Em meu último artigo, contei sobre “Como ingressei no mercado de TI na Irlanda”. Agora é a vez de falar um pouco sobre a minha visão do mercado de tecnologia na Irlanda.
É verdade que muito se fala sobre o mercado aquecido na Irlanda, com a corrida de empresas por profissionais e as muitas oportunidades para estrangeiros, porém vale frisar que:
1. A maioria absoluta das vagas abertas no mercado são para profissionais com cidadania europeia;
2. Para as vagas restantes, aquelas que chegam aos não-europeus, pede-se perfil de especialista, ou seja, alguém com diploma universitário e 5+ anos de experiência em uma função (ou tecnologia) específica. Não adianta, por exemplo, ter 5+ anos de experiência mas sendo dividido entre 2 anos como tester, 2 anos como desenvolvedor PHP e 1 ano como desenvolvedor Java. As empresas buscando um desenvolvedor Java pedirão alguém com os “5+ anos de experiência desenvolvendo aplicações em Java”.
Sem estes requisitos, fica muito difícil conseguir um visto de trabalho para a área de TI na Irlanda. Exceções existem, mas essa é a regra geral para quem precisa de visto para trabalhar com tecnologia em Dublin ou em outras regiões do país. Tendo isso em mente, é fácil visualizar que profissionais de nível Júnior/Pleno, profissionais sem diploma de nível superior e sem passaporte europeu, dificilmente conseguirão um emprego permanente com visto de trabalho nessa área.
Uma dica valiosa para aumentar a eficiência de sua busca por oportunidades na Irlanda é focar nas empresas com histórico de patrocínio de visto de trabalho. Através do site do Departamento de Empregos, você tem acesso ao documento chamado “Companies issued with Permits 2016”, onde estão listadas todas as empresas que forneceram visto de trabalho no ano de 2016. Com a lista em mãos, envie seu currículo diretamente para essas empresas e suas chances serão bem maiores.
Vou me limitar a comentar apenas sobre as vagas para desenvolvedor de software, área em que atuo. O processo seletivo na Irlanda, no geral, é bem mais difícil e demorado do que no Brasil. Pode levar de 1 a 2 meses entre todas as fases, até se receber a resposta final da empresa.
Geralmente, quanto mais “senioridade” o cargo exigir, mais complicado e longo será o processo. O mesmo vale para o nível da empresa – as mais conceituadas e renomadas costumam ter um processo composto por diversas entrevistas e testes. Já empresas pequenas e médias, em alguns casos, a coisa pode caminhar de forma mais rápida e menos rigorosa.
Para cargos técnicos (desenvolvedores, arquitetos, DBAs, etc.), recomendo uma boa preparação para as entrevistas. Esteja pronto para responder perguntas específicas da tecnologia em que você trabalha (por exemplo, se for Java ou Python) e também para resolver problemas utilizando estruturas de dados e algoritmos. Sites como o LeetCode e HackerRank são úteis para uma boa preparação.
Muitas vezes, é pedido para resolver o problema utilizando um computador (seja remoto ou presencial). Em outras, você terá que resolver em um quadro branco, junto de 1 ou 2 engenheiros da empresa. Nessas etapas, o foco não é exatamente resolver o problema, mas verificar como você aborda a questão: se faz uma análise elaborada antes de começar a escrever a solução, se faz as checagens iniciais necessárias para evitar dados inválidos e também para verem o quão organizado é seu código e qual é seu estilo de escrita. É muito importante fazer perguntas, explicar bem o seu raciocínio e especialmente o porquê de ter optado por tal decisão.
Outras questões variam de acordo com a vaga e também área do mercado da empresa. Por exemplo, se a vaga for para uma empresa que está desenvolvendo um novo “Twitter” (ou para o próprio Twitter), você pode esperar perguntas de performance e escalabilidade de milhões de usuários. Se for para uma empresa menor, produzindo ferramentas internas com poucos usuários, dificilmente perguntarão coisas parecidas.
Em meu próximo artigo, pretendo listar as rotas que conheço para conseguir uma oportunidade na área de tecnologia na Irlanda, seja para pessoas com passaporte europeu ou não.
Fique de olho!
Sobre o autor:
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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