O E-Dublin hoje fala sobre um assunto que já foi muito polêmico na Ilha Esmeralda: o divórcio. Mas para entender melhor esse assunto, precisamos voltar um pouco no passado!
O país, que já foi cenário de conflitos religiosos seculares, ainda era contrário à legalidade da separação até pouco tempo atrás. As disputas religiosas começaram a ser registradas desde o século 10, quando São Patrício, considerado padroeiro da Irlanda, iniciou a cristianização da hoje conhecida República Irlandesa.
Após muito tempo de conflitos, novos partidos políticos e até mesmo a execução de grandes líderes irlandeses, em 1919, Eamon de Valera, um dos responsáveis pela revolta, fundou o Exército Repúblicano Irlandês, o IRA, dedicado à luta pela independência do país. Dois anos mais tarde, Londres e Irlanda assinavam um acordo para a divisão de territórios, fazendo com que o Norte da Ilha permanecesse aliado aos britânicos e o resto do país, com grande presença da religião católica, ganhasse mais independência.
A Constituição, que entrou em vigor em 29 de dezembro de 1937, é um grande marco dos anseios de Eamon de Valera, na época líder parlamentar em Dublin. O objetivo era tornar a Irlanda um país agrário e católico, com um estilo de vida pautado pela Bíblia. Esta Constituição, aprovada por um plebiscito, teve, entre suas características, a proibição do divórcio. De Valera, entretanto, evitou o estreitamento entre o país e Inglaterra e não aceitava a inclusão da Irlanda do Norte no Reino Unido. Apenas em 1949 foi proclamada a República da Irlanda, que passou a melhorar suas relações com o Reino Unido na década de 1960 e a ser parte da União Europeia a partir de 1973.
No ano de 1986, uma proposta para eliminar a proibição constitucional do divórcio foi submetida a um referendo, porém, a proposta foi rejeitada. Apenas no ano de 1995, uma emenda removeu a proibição constitucional, mantendo algumas restrições, como a necessidade do casal estar separado por pelo menos quatro anos para requerer o divórcio legal. Apesar de legalizar a separação, a Irlanda ainda possui o segundo menor índice de divórcio da União Europeia.
De acordo com o portal de notícias da Irish Central, um dos motivos que leva os casais a evitarem o divórcio pode estar relacionado com a crise imobiliária, desemprego e cortes salariais, já que tudo isso dificulta a vida independente dos irlandeses, fazendo com que a decisão seja muito bem pensada antes de efetivar o divórcio.
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