Voltei e agora? Recepção, cobranças, estranhezas e …

Um intercâmbio cultural passa voando e quando vemos já é hora de voltar. Porém é tempo suficiente para adquirirmos hábitos de um outro estilo de vida, pois, ficar longe do nosso país é abrir mão da convivência, da comida, dos padrões de vida, da chuva de notícias diárias, das fofocas da televisão, da política, e tudo que nos cercava antes da decisão de atravessar o Atlântico. E quando a gente volta, quanta diferença!

Durante a minha experiência (um ano e meio), uma nova Presidente foi eleita, o cenário político mudou, o país avançou, a saudade aumentou e muita, muita coisa aconteceu. Foi então que eu decidi voltar, mas como não sou boba nem nada, decidi voltar de navio para aproveitar umas praias e o solzão ardido do nosso país. Pra melhor dizer, eu e a ‘torcida do flamengo’ que morava em Dublin, como de praxe.
Pouco mais de uma semana de diversão a bordo do cruzeiro cheguei ao Brasil. E o que dizer da recepção?

Praias nordestinas, áreas turísticas, sol e verão; água de côco e ‘férias’, o que mais eu poderia esperar do que todo mundo sorrindo e cantando? Como a vida não é feita só de férias, mas também de família e amigos, chegando em São Paulo, o churrasco já estava garantido. Baladas e saidinhas, festas e mais festas. Pelos menos assim foram os planos… Porém, quando você já não é mais a novidade no pedaço, bate aquela estranheza que só vivendo pra ver.

Sabe quando ‘wherever’ você esteja você vai sentir falta de onde estava? Na Irlanda a sensação era: que saudades do Brasil, mas depois da primeira visita a sensação se inverte: Brasil – que saudades da Irlanda. Porém mesmo com tantos sentimentos se chocando, muitos são os momentos de alegrias, conversas e reencontros.

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As cobranças são diversas, desde os quilinhos a mais até a palavrinha que escapa em inglês no meio da frase. Aliás, morando em um país de língua inglesa estamos acostumados a misturar os dois idiomas, mas para quem está no Brasil, usar palavras em inglês, muitas vezes é sinal de metidez e pedantismo, ainda mais tendo morado fora do país. O meu alarme fica 24h ligado, acho válido, porque eu quero mesmo é ser feliz, aqui ou lá. Vale dizer que as perguntas: “E o inglês, como está?”, “Você gosta de lá, né?!” e “Mas babá? Não tem emprego melhor?”, são mais certas do que suas próprias certezas. Também é muito engraçado o impacto de só ouvir português, seja em casa, no shopping, nas lojas e a gente acaba sentindo falta do inglês de todos os dias.

Algo que gera certo incômodo em quem volta é que quando você realmente quer conversar sobre a vida e tudo o que você conheceu e aprendeu, poucos são os que te dão ouvidos por mais de 2 minutos. Álbum de fotos? Leve um ou dois no máximo, mais do que isso abala amizades….brincadeirinhaa!!! A verdade é que: se paciência, cada dia mais, é artigo de luxo até mesmo para contar como foi o final de semana, imagina de um intercâmbio e meio e de intensas viagens e aprendizados.
Mais uma vez é necessário ter um pouco de paciência conosco mesmos, afinal a maioria das pessoas continua na mesma rotina de vida, de família, trabalho e amigos e os diferentes, no caso, somos nós, que chegamos cheios de novas informações e querendo atenção.
Mas é isso, entre as delícias da atenção, o desespero da dúvida, as estranhezas, as cobranças, eu fico com o verãozão do Brasil – pelo menos por enquanto. Aproveitando cada dia, metade no sol, a outra no ar-condicionado, porque ser extremista não é para mim. Vou nessa, mas logo volto para contar sobre como estou colocando minha vida em ordem, sobre o Brasil e a língua inglesa, emprego e muito mais.

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Edu Giansante

Fundador e CEO do edublin, Edu chegou na Irlanda em 2008, no ano pré-crise, pegou a nevasca de 2010 e comeu cérebro de cabra em Marrakesh. O Edu também é baterista da banda Irlandesa Medz.

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