Você já se deparou com pessoas nas ruas da Irlanda utilizando camisetas com a mensagem “Repeal the 8th”?
Esse é um tema que tem causado polêmica na Ilha Esmeralda nos últimos meses. Na verdade, a campanha consiste em uma mudança nas leis do país no que diz respeito ao aborto, e tem o intuito de repelir a Emenda Nº VIII da constituição irlandesa.
A Emenda VIII da Constituição está em vigor desde 1983 e pode-se dizer que é a base das leis anti-aborto no país, já que garante a igualdade de direito à vida entre o feto e a gestante. A campanha Repeal the 8th prega a legalização do aborto em caso de estupro e também se o feto possui alguma anormalidade que vá comprometer o desenvolvimento da criança.
A campanha vem sendo realizada por uma coalizão de grupos pró-escolha e visa recolher assinaturas para que seja realizado um referendo para repelir a Emenda. De acordo com uma pesquisa publicada pelo jornal The Irish Times, caso um referendo seja realmente realizado, 68% dos entrevistados são favoráveis a repelir a emenda, 32% são contrários.
Caso queiram terminar uma gravidez, as irlandesas são obrigadas a se dirigirem para a Inglaterra, onde o aborto é legalizado. Entre as polêmicas está o caso de duas mulheres irlandesas que deram detalhes de suas jornadas para o aborto no Reino Unido no Twitter. Na ocasião, o ministro da saúde, Simon Harris as agradeceu por compartilharem sua história e afirmou que em breve seria realizada uma assembleia com cidadãos irlandeses para se discutir o tema. Meses mais tarde a data do Referendum foi agendada e acontece no próximo dia 25 de Maio.
Estima-se que cerca de 100 mulheres irlandesas se dirigem semanalmente à Inglaterra e País de Gales para terminarem suas gravidezes de forma segura.
Outra polêmica envolvendo o tema, foi a exclusão do mural “Repeal the 8th”, pintado pelo artista Maser, na fachada do centro cultural Project Arts Centre, no Temple Bar. Cerca de 50 pessoas reclamaram formalmente sobre o mural, e, apesar das inúmeras mensagens em apoio, a prefeitura da cidade ordenou que ele fosse retirado.
Em nosso país, o aborto também é ilegal. De acordo com a legislação brasileira, ele é permitido apenas em três situações: estupro, gravidez de risco à mulher e se o feto for anencefálico. Ao mesmo tempo, existem campanhas a favor do direito à escolha, já que o fato de ser ilegal faz com que mulheres recorram a meios alternativos e inseguros, caso decidam não seguir uma gravidez adiante.
Atualmente, o abortamento clandestino é a quinta maior causa da morte materna no Brasil. O Ministério da Saúde, em conjunto com organizações de mulheres, estima que o Brasil registre anualmente um milhão de abortos induzidos.
Já foi levantada a hipótese de um plebiscito para consultar a população sobre o tema diversas vezes, entretanto, devido ao conservadorismo de algumas alas do próprio governo, a proposta nunca seguiu adiante.
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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