Você sabe por que os seguros de carros são tão caros na Irlanda?

Vocês já devem ter escutado por aí como os carros na Irlanda são baratos e acessíveis. Porém, o que pode surpreender muita gente são os valores dos seguros. Aliás, na Irlanda, o “car insurance” tem a função de assegurar a pessoa e não o carro. Pois é!

Se o carro será dirigido por mais de um condutor, todos devem ser inseridos na apólice do seguro como “Named driver”. O que também pode interferir no valor do seguro.

A verdade é que os valores praticados pelas seguradoras irlandesas podem variar assustadoramente e, além de depender de fatores como tipo de licença, do motor, idade do carro, etc., existem outros fatores determinantes para valores tão discrepantes.

Mas, afinal como as seguradoras cotam o seguro do seu carro?

Existem alguns motivos práticos, determinantes para o valor do seguro, por exemplo:

• número de “no claims” do sinistro, que é justamente você já ter seguro e nunca ter acionado o mesmo;
• seu tipo de carteira ser Full License ou Learner Permit;
• idade;
• tipo de carro (motor, principalmente, e o ano);
• área onde você vive;
• todas os fatores que eles perguntam no cadastro, como quanto tempo de carteira, quanto tempo vive na Irlanda, se terá motorista extra, se haverá garagem, se vai trabalhar de carro, etc.

OBS: É obrigatório ter uma carteira de habilitação irlandesa para fazer um seguro veicular. A única exceção é para seguros de carros alugados.

Números crescentes de claims

O número de fraudes crescentes na Irlanda também segue como argumento das seguradoras para aplicarem valores tão altos nos seguros de carro. Só em 2017, segundo dados da Garda, mais de 60 mil claims irregulares foram investigados no país.

Como as seguradoras não querem ficar no prejuízo, essa cifra é repassada para as novas apólices.

A fraude dos carros abandonados

Agora, o motivo principal, e que pouca gente sabe, é o da FRAUDE.

Muitos falam da máfia das seguradoras, mas ninguém fala da sua arqui-inimiga, que é a máfia dos segurados.

Pois é, meus amigos, uma coisa leva a outra. Você já reparou no número de carros “abandonados” que existem na Irlanda, principalmente em Dublin?

Se ainda não, passe a prestar atenção.

Tudo bem que eles não ficam em qualquer esquina. O mais comum é encontrá-los em ruas menos movimentadas e, principalmente, nas garagens dos prédios.

Mas o que carros abandonados têm a ver com isso?

Bem, trata-se, na verdade, de um esquema!

AHHH RÁÁÁ!! E você achando que só brasileiro aplicava golpe, né?

Na verdade, ser ou não ser uma pessoa de princípios não tem nada a ver com nacionalidade, cor da pele, gênero, escolha sexual ou qualquer coisa do tipo. Simplesmente, tem a ver com suas próprias escolhas.

Ou seja, esses carros “abandonados” foram a simples ideia de seus donos em aplicar um golpe no seguro para que, com o pagamento do prêmio, pudessem comprar um carro novo. Ele dá o carro como furtado/roubado e o esconde na garagem de algum conhecido, que o deixa lá, largado.

Pode prestar atenção: na próxima vez em que for a uma garagem de prédio, garanto que, ao menos, uns dois carros abandonados estarão lá.

No meu condomínio, que abrange uns 7 blocos, tem pra mais de 15 carros nesse estado. Como a GARDA não procura carros “roubados” nesses locais, o golpe se aplica.

E quem paga por isso? Claro que somos todos nós, inocentes, e também os idiotas que aplicam o golpe, pois no próximo seguro pagam mais caro.

Então, como as seguradoras tiveram prejuízos de milhões, resolveram repassar a conta. E, hoje, precisamos pagar de 2000 a 3000 euros de seguro em um carro 2007 que custou 1500 euros, por exemplo.

E você? Tem carro? Já passou por isso? Tem alguma história pra compartilhar?

Sobre o autor:
Marcus Moraes é aquariano, já fez intercâmbio para EUA e Canadá e hoje mora na Irlanda. Super entusiasta do mundo das finanças e organiza muito bem as suas próprias economias. Se considera um investidor de perfil moderado-arrojado. Formado em Direito, autor do blog Intercâmbio & Finanças que também possui a Fanpage e canal no YouTube “Irlanda Sem Edição“.

Imagem de capa via Dreamstime
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