seria muito elegante.”
Christian conta que, no dia seguinte, às 10h da manhã em ponto, ele estava em frente ao lava rápido. Para auxiliar na entrevista, levou no bolso frases prontas com informações básicas que poderiam fazer parte da entrevista. Assim, pelo menos, teria um certo conteúdo para iniciar a conversa.
“Como eu estava totalmente fora da zona de conforto, tive que buscar nas profundezas o pouco de inglês que eu tinha. No final, a entrevista fluiu, ele enxergou a minha dificuldade no idioma, mas achou conveniente a minha contratação. Afinal, para lavar carro não é preciso ser graduado.”
Para o estudante, o trabalho no lava rápido foi uma experiência incrível. “Para todos os clientes que chegavam eu perguntava: ‘Where are you from?’ — alguns eram simpáticos, outros nem tanto, mas meu foco era viver o inglês e levantar uma grana extra.”
Leia também: Como funciona uma entrevista de emprego na Irlanda?
A gastrônoma Ludmila Neme conta que também adotou a técnica do roteiro para uma entrevista.
“Estava em Dublin havia pouco mais de um mês e, mesmo com erros de inglês no meu currículo, me chamaram para uma entrevista em uma lanchonete de fast food. Fiz um script do que eu ia falar e anotei perguntas e respostas que imaginei que tivesse que responder — se as coisas saíssem um pouco do contexto, eu estaria perdida.”
No dia da entrevista, ela comenta que levou cerca de duas horas para criar coragem, entrar e conversar com o gerente: “Quando tentei usar o meu roteiro, percebi que seria bem difícil. O gerente tinha um sotaque terrível, de uma cidade do interior da Irlanda. Só depois descobri que ele é de Donegal. Na entrevista, ele me perguntava várias coisas e eu dizia sim ou não, mas sem entender nada. Em um certo momento, percebi que ele disse algo sobre iniciar o trabalho e horários, mas nem isso compreendi direito, só disse que sim com a cabeça e fui embora. Quando saí, me dei conta de que não tinha entendido nem mesmo a data para começar a trabalhar. Liguei para uma amiga e pedi ajuda, ela sugeriu que eu mandasse uma mensagem para ele pedindo a confirmação dos dias e horários. Deu certo.”
Ludmila trabalha na lanchonete há nove meses e hoje o tal gerente que falava difícil é seu melhor amigo na Irlanda. “Agora entendo tudo o que ele fala!”, afirma.
A dificuldade para entender o sotaque dos entrevistadores parece um consenso entre os intercambistas. Esse também foi o caso de Marcely Cabral.
Durante a entrevista para uma vaga de massoterapeuta em Dublin, ela conta que, apesar de manter um diálogo fluente com muitos estrangeiros, ela simplesmente não conseguia entender o que a entrevistadora dizia. “A todo momento eu precisava pedir para ela repetir. Até que cansei e disse: ‘Por favor, você pode tentar falar mais devagar? Estou com muita dificuldade em entender o que você está falando’. Ela foi bem gentil e repetiu as informações, mas infelizmente o emprego não rolou.”
E você? Já teve alguma experiência engraçada ou deu alguma mancada durante uma entrevista de emprego na Irlanda? Conte sua experiência pra gente!
Revisado por Irene Canadinhas
Imagens via Shutterstock
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